Não existe jeito certo, mas existe jeito eficiente

Se você está à procura do modelo de gestão perfeito, sinto informar, mas ele não existe. Não importa o quanto gurus, cursos e livros prometam fórmulas mágicas, nenhum modelo de gestão é universalmente perfeito. Todos têm suas vantagens e desvantagens, e o que funciona para uma empresa pode ser um desastre para outra.

Mas, se o modelo certo não existe, o que existe? A eficiência. E eficiência, na gestão, não está nos slogans motivacionais ou nas tendências do momento, mas em algo mais simples e poderoso: uma ordem clara de tarefas e responsabilidades.

Modelos de Gestão vs. Realidade

Cada novo modelo de gestão vem carregado de promessas. Agile, Lean, OKRs, gestão por competências... Todos têm seus méritos, mas nenhum deles resolve o problema mais básico de qualquer organização: a desordem interna.

• Quem faz o quê?
• Quem é responsável por cada decisão?
• Qual é o prazo e o horizonte de planejamento de cada papel?

Quando essas questões não estão claramente definidas, até mesmo o modelo mais inovador e comprovadamente eficiente será engolido pelo caos.

A Organização Requerida

Segundo sua Teoria da Estratificação Organizacional, o segredo não está no modelo, mas na clareza com que tarefas e responsabilidades são distribuídas dentro da hierarquia organizacional. Existem três princípios básicos:

1. Estrutura Hierárquica com Base em Complexidade Cognitiva: Cada pessoa tem um nível de capacidade para lidar com problemas de diferentes complexidades. A organização precisa alocar pessoas em funções compatíveis com seu nível cognitivo.
2. Definição Clara de Papéis e Responsabilidades: Não basta "delegar". Cada papel deve ter um escopo claro, com responsabilidade definida sobre decisões e resultados.
3. Horizontes de Tempo Adequados: Cada papel deve estar alinhado com o horizonte de tempo das metas e tarefas que ele exige. Um colaborador focado em tarefas diárias não pode liderar estratégias de cinco anos.

Situações reais: Problemas comuns que podem ser resolvidos

Vamos trazer isso para a realidade. Aqui estão exemplos de como a falta de clareza nas tarefas e responsabilidades gera problemas cotidianos — e como pequenas mudanças podem fazer toda a diferença:

Situação 1: Decisões que não são tomadas Uma equipe de marketing está aguardando aprovação para lançar uma campanha. Mas ninguém sabe quem tem a autoridade final: o gerente de marketing? O diretor comercial? O CEO? O resultado é atraso, frustração e oportunidades perdidas.

A solução é definir claramente que o gerente de marketing é responsável por aprovar campanhas dentro de um orçamento definido, enquanto o diretor só intervém em casos de exceção.

Situação 2: Reuniões Infinitas, Sem Conclusões Uma reunião para revisar um projeto se transforma em um campo de batalha. Todo mundo tem opiniões, mas ninguém sabe quem deve tomar a decisão final. O resultado é um projeto que não avança.

Aplicando o princípio da Organização Requerida: a responsabilidade pela decisão cabe ao líder do projeto, com apoio do time. Todos podem opinar, mas a palavra final é do responsável.

Situação 3: Sobrecarga de Líderes Um gerente de operações gasta metade do dia resolvendo problemas operacionais do chão de fábrica porque a equipe não tem autonomia para agir. Ele não tem tempo para planejar ou executar tarefas estratégicas.

Redistribuir responsabilidades. Os supervisores devem resolver problemas operacionais, enquanto o gerente foca no planejamento estratégico. Isso só é possível com clareza de papéis e autonomia bem definida.

Por que a ordem é mais importante que o modelo?

A eficiência de uma organização não vem de aderir ao "modelo do momento", mas de organizar as tarefas, responsabilidades e decisões de forma funcional e lógica. Quando isso acontece:

• A produtividade aumenta: Pessoas sabem o que precisam fazer e como contribuir.
• Conflitos diminuem: A clareza evita sobreposição de funções e disputas de autoridade.
• Decisões são tomadas mais rapidamente: Quem tem a responsabilidade sabe que é seu papel agir.

O jeito eficiente: Transforme pequenos detalhes em grandes resultados

A beleza da Organização Requerida está em sua simplicidade. Você não precisa redesenhar toda a empresa ou aderir a um modelo novo e complicado. Pequenas mudanças, como redefinir responsabilidades e ajustar a hierarquia, já geram impactos significativos.

Exemplo de Impacto: Uma empresa no setor de tecnologia redefiniu sua estrutura organizacional com base nos princípios de Jaques. Em apenas seis meses:

• A produtividade das equipes aumentou em 20%.
• O turnover caiu em 15%, porque os colaboradores entendiam melhor suas funções e responsabilidades.
• Projetos começaram a ser entregues no prazo, com menos retrabalho.

Conclusão: O que é certo para você?

O modelo perfeito pode não existir, mas o jeito eficiente está ao seu alcance. Esqueça fórmulas prontas e comece pelo básico: organizar tarefas e responsabilidades com clareza e lógica.

Sua empresa pode ser única, mas o que é universal é a necessidade de eficiência. A Organização Requerida é mais do que uma metodologia — é o alicerce para que qualquer modelo funcione.