Não esquece da foto!
#ParaTodosVerem a imagem mostra uma mulher fotografando, olhando através do visor da câmera fotográfica, na frente de uma parede rosa.

Não esquece da foto!

Lá vem a noiva! A foto está aí para comprovar.

E, #paratodosverem, já coloco a descrição da imagem aqui: a noiva (que não sou eu), caminha em direção ao altar, de braço dado com o pai, carregando seu buquê. A foto, de uma fotógrafa profissional, tem um detalhe: na direção do quadril da noiva, o braço de uma convidada, segurando um celular e tirando a foto do momento emocionante.

Noiva caminha em direção ao altar, de braço dado com o pai, carregando seu buquê. Na direção do quadril da noiva, o braço de uma convidada, segurando um celular e tirando a foto do momento.

Essa situação aconteceu há alguns dias, e fez com que a fotógrafa publicasse um desabafo em uma rede social. A publicação original você pode ver clicando aqui. O texto que legenda a foto diz, numa tradução livre do inglês:

“À garota com o iPhone…

Você não apenas estragou minha imagem, como também roubou esse momento do noivo, do pai da noiva e da noiva. O que exatamente você pretende fazer com essa fotografia? Honestamente. Vai imprimi-la? Salva-la? Olhar para ela todo dia? Não, você não vai. Mas minha noiva teria imprimido essa foto, olhado para ela com frequência e relembrado desse momento em que seu pai a conduziu até o altar no dia de seu casamento. Mas em vez disso, você quis tirar uma foto com seu celular, bloqueando minha visão e fazendo uma foto que não será usada.

Convidados, por favor, parem de assistir por meio de uma tela as festas de casamento das quais vocês participam. Em vez disso, desliguem seus telefones e aproveitem a cerimônia. Vocês são importantes para a noiva e o noivo, se não não teriam sido chamados. Então, por favor, me deixem fazer meu trabalho, sentem, relaxem e aproveitem esse momento único.”

Nos comentários do post da fotógrafa, alternam-se mensagens concordando com a observação (muitas de fotógrafos que sofrem com o mesmo problema) e reclamações sobre a liberdade de poder tirar a foto que quiser, na hora que bem entender. Algumas pessoas disseram que a fotógrafa poderia ter procurado um outro ângulo, outras comentaram que as melhores fotos do seu casamento (as mais divertidas e espontâneas) foram tiradas pelos convidados. Sugeriram colocar avisos de casamento offline no convite e na cerimônia, para que isso não aconteça. E algumas pessoas contaram que participaram de cerimônias livres de celular e que todos aproveitaram muito. Outros, se sentiriam ofendidos por não poder fotografar o casamento de um parente ou amigo.

Todas essas opiniões são válidas. Não existe apenas uma opção correta aqui.

Eu mesma adoro fotografar e muitas vezes me percebi prestando mais atenção ao enquadramento da imagem do que à situação que eu estava vivendo. Até que comecei a chamar a minha própria atenção e mudar esse hábito.


Foi tão bom que nem lembrei de tirar foto

Hoje em dia, tenho aproveitado mais e fotografado menos. Encontros com amigas queridas, pores do sol, paisagens lindas - essas eram imagens garantidas na minha galeria do celular. Atualmente, eu prefiro gravá-las na memória e no coração. Às vezes eu até fotografo, mas não fico com aquela sensação de que a foto é que vai mostrar que foi um momento importante.


a imagem é um gif em movimento repetitivo, que mostra uma mulher com uma câmera fotográfica na mão. Ela faz uma expressão de espanto com algo, mira a câmera e tira uma foto.

A obrigação de registrar

Você já percebeu como é comum sentirmos que precisamos fotografar todos os momentos que vivemos?

 Essa sensação faz parte da dependência da tecnologia e da necessidade constante de conexão. Não aquela conexão real, mas a que traz validação externa para os nossos sentimentos. É como se confirmássemos a nossa importância quando tiramos uma foto, mostramos para alguém (ou postamos nas redes sociais) e recebemos um feedback através de um elogio, uma opinião ou uma curtida.


Fotografou? Não? Então dançou!

Quando eu era adolescente, na época em que as fotos eram tiradas em filmes de 36 poses, em câmeras analógicas, esse era o slogan de uma propaganda de máquinas fotográficas. Em uma época em que não existia essa dependência digital, a propaganda precisava convencer as pessoas de que a foto era importante, ela provava que algo realmente tinha acontecido.

Hoje, a gente não precisa de ninguém para nos convencer que é melhor tirar a foto.

O medo maior é de ter que confiar na memória para relembrar uma situação. Tempos de atenção curta, contornada pela praticidade da câmera dentro do celular.

Pra que pensar tanto por conta de uma coisa tão simples? Mais fácil garantir as fotos, nem que seja para deixar os arquivos salvos e nunca mais rever.

