Na era pós-boom dos streamings, qual o futuro da televisão?

Na era pós-boom dos streamings, qual o futuro da televisão?

O Impacto da Digitalização e Novas Tecnologias no Futuro da TV

À medida que a digitalização e as novas tecnologias avançam, a mídia é cada vez mais afetada por essas transformações, que ocorrem de forma unicamente veloz.

Com a acessibilidade crescente, os portais de notícias digitais substituíram a necessidade de comprar jornais e revistas, levando à possível extinção daqueles que não se adaptaram a essa mudança.

Atualmente, praticamente todos os grandes veículos de comunicação possuem versões online, ou até já nasceram nela, como os mais atuais, sendo essa a versão mais popular de consumir notícias desses informantes.

De acordo com dados do Instituto Verificador de Comunicação (IVC), a indústria jornalística enfrentou um cenário misto no ano de 2021. Enquanto a circulação de jornais impressos sofreu uma queda significativa de 13,6% em setembro, em comparação com dezembro de 2020, os jornais digitais registraram um crescimento de 6,4% no mesmo período.

Outras áreas também foram severamente impactadas pelas novas tecnologias e ideias. Por exemplo, as câmeras de filme fotográfico amador, chamadas de powershots, foram substituídas completamente pelos smartphones, sendo esses também os responsáveis por reproduzir boa parte do streaming de música global, substituindo métodos analógicos como ipods, mp3s e leitores de disco. 

Se essas transformações que centralizaram no smartphone grande parte do consumo afetaram mídias tão consolidadas, é evidente que o futuro da TV promete grandes mudanças.

Aqueles que se adiantarem podem fazer parte desse futuro e obter grandes ganhos com essas transformações. Dessa forma, vale entender melhor o que pode ser visto como o futuro da TV moderna como mídia de massa.

OTT com streaming se tornando SVOD

Embora a sigla OTT ainda não seja muito conhecida, certamente já convivemos com ela no cotidiano. E dessa forma, o OTT está intimamente ligado ao futuro da TV. Esse método de distribuição pode ser chamado popularmente de streamings, porém esse termo pode ser entendido como a técnica usada para reprodução online dos conteúdos e não do tipo em si.

OTT significa Over The Top e refere-se ao conteúdo de streaming sob demanda. Basicamente, é onde a televisão tradicional se encontra com os vídeos online. Existem várias empresas provedoras de conteúdo OTT, sendo as mais famosas a Netflix, Hulu, HBO Go e outras.

Geralmente, o usuário paga uma assinatura mensal e tem acesso a conteúdos relevantes para ele. No Brasil, o mercado de OTT já ocupa a oitava posição no mundo.

Contudo foi em 2020, a partir do isolamento social causado pela pandemia, que houve a aderência em massa dessas plataformas pela população. Vários players mundiais entraram na corrida e lançaram seus apps, como a Disney com o Disney Plus e o grupo Warner com a HBO Max.

Chegamos em 2022 e o cenário se transformou. O excesso de opções disponíveis tem frustrado os consumidores, especialmente devido à necessidade de assinar várias plataformas para assistir aos seus programas favoritos, como pode ser visto abaixo.

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Imagem: G.Lab

Nos Estados Unidos, a média é de dez serviços de streaming por assinante, considerado excessivo por 20% dos consumidores. Como resultado, 35% cancelaram pelo menos uma assinatura nos últimos 12 meses, e 26% planejam cancelar uma ou mais assinaturas em um ano.

O alto custo de assinar todas as plataformas torna o streaming comparável ou até mais caro do que os planos de TV a cabo. Algumas empresas, como Amazon, Apple e Google, lucram de forma indireta com o streaming, enquanto as que dependem exclusivamente dele precisam encontrar um equilíbrio entre lucratividade e atendimento às demandas dos consumidores, como o caso da gigante Netflix.

Visto isso, as emissoras de TV estão expandindo sua presença em diversas plataformas, aproveitando ao máximo o potencial de distribuição. Por exemplo, serviços como HBO Go, Globo Play e SBT Vídeos permitem o acesso a conteúdo previamente exibido na TV, como cenas de novelas, programas diversos e até episódios completos de séries.

