Não espere o momento de se aposentar para criar o seu futuro
Foto: Tumisu - Pixabay

Não espere o momento de se aposentar para criar o seu futuro

Como em muitas coisas na vida, deixamos para a última hora a prospecção sobre nosso trabalho futuro. Mas imaginar a qualquer momento como gostaríamos que o futuro fosse pode ser um exercício fascinante. E recompensador.

Em conversas recentes que tive com executivos de várias organizações, um tema apareceu com frequência: a aposentadoria e as transformações que ela coloca na vida das pessoas. Inclusive ouvi muitos comentários sobre a dificuldade para se ajustar a uma vida sem os compromissos e as rotinas que marcam nossa vida profissional, como os horários, as reuniões, as viagens.

Rotinas podem ser um peso terrível

Com o passar dos anos vamos nos acomodando com as rotinas. E parece que a vida sempre foi e será assim. Racionalmente sabemos que as mudanças são inexoráveis e cada vez mais intensas e velozes. Mas parece que colocamos a racionalidade no freezer e ficamos vivendo o presente como se ele fosse eterno. Aliás, aqui cabe uma crítica à proposta de viver o presente sem se apegar ao passado e sem ficar ansioso com o futuro. Afinal “a vida é uma sucessão de agoras”, dizem alguns. Há até uma palavra nova circulando: “agorismo”. A proposta é não embarcar no “futurismo” pois, como o futuro é incerto, não vale a pena investir na tentativa de prever como ele será. Na minha opinião, há uma falha de entendimento da proposta do “agorismo”.

O futuro é de fato incerto. Muitas inovações radicais chegam a todo momento, a ponto de não conseguirmos ter ideia de como vamos viver dentro de alguns poucos anos. Então, viver o agora é não ficar repetindo as rotinas a que estamos acostumados. É viver o agora preparando os futuros que queremos. Sim, os futuros. Já que não sabemos para onde o futuro vai, então é necessário vislumbrar várias possibilidades. E sempre agir para influenciar os acontecimentos.

Memória do futuro

Gosto muito da expressão “memória do futuro”. É uma expressão contraditória. Se o futuro ainda não aconteceu, como podemos ter memória, ter lembranças dele? Imaginando como ele poderá ser. Estou lendo uma biografia do Leonardo da Vinci. É impressionante a quantidade de coisas que ele imaginou (e projetou em detalhes) que só se tornaram realidade séculos depois. Entre elas estão o escafandro e o helicóptero – e também o paraquedas. Ele até construiu o que pode ser visto como os primeiros robôs humanoides, movidos a corda. Leonardo da Vinci tinha uma imaginação desenfreada, ilimitada. Sem censura. E com isso conseguia antecipar o futuro. 

O que isto tem a ver com as pessoas que estão se preparando para aposentadoria? Elas provavelmente não investiram, ao longo dos anos, na imaginação. Não ousaram pensar em possibilidades de trabalho, de organização da vida, de produtos e serviços totalmente descolados do tempo presente, mas que poderiam satisfazer necessidades latentes das pessoas. Talvez desde sempre o ser humano tenha imaginado a possibilidade de voar, de mergulhar profundamente no oceano, de ter máquinas fazendo alguns trabalhos. Mas foram poucos os que se atreveram a pensar como estas possibilidades poderiam acontecer de fato. E detalhar projetos para criar o futuro, como Leonardo da Vinci fez. Os que estão inseguros com as mudanças que a aposentadoria vai provocar, certamente não fizeram isso.

Porque deixar para pensar imaginativamente sobre como o seu trabalho poderá ser no futuro na última hora? Porque não dedicar algum tempo para isso desde já?

Coisa de gênio?

Leonardo da Vinci foi um gênio. Em geral, as grandes e mais profundas transformações em qualquer área do conhecimento são obras de gênios ou de equipes geniais. E eles são raros. Mas cada um de nós, no nosso âmbito de vida, pode sair da rotina e pensar em diferentes possibilidades de futuro a qualquer momento. Não precisamos ficar condicionados (ou aceitar sermos condicionados) às formas de ação atuais. Podemos ser rebeldes mentalmente e ousar imaginar futuros muito diferentes da realidade que vivemos. Nas organizações, na sociedade, no mundo. E compartilharmos essas ideias “malucas” com pessoas que também tenham essa ousadia mental, imaginativa. Talvez, como líderes, possamos até estimular que mais e mais pessoas embarquem nessa jornada de fantasias sobre um futuro ideal, no qual adoraríamos viver. Nós e todos os seres vivos.

Com muitas, incontáveis possibilidades que podem ser imaginadas, nossa transição para o futuro pode ser muito mais fácil e agradável. Seja no momento da aposentadoria, seja em qualquer momento da vida. Afinal, podemos ter a memória de algo que nunca aconteceu, mas que não vai nos “pegar de surpresa”, não vai nos angustiar quando chegar. 

E aí? Você topa embarcar nessa jornada? 

Compartilhe estas ideias com as pessoas ao seu redor. Sem medo de ser ridicularizado. Afinal, gênios são incompreendidos durante muito tempo. Mas depois são reconhecidos, enaltecidos, honrados. 

Mande seus comentários. consultor@tarcisiocardieri.com.br; whatsapp 11 9 3257 7321.


Entre para ver ou adicionar um comentário

Outras pessoas também visualizaram

Conferir tópicos