E esse é um dos fatores que agrava a dependência da tecnologia. A facilidade de tirar as fotos faz com que essa seja uma ação inconsciente. Depois a gente pensa em uma justificativa bonita para mostrar que valeu a pena registar todos esses momentos em milhares de pixels.


A hora da verdade

Para saber como está o seu grau de dependência da tecnologia (só na parte relacionada às fotografias), vou deixar algumas perguntinhas pra você pensar:

  • Como você se sente se acabar a bateria do celular no meio de uma festa e não for possível tirar nenhuma foto?
  • E se você perder o celular e descobrir que não salvou nenhuma imagem na nuvem?
  • Quantas vezes você precisou deletar fotos do celular porque são tantas, que a memória não suporta mais nenhum aplicativo?
  • Quando você vai em um restaurante legal e chega um prato super bonito, a primeira coisa que você pensa, antes de mesmo de comer, é fotografar?
  • E nos encontros com amigos, você tem a sensação de que se não tiver foto, parece que nem se encontraram?
  • Quando você sai de férias ou viaja no feriado, você consegue esquecer das redes sociais, ou sempre arruma tempo para postar algumas fotos?

Não tem resposta certa para nenhuma dessas perguntas. O objetivo aqui é fazer você se questionar cada vez que sente aquela coceirinha de apertar o botão da câmera do celular.

Se você decidir fotografar, aproveite para fazer uma (e não 428) foto caprichada, prestando atenção aos detalhes, sem pressa. Depois, desliga o celular e vai aproveitar o momento!


Eu falei um pouco mais sobre dependência digital nesse artigo:


E para quem sente que precisa de um detox digital:

Imagem com o texto: #SlowGroup - uma maneira simples e direta de receber conhecimento, trocar experiências e compartilhar resultados no seu ritmo, mas com o apoio de um grupo.

Em breve vou iniciar mais um SlowGroup especial sobre detox digital, para quem sente que precisa mudar a maneira como lida com a tecnologia e com o excesso de informação. Eu vou te mostrar que é possível usar a tecnologia (e o WhatsApp) para diminuir a dependência digital. Se quiser fazer parte do próximo grupo, clica aqui para entrar na lista de espera!


***

Eu sou Cibele Castro, especialista em ajudar pessoas sobrecarregadas pelas atividades diárias, para que elas consigam encontrar tempo para viver com mais qualidade, controlando a ansiedade, através de hábitos que permitem ter resultados, sem viver na correria.

Se você quiser receber textos como este diretamente no seu e-mail, inscreva-se para receber a Slowletter neste link. Se quiser saber mais sobre Slow Life e sobre o meu trabalho, acesse meu site.

***


Márcia Raiser

Treinadora, Palestrante, Empresária

5 a

Isso ai Cibele Castro concordo com vc, precisamos estar mais presentes nos momentos e aproveita-los ao invés de conferi-los depois em nossos celulares. 

Adelane Rodrigues

Revisão Textual | Consultoria Linguística | Docência Superior

5 a

Cibele, adorei ler o seu artigo do início até a última linha. Suas palavras são sempre acolhedoras, parece que elas nos abraçam durante a leitura. De fato, fotografar vira, às vezes, uma ação inconsciente! Acho que sou controlada, gravo os momentos na memória e tiro algumas fotos para lembrar futuramente. Meses atrás, descobri que perdi quase todas as fotos da minha formatura, fiquei com umas 2 ou 3 e também já apaguei fotos no celular sem pensar nas consequências, rs. Nos dois casos, fiquei chateada comigo mesma no início, mas, agora, já passou, as memórias ainda estão guardadas. Os momentos devem, sim, ser registrados, mas concordo com você "se você decidir fotografar, aproveite para fazer uma (e não 428) foto caprichada, prestando atenção aos detalhes, sem pressa. Depois, desliga o celular e vai aproveitar o momento!".   

Sara Vac Bitu Alves

Tattoo Artist | Copywriter | Illustrator | Creative | SEO

5 a

Cibele, ótimo questionamento! Acho que o ideal sempre é procurar o equilíbrio... Eu, pessoalmente, sempre AMEI tirar fotos, desde pequena... Mas muitas vezes também me vi refém da necessidade de fotografar todos os momentos e lugares importantes... Acho que precisamos entender que não precisamos disso, que precisamos VIVER aquele momento. Mas ao mesmo tempo, não faz mal tirar uma foto pra recordar depois. Muitas vezes tiro fotos de momentos bestas simplesmente porque sei que no futuro vou ver e abrir um sorriso. 

Ana Fragoso

Empreenda Leve🍃 | Organizadora de Negócios |Mentora de Slow Marketing | Apoio Empreendedores Solo a se destacarem como Líderes de Pensamento

5 a

A atenção plena precisa estar em todos esses momentos. Amei o artigo! Li na newsletter e comecei a prestar mais atenção nos momentos de tirar as fotos... gratidão!

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