MULHERES NA LIDERANÇA: OS IMPACTOS NAS EMPRESAS E NA SOCIEDADE

MULHERES NA LIDERANÇA: OS IMPACTOS NAS EMPRESAS E NA SOCIEDADE

OBJETIVO

Este artigo visa analisar como o posicionamento de mulheres em cargos de liderança impacta suas equipes, abordando desde as ocasionais dificuldades que permeiam a trajetória profissional de mulheres que almejam este objetivo, passando pelos métodos aplicados por elas na gestão de pessoas e chegando aos resultados apresentados por equipes lideradas por mulheres. Portanto, compete a este artigo nutrir seus leitores sobre a realidade das mulheres em posição de liderança nas empresas brasileiras e encorajar mudanças necessárias tanto na cultura quanto na administração das mesmas.

DESENVOLVIMENTO

O último Censo Demográfico realizado no Brasil, no ano de 2022, aponta que no país, atualmente, há seis milhões de mulheres a mais do que homens: são 98,5 milhões de homens brasileiros e 104,5 milhões de mulheres brasileiras.

Ainda assim, um levantamento realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontou que, no ano de 2019, as mulheres ganharam cerca de 77,7% dos valores pagos para os homens - sendo que em cargos de liderança, a diferença é maior: elas receberam 61,9% do rendimento em comparação.

O mesmo estudo identifica ainda que as mulheres possuem mais formação educacional que os homens. No caso de nível superior completo, o índice de homens está em cerca de 15,1%, já entre as mulheres alcança 19,4%.

Quando falamos sobre a liderança de mulheres nas empresas brasileiras, ainda é necessário contextualizar que 65,1% dos homens ocupam cargos em posições gerenciais, contra 34,9% das mulheres (IBGE, 2021). Ainda deve-se considerar que as mulheres representam a maior porcentagem no quesito de jornada dupla: de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua 2022, enquanto 79,2% dos homens realizavam afazeres domésticos no próprio domicílio ou no domicílio de um parente, a porcentagem salta para 91,3% quando trata-se de mulheres.

Apenas com este panorama, é possível observar algumas desigualdades relacionadas ao papel da mulher no mercado de trabalho: ainda que representem a maior parte da sociedade e sejam mais instruídas, as mulheres têm salários inferiores em comparação aos homens e ainda lidam mais com a jornada dupla.

Essa última questão, inclusive, foi tema da redação do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) 2023: “Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil”. Portanto, historicamente as mulheres realizam um trabalho invisível relacionado ao cuidado com terceiros - sejam filhos e filhas, cônjuges, genitores ou familiares.

Já quando falamos de estruturas organizacionais, segundo Galbraith (1977), estamos lidando com o resultado da associação entre os conceitos de escolha estratégica e organização, a fim de conectar os objetivos da empresa ao processo decisório que fundamenta a divisão do trabalho e funções na empresa.

Para Mandelli (2015), o modelo de liderança feminino é mais afetivo, caracterizado pela competência em estimular pessoas e pelo desenvolvimento em equipe. Portanto, quando trata-se sobre o trabalho realizado por elas em equipes profissionais, as características que muitas vezes minimizam as mulheres na sociedade, como a bondade, o próprio cuidado, a empatia e a humildade, são evidenciadas como qualidade de uma boa liderança, em especial o autocontrole, a organização e o relacionamento interpessoal (Querino, Domingues e Luz, 2013).

Apesar disso, as mesmas autoras observaram em sua pesquisa que há um impasse na forma como as líderes se sentem vistas por suas equipes: 40% teria um perfil inflexível e severo e 40% seria admirável e respeitável. Eagly, Johannesen e Engen (2003) já haviam comparado os estilos de liderança exercidos por homens e mulheres no início da década passada, sendo que elas aplicam mais o tipo “transformacional”, no qual, entre outras características, há maior demonstração de entusiasmo e otimismo com o futuro e, especialmente, foco no desenvolvimento dos liderados com atenção às necessidades individuais.

