Mulheres que Correm com os Lobos - Código M

Mulheres que Correm com os Lobos - Código M

"Apesar de duvidar, eu sempre quis tentar".

Essa foi a frase dita por Amanda Silva, uma das palestrantes do Código M, um evento do Laboratoria Brasil em parceria com o Google que reuniu mais de 200 mulheres apaixonadas por tecnologia no bairro do Recife.

Primeiro, devo parabenizar o projeto da Laboratória em si. Como uma mulher que ingressou na área de tecnologia aos 17 anos e sentiu as dificuldades de oportunidade e destaque, o programa toma a frente como um apoio mútuo de não só mulheres na área de tecnologia, mas da inovação como um todo que buscam por cada vez mais visibilidade em um mercado que vem sendo construído aos poucos. Como diria Clarissa Pinkola Estés em "Mulheres que Correm com os Lobos",

“Ser forte não significa exercitar os músculos. Significa encontrar seu próprio brilho sem fugir, vivendo ativamente com a natureza selvagem de uma maneira própria. Significa ser capaz de aprender, ser capaz de defender o que sabemos. Significa se manter e viver”.

Segundo dados da ONU, apenas 28% das pessoas que trabalham em áreas de STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) no mundo são mulheres. Esse percentual é ainda menor em áreas específicas como Engenharia e Ciências da Computação, onde a presença feminina chega a apenas 18%. No Brasil, o cenário não é muito diferente — de acordo com a pesquisa da Microsoft e da ONU Mulheres, as meninas representam menos de 30% das matrículas nos cursos de tecnologia e ciências exatas, sendo a síndrome do impostor e a falta de referências alguns dos principais fatores que contribuem para esse número baixo.

Por isso, eventos como o Código M são essenciais para desconstruir esses estigmas e mostrar que o "mundo tech" não só é para elas, mas que há um lugar necessário e significativo para cada uma nessa área.

Com isso, tivemos a introdução ao evento com o primeiro Talk "O mundo Tech é para você", com a Design Lead e mãe de trigêmeos Erika Campos, a Analista de Tecnologia Jr. no Bradesco, Iana Rodrigues, e a Computer Vision Researcher Amanda Arruda. Essas três mulheres incríveis, com a mediação da Ana Clara Canellas deram um show de bençãos e dores que a área tech traz a uma mulher.

Em âmbitos diferentes, semelhanças que se entrelaçam com a tão sofrida síndrome do impostor, desafios emocionais e a firmeza em entender qual é o seu PROPÓSITO.

"Eu sei o processo, e sei quem procurar quando não souber". Foi essa fala que a Erika finalizou o talk, e acredito que reflete muito da auto confiança trabalhada em anos de experiência, e principalmente, da construção de um ambiente coorporativo saudável.

Partindo para as oficinas, me permiti explorar ainda mais o mundo de Marketing e Comunicação a partir da Soma com Você Bruna Oliveira que trouxe uma nova experiência em Canva Go-to-market, onde montamos uma estratégia de campanha para empresas sorteadas de forma aleatória, caindo no time do Airbnb.

Trabalhamos em um modelo que mapeia as etapas do funil, desde a consciência até a fidelização, e definimos ações específicas para cada tipo de mídia – proprietária, conquistada e paga. Isso exigiu de nós uma análise detalhada dos pontos de contato e uma adaptação criativa para garantir que a mensagem fosse autêntica e impactante em cada estágio da jornada do cliente. O uso de post-its e brainstorming colaborativo permitiu que cada uma contribuísse com ideias, resultando em uma campanha coesa e com objetivos claros a partir de mulheres que não tinham nenhum vínculo anterior além da vontade e determinação em aprender e evoluir.

"O que você faria se não tivesse medo?" — Sheryl Sandberg, autora de "Faça acontecer: Mulheres, Trabalho e a Vontade de Liderar".

Essa prática trouxe um novo olhar sobre como articular estratégias de marketing que não apenas vendem, mas também comunicam propósito e valores, algo que, como Erika Campos nos lembrou no talk, faz toda a diferença em um mercado que exige autenticidade. Com isso, saí da oficina com uma nova percepção sobre a importância de estruturar uma estratégia go-to-market eficiente e o poder de uma narrativa bem construída.

No geral, o evento reforçou a necessidade de iniciativas como o Laboratoria Brasil, que buscam não só capacitar mulheres, mas também criar um ambiente de acolhimento, aprendizado e empoderamento. Em uma sociedade onde a área tecnológica ainda é majoritariamente dominada por homens, espaços como o Código M representam uma quebra de barreiras e uma abertura de portas, lembrando a todas nós que existe, sim, um lugar reservado para as mulheres na tecnologia — e que este espaço só tende a crescer.

O Laboratoria não está sozinho nessa missão. Projetos como o {reprograma} , que ensina programação para mulheres em situação de vulnerabilidade social, e o minas programam , que busca inserir mais mulheres e pessoas de gênero dissidente na tecnologia, também são exemplos de iniciativas transformadoras. Esses projetos atuam diretamente na inclusão e formação de mulheres para o mercado de tecnologia, fortalecendo a representatividade e criando redes de apoio que geram impacto na sociedade e no mercado.

Experiências como essas são fundamentais para construir um ecossistema mais diverso e inclusivo. Elas não apenas capacitam mulheres, mas também inspiram novas gerações a explorarem seu potencial, desafiando o status quo e acreditando que seus talentos e suas vozes têm um lugar de destaque na inovação e no desenvolvimento tecnológico.

Como mulher em uma área de desafios, saio dessa experiência grata pela oportunidade de ver tantas histórias de superação e aprendizado. O Código M foi um verdadeiro presente, uma celebração do poder feminino em áreas de tecnologia, marketing e inovação. E assim, encerro este artigo com um sentimento de inspiração renovada, pronta para levar adiante tudo o que aprendi e construir, junto a tantas outras mulheres incríveis, um futuro mais inclusivo e representativo.

Que venham mais eventos como este — que acolham, fortaleçam e impulsionem mulheres para que cada uma possa descobrir, sem medo, seu próprio lugar.


Quem bom que pude contribuir para ampliar o seu olha sobre as estratégias de marketing. Fico feliz! :)

Débora Vasconcellos

PhD in Sociology | Data Analyst | Power BI | SQL | Python | Analista de Dados | Researcher | Metodologia Qualitativa e Quantitativa

1 m

Foi incrível participar desse evento e ter a oportunidade de ouvir mulheres potentes falando de suas histórias.

Éverson Filipe

Agile | Inovação | Disrupção | Transformação Digital | IA | Growth | CRM & CS | CX | Design Thinking | Product Management & UX | Comunicación Intercultural - Proyecto Internacional por (@Campus b) 2024

1 m

Massa dms, Manoela Coelho !

Cleyton Esley

Fullstack Data-Centric Developer

1 m

Muito bom! Minha referencia Profissional é a Annie Easley.

Amanda Arruda

Autonomous Drone Developer @RobôCIn

1 m

Excelente artigo, Manoela! Obrigada pela menção 💞

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