Não é só uma "artezinha": O papel do design na comunicação com empregados

Sou suspeita para falar: eu amo design e já trabalhei na área fazendo logos, capas e diagramação de livros. Para mim, sempre foi óbvio que um bom design em uma peça de comunicação é tão importante quanto o texto – se é que há essa dicotomia, uma vez que textos são formas, mas deixo a discussão para os teóricos...

Quando comecei a trabalhar com comunicação corporativa e tive que lidar com profissionais de diferentes formações, vi que o assunto não era tão preto no branco.

“Quero uma arte bonita para a campanha!”, “É só uma artezinha, não deve demorar tanto”, “É só para chamar a atenção...”. Qual o comunicador corporativo que nunca ouviu tais frases? É menor a discussão de que um bom design é necessário em um anúncio publicitário, mas quando estamos falando de comunicação interna, o rigor estético acaba não sendo o mesmo da porta para dentro. Por que será?

Talvez porque internamente tudo sempre foi feito de forma caseira, porque “o público interno não precisa de artes profissionais” (e, nesse ponto, mascara a importância dos empregados como stakeholders da companhia). Ou ainda, porque “o importante é a mensagem”. E aí você se lembra das aulas teóricas da faculdade de um tal McLuhan que dizia que “o meio é a mensagem”.

Nessas horas, recordo-me do fatídico Oscar 2017, em que o filme La La Land foi anunciado como vencedor do mais importante prêmio da academia... por engano. Sim, um erro de atenção. No entanto, ao colocar o mesmo peso em ambos os elementos, o layout do cartão não ajudava muito o seu leitor.

O ponto é: design matters. A escolha tipográfica, a disposição dos elementos na página ou tela, a paleta de cores, a escolha das fotos, a diagramação, etc. E, para ter esse olhar clínico, é necessário um profissional com formação e expertise.

O design na comunicação interna

A comunicação com empregados já provou ser um diferencial competitivo e de alto valor agregado ao negócio. Por isso, é fundamental contar com um design profissional para campanhas, veículos internos e sinalização de ambientes. Não é difícil encontrar vagas de comunicação que requerem a habilidade em programas profissionais de design, como o Adobe InDesign, Illustrator e Photoshop. Então, muitas vezes, a criação de arte acaba sendo também tarefa do comunicador, principalmente em início de carreira.

Quando o profissional de comunicação ou relações públicas, além de gerenciar a comunicação na empresa, precisa também criar peças como um designer profissional (a menos que tenha sido contratado para isso), o resultado acaba deixando a desejar e gerando inúmeros retrabalhos. Afinal, se queremos que nossas campanhas tenham impacto e gere o call to action pretendido, é necessário dedicar um bom tempo no briefing e no planejamento das ações.

Quem é da área sabe que o design é apenas uma parte na criação de campanhas. Qualquer campanha, das mais simples às mais complexas, costuma envolver minimamente 4 etapas: pesquisa, planejamento, redação e design (esses dois últimos sempre juntos).

Nem sempre, porém, esse processo é evidente às outras áreas da empresa – quase nunca na verdade, rs. Então, é nosso papel como comunicadores explicar e demonstrar os benefícios estratégicos de ter profissionais especializados em cada aspecto.

Há empresas que preferem contratar designers internos e as que costumam terceirizar este trabalho. Mesmo com o apoio de um parceiro ou agência externos, ter um bom olhar para o design é fundamental para uma carreira de sucesso em comunicação corporativa, seja se especializando na área ou gerenciando designers externos.