Dessa forma, comprova-se que as mulheres têm tanta capacidade de liderar quanto os homens e na grande maioria das vezes refletem impactos positivos em suas equipes, mesmo com todos os desafios enfrentados tanto no âmbito profissional quanto no pessoal.

Uma pesquisa realizada pela Grant Thornton (2022) mostrou a evolução da equidade de gênero das empresas brasileiras com um aumento de 25% para 38% no período compreendido entre 2019 e 2022, ou seja, período antes, durante e após a Pandemia de COVID-19, sendo que 36% dessas mulheres estavam em posição de liderança na área de Marketing. A pesquisa revelou ainda que as ações tomadas pelas empresas para melhorar a questão de equidade de gênero estavam voltadas para o equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal e/ou flexibilidade para os funcionários. Inclusive, a ONU - Organização das Nações Unidas, elaborou o ODS – Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS, 2023) que prevê a garantia da participação plena e efetiva das mulheres e igualdade de oportunidades para a liderança em todos os níveis de tomada de decisão na vida política, econômica e pública.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir dos dados apresentados, é possível concluir que apesar de as mulheres representarem a maior parte da sociedade brasileira e terem mais instrução em questão de nível escolar, elas enfrentam mais desafios na jornada profissional ao longo da vida, com salários inferiores em comparação aos homens e maior carga de jornada dupla, com afazeres domésticos e de cuidados familiares, muitas vezes invisibilizados. Ainda assim, pesquisas apontam que as mulheres têm total capacidade de exercer funções relacionadas à liderança de equipes, pois possuem características moldadas socialmente que representam um bom líder, como a empatia e a organização. Além disso, elas tendem a valorizar mais o desenvolvimento dos colaboradores, dando atenção para as necessidades de cada um e realizando um trabalho mais voltado para a transformação. Portanto, é possível comprovar o impacto que a liderança feminina exerce diante de sua capacidade de estímulo nas equipes o que, consequentemente, leva as empresas obterem melhores resultados dentro do ambiente de trabalho, preservando a saúde e garantindo a qualidade de vida dos colaboradores. O tema apresentado é relativamente complexo, pois é necessário levar em conta todo o histórico da mulher na sociedade, especialmente o recorte interseccional de raça e classe, visto que as mulheres negras e as mulheres pobres tiveram uma inserção no mercado de trabalho bem anterior às mulheres brancas e às mulheres ricas. Seria ainda necessário incluir pontos importantes, como a construção social da feminilidade, a maternidade e o preconceito (misoginia e sexismo), que permeiam a vida de uma mulher. Conclui-se, portanto, que apesar dos avanços que vem ocorrendo, ainda há um longo caminho a ser percorrido em busca da equidade de gênero, de raça e de classe no mercado de trabalho, pois os impactos são positivos para toda a sociedade. Portanto, por mais que as estatísticas sobre a equidade de gênero estejam seguindo para um lado positivo, urge às empresas incorporar novas práticas de trabalho, programas de aprendizado, culturas inclusivas, propagando o equilíbrio entre a profissional mulher e suas jornadas da vida pessoal, tornando-se, portanto, uma empresa verdadeiramente inovadora que o mercado clama.

Ricardo Barbosa

Conselheiro e Mentor de Empresas | Inovação e Estratégias de Vendas | Impulsionando o Sucesso por meio do Conhecimento

11 m

Parabéns pela conquista! 🎉

Mônica Marchett

Fundadora do Grupo Mônica | Diretora e fundadora do Instituto Vida | Especialista em genética animal | Mãe

11 m

Parabéns pelo artigo, Mayara! Pauta super importante e necessária. Apesar dos progressos realizados, é importante estarmos cientes de que a equidade de gênero nas empresas e principalmente em cargos de liderança ainda representa um desafio.

Natátia Andrade

Administrative Sales Analyst | Adm Assistant | Customer Service | Reception | Communication | Nutrition enthusiastic

11 m

Parabéns Mayara!! Que saudades de nossas aulas e da turma, de alguns profs tmb, porém de outros não kkkkkk. Excelente artigo! 👏🏻😘

Parabenize a Bruna também.

Excelente trabalho Mayara, muitos dados e bem articulado, parabéns!

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