Seu corpo, “Minhas fotos”
© Mateus André

Seu corpo, “Minhas fotos”

Podemos imaginar uma cena: Em um futuro mais distante, uma mãe mostra as fotos para sua filha já adulta, que foram feitas por um fotógrafo profissional. As duas veem, sorriem e se emocionam, a filha sente saudades de um tempo que não sabia que existia, ela não está preocupada se a mãe pediu para esconder suas gordurinhas no Photoshop ou algum programa de edição de imagens, não sabe se as estrias ou pés de galinha foram eliminados, a cintura afinada e outras edições e manipulações de imagem. Ela não se importa com isso, afinal a sua mãe é a mulher mais bonita do mundo.

É preciso dar atenção as fotografias que estão sendo produzidas no presente, e que serão preservadas no futuro, digo e analiso diretamente as fotos de família, aquelas que tem a função de apresentar a “realidade”, mesmo que ela seja de certa forma moldada pelo olhar do fotógrafo e pelas fantasias dos sujeitos que estão sendo fotografados. É uma questão de estilo, seguir a fotografia dita “natural”, sendo que ao propor uma linha de trabalho deve-se recusar outras.

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A fotografia profissional é bem marcante no quesito de ideal, sendo que ao fotografar pessoas elas irão se vestir bem, estarão sorrindo e irão mostrar aquilo que querem ser, mas, tais elementos não são de origem negativa, claro que nós humanos necessitamos sonhar, e ter um registro de nossa felicidade é algo muito bom e necessário, pois a vida é cruel, as pessoas precisam de um registro gratificante de si mesmos, para que revivam na posteridade.

Pode ser que essa romantização e modificação de um corpo perfeito a luz da fotografia tem uma ligação com a intenção do problema, como de fizesse uma lobotomia não dolorosa no corpo digital. O exagero de edições é em decorrência também da neurótica cobrança da sociedade em apresentar corpos perfeitos e simétricos, mas que na verdade sempre terá uma intervenção, ou seja retoques.

Podemos analisar um ensaio de família, a diferença do comportamento da mulher e do homem, sendo que a mulher se prepara antecipadamente, com maquiagem e cabelo feito, o homem não se preocupa com isso, está lá para ser fotografado e na maior parte acompanhar sua esposa, mas ao final, enorme parte dos casos de fotografia de família é o pai que paga pelas fotos.

Suavizar ou ocultar algo que não é de natureza da pessoa fotografada, como uma espinha inconveniente que apareceu na pele dias antes da sessão fotográfica, uma picada de mosquito que pode avermelhar parte da pele, são casos que cabe a análise do profissional juntamente com seu cliente.

Quais serão as fotos que as pessoas vão ter no futuro? Fica a cargo do profissional lidar com isso, existem fotógrafos que seguem uma linha mais idealista na produção de imagem, não economizam em “Photoshop”, outros já querem apresentar um corpo o mais real possível, o segundo profissional encontrará diversas barreiras e principalmente das mulheres, sendo que o pedido de edição saem primeiramente nelas. Raramente ou quase nunca este pedido vem de um homem. É uma corrente não apenas da indústria de moda, mas sim é algo cultural esperar um corpo prefeito, principalmente da mulher. Devemos separar os elementos, pois não precisamos agradar algum editor de moda ou revista conceituada, mas sim, precisamos agradar nossos clientes e reforçar, aumentando sua autoestima e mostrando que o seu corpo é lindo, é natural.

Fonte: Fotografia DG

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