As emissoras não abandonaram a estratégia da programação ao vivo, mas tornaram-na acessível em diferentes plataformas, sob demanda, para alcançar um número cada vez maior de telespectadores

Essa mudança não se limita apenas às grandes emissoras voltadas para o público em massa, mas também a empresas que se concentram em nichos específicos, como a Fish TV, que utiliza plataformas de vídeos online para ampliar a distribuição de seu conteúdo relacionado à pesca. Ou plataformas de filmes arte, cinema independente e curtas, como a MUBI e a Cardume.

A possibilidade de assistir aos programas favoritos quando quiser, em vez de depender do horário da emissora, oferece uma vantagem quase inabalável ao público. Estamos cada vez mais acostumados com a comodidade de escolher o que assistir, em qual dispositivo e quando desejar. Isso é o OTT com a tecnologia de streaming se tornando SVOD, ou seja, vídeo sob demanda por assinatura.

E isso tem tudo a ver com o papel que a tecnologia desempenha nessa transformação, pois é graças a rápida transmissão de dados da web 3.0 que foi possível esse tipo de avanço.

Dessa forma existe não só uma adaptação ao streaming como também um esforço de torná-lo transmídia e também independente, contando com uma grade de conteúdos totalmente inédita.

Um exemplo disso é o que se converteu o GloboPlay, um braço direto de conteúdo da maior e mais tradicional empresa de mídia audiovisual do Brasil. Lá é possível ver não só novelas quando e como quiser, mas também conteúdos originais com qualidade tão boa quanto e que nunca vão circular no ambiente da TV aberta.

A experiência conta, e muito

À medida que o futuro da TV avança nessa direção, a tecnologia se torna essencial para empresas e emissoras que desejam fazer parte desse movimento. Trabalhar com o online exige mais do que apenas a produção do conteúdo em si.

Aspectos como segurança, disponibilidade e funcionamento adequado são cruciais para garantir uma experiência satisfatória ao usuário, sempre pensando no multiplataforma (celular, tablet, computador e etc). O famoso UX é notadamente primordial.

Além disso, oferecer funcionalidades atrativas para os usuários é um fator decisivo em um mercado competitivo. Funcionalidades como a possibilidade de assistir a partes de uma transmissão ao vivo novamente, inserção de anúncios no meio do vídeo, captura de leads e legendas são exemplos de recursos em constante desenvolvimento para o mercado de vídeos e para o futuro da TV, deixando a experiência mais rica e dinâmica.

Um exemplo disso são as partidas de futebol que são transmitidas simultaneamente no app do GloboPlay, deixando a exclusividade da TV aberta de lado.

Há a contrapartida disso: formatos conhecidos pelo tradicionalismo televisivo migrando para o streaming, como é o caso da Netflix, que anunciou está produzindo sua primeira novela chamada Pedaço de Mim, com Juliana Paes e Vladimir Brichta no elenco.

Essa incursão da Netflix no formato de novela demonstra seu compromisso em diversificar seu conteúdo e atender às preferências do público brasileiro. O jornalismo como conhecemos na TV parece algo inerente à plataforma, sendo um caso à parte.

É certo que para a maior durabilidade do streaming como conhecemos, é necessário entender o pensamento do consumidor e criar adaptações que fazem sentido. O exemplo disso pode ser uma unificação dos streamings para tornar mais acessíveis e viáveis. Ao mesmo tempo, proporcionarão experiências que permitirão aos consumidores encontrar e acessar facilmente o conteúdo, eliminando as frustrações atuais.

Outra solução inevitável e já implementada em alguns serviços é a inserção de publicidade no conteúdo, estreitando os laços do SVOD com a televisão tradicional.

Dessa forma, embora a televisão tradicional esteja longe de desaparecer, ela está cada vez mais caminhando para um modelo que combina entretenimento, experiência do usuário, tecnologia, conforto e conveniência.

O mercado de vídeos sob demanda continua crescendo constantemente, oferecendo oportunidades para investimentos e inovações. Não existe o fim, apenas uma transformação visando evolução.


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