MULHERES E O EMPREENDEDORISMO

MULHERES E O EMPREENDEDORISMO

Neste mês de março, no dia 08, foi celebrado o Dia Internacional da Mulher. Apesar de a ONU designar somente o ano de 1975 como ANO INTERNACIONAL DA MULHER e a partir daquele ano determinar o dia 08 de março como do dia internacional, as lutas das mulheres por seus direitos começaram muito antes. Existem relatos de movimentos neste sentido no século XIX, mas foi no ano de 1909 que pela primeira vez foi levantado uma data para celebrar as lutas das mulheres, numa homenagem, a uma greve onde as mulheres protestaram contra as condições de trabalho no ano anterior.

Passados mais de 100 anos ainda nos deparamos com várias questões onde as mulheres são postas em segundo plano por conta de um preconceito enraizado em nossas culturas. Entretanto observamos um crescimento da sua participação no mercado, não só como colaboradoras ou políticas, mas também como empreendedoras.

Em 2015 o Instituto Global de Desenvolvimento e Empreendedorismo (numa tradução livre – GEDI em inglês) mostrou em uma pesquisa internacional que as empreendedoras que estavam trabalhando para seus negócios crescerem 50% nos próximos 5 anos e empregar no mínimo 10 pessoas havia crescido na ordem de 7%. Também mostrava que havia crescido o número de empreendedoras com alto nível de educação. Entretanto havia um decréscimo no número de empreendedoras no setor de tecnologia.

Em artigo assinado por Steve Howe, presidente emérito da Ernst & Young, ele mostra que apenas 2% das empresas americanas que são de empreendedoras possuem receita acima de $ 1mi ano. E a razão para isso é o fato de que apenas cerca de 5% de todos os investimentos de capital e apenas 3% do financiamento de capital de risco nos EUA vão para empresas chefiadas por mulheres. Só lá, se estas empresas tivessem começado com o mesmo capital dos homens, geraria mais de 6 milhões de empregos em 5 anos. É muita coisa. Imagine no mundo, onde aproximadamente 30% das empresas são geradas ou idealizadas por mulheres.

Há toda uma política não declarada de desestímulo ao empreendedorismo feminino. Podemos observar um grande número de propostas de políticas, não só públicas como do setor privado, para aumentar a diversidade de gênero nas organizações, mas mesmo assim o número de mulheres em cargos de alto escalão dentro das empresas aumentou somente 5%. E pior, somente 13% dos empreendedores acreditam que estas políticas sairão do papel.

Um outro fator que mostra a dificuldade das mulheres em relação ao empreendedorismo e a sua contratação em empresas passa pelo sexismo. Além de serem diferentemente julgadas, e com isso acabam sendo injustamente classificadas como menos competentes que os homens para os negócios, acaba sendo gerado uma discriminação onde as leva a não conseguirem encontrar um ambiente propício para desenvolver suas habilidades.

Pesquisas feitas no Brasil para identificar os principais desafios pelas empreendedoras mostraram que nos falta (e não só aqui, já que é um problema mundial) grandes referências femininas de liderança e empreendedorismo. Outro fato relacionado a pesquisa foi a dificuldade em se fazer network. Esta dificuldade está relacionada principalmente com fatores familiares que as sobrecarregam, afinal continua sendo vista como responsável pela criação dos filhos ou pela casa.

Apesar dos dados não muito animadores apresentados, há conquistas e elas devem ser comemoradas, sempre! Toda mudança começa dentro de nós mesmos. Pensando na responsabilidade e nas mudanças que precisamos fazer no mundo, a ONU criou a AGENDA 2030, que é uma série de ações para o desenvolvimento sustentável do planeta. Uma das frentes é a igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres e meninas. Para alcançar este objetivo, uma das ações é a orientação de práticas empresariais que visem o bem-estar, a proteção do meio ambiente e a eliminação da pobreza, trazendo uma melhoria de vida das pessoas. Dentro deste contexto entra a real contribuição feminina no desenvolvimento socioeconômico.

Pesquisas da McKinsey & Company, em 2015, mostram que uma maior equidade de gênero a PIB (produto interno bruto) mundial poderia crescer em US$ 12 trilhões até 2025, só no Brasil, seriam US$ 850 bilhões. Fora é claro as conquistas sociais que isso representaria, como por exemplo na saúde e na educação.

Uma outra pesquisa da International Finance Corporation (IFC) nos mostra que na América Latina Caribe a participação as mulheres como empreendedoras contribuiu para redução da extrema pobreza em 30% na região, além de serem quem mais geram empregos. Infelizmente, aqui também ficou evidenciado que 70% das empresas geridas por elas não possuem oferta de crédito adequada para o seu crescimento.

Um ponto que chama a atenção é a mudança das características da mulher empreendedora no Brasil. Se por um lado ela se via como uma multitarefa, hoje ela se vê como empreendedoras com uma visão sistêmica, com mais capacidade para tomar decisões de forma mais assertiva já que conhece melhor o cenário e a própria empresa.

Helene Meurisse, líder de projetos do IFC disse que "Fortalecer O papel da mulher como líder e empreendedora tem potencial de melhorar economias e sociedades." E não poderia estar mais certa. Não há pesquisa feita no mundo que não tem demonstrado a importância da mulher na economia mundial. Governos deveriam ver isso com olhos mais pragmáticos.

Há algumas mulheres que merecem destaque no nosso meio empresarial. Qualquer lista que não conte com a Luiza Helena Trajano não faz justiça, afinal transformou uma loja de seus tios em uma das maiores varejistas do país. Outras duas grandes fontes de inspiração são as sócias da Beleza Natural, Leila Velez e Zica Assis, onde uma atendente de lanchonete e outra doméstica criaram o primeiro instituto especializado em cabelos crespos e ondulados do Brasil.

O que temos hoje pode não ser o mais propício para as mulheres empreenderem, mas uma elas não param! Não se deixa abater pelas dificuldades e estão conquistando cada vez mais espaço. Os exemplos estão aí. Você deve ter os seus ou até mesmo ser um exemplo. Não deixe de empreender diante das dificuldades que existem, mesmo sendo maiores das que os homens enfrentam. Sucesso e gratidão.


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