NA INTERNET, FALA-SE O QUE QUER, AGUENTA-SE O QUE PUDER

NA INTERNET, FALA-SE O QUE QUER, AGUENTA-SE O QUE PUDER

Este texto é controverso. Já aviso aqui, pois se não for do seu interesse dividir comigo esta contrariedade que é falar o que se pensa, não prossiga. Estamos num tempo sombrio de polarização de pensamento. Quanto mais radical tornam-se as discussões, mais difícil é o posicionamento digital. Tem gente que julga e condena os pensamentos, atos e omissões das pessoas nas redes sociais, usando de um pseudo-poder, conferido a todos pela tecla “enter”.

Vamos juntos? Muito bem. Eu tenho uma opinião sólida sobre a opinião na rede: dê, quem não concordar, que se manifeste. Eu mesmo já experimentei o fel da divergência em comentários, palavras e textões que fiz/compartilhei ou publiquei. O segredo é como lidar com isso.

Umberto Eco disse que as redes sociais deram voz aos imbecis. De fato, tem uma legião deles por aí. E esse, no meu ponto de vista, é o maior problema da intolerância digital que se abateu sobre nossas sociedades conectadas. A mesma rede que aproxima tornou-se aquele que repulsa, repele e semeia a discórdia.

Porquê? Porque não aprendemos a lidar com ela, com a opinião contrária, com o que difere de nosso ponto de vista. Quando brigamos por ideias e ideais no Facebook, no fundo somos crianças mimadas fazendo birra quando algum adulto nos tira o celular da mão, depois de horas em frente à tela do Youtube. Lembremo-nos que somos as crianças que foram formadas adultas no passado.

Todos os dias temos incontáveis exemplos de intolerância eletrônica e os efeitos delas em nosso cotidiano. Alguns, merecidamente, pois o povo também exagera. Porém, toda vez que nos manifestamos nas redes sociais, e por vezes, até de forma meio imbecil mesmo, como Eco apontou, estamos exercitando nosso direito à liberdade de expressão.

E este direito vem carregado de dever e obrigação, porque a regra número um para o convívio em sociedade é saber que nossa liberdade esbarra onde começa a do meu semelhante. Então, queridos, na hora de se posicionar na rede, vamos nos lembrar disso. Da nossa liberdade e da liberdade do próximo, do nosso semelhante. Se filtrarmos isso, estaremos com meio caminho dado para o sucesso.

Eu defendo que a opinião tem que ser dada. Quem não se posiciona não merece ser levado em conta. No entanto, parcimônia é recomendada. Sem exageros, sejamos autênticos com nossos gostos e pensamentos e posicionemos, lembrando que tudo aquilo que vai, volta. Precisamos estar preparados para lidar com quem não pensa da mesma forma e não está no degrau evolutivo que nos encontramos. Saibamos disso, sempre.

Por Marcos Aurélio Delavald

Especialista na comunicação mediada pela plataforma digital.

Imagem: Divulgação

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