Nada acontece por acaso

Nada acontece por acaso

Acredito que nada acontece por acaso, mas não acredito na ideia de destino e de que nascemos com ele já decidido. Acredito que a nossa vida é o resultado das escolhas que fazemos e que, a cada escolha, esse "destino" vai-se formando e alterando sempre da forma como tem de ser.

Quem me conhece sabe que sou uma pessoa reservada. Talvez por isso, nunca partilhei como a vida, e as minhas escolhas, me trouxeram aqui, onde estou hoje.

A forma como vim parar à empresa da qual faço hoje parte, é um capitulo da minha história que me marcou e que me faz ter orgulho na empresa onde trabalho pelos valores que defende de transparência, integridade e valorização das pessoas.

Uma empresa que quer deixar um legado em cada um, para que possa explorar o seu potencial e que tem, verdadeiramente, uma esperança inabalável na pessoa humana e naquilo que ela consegue concretizar.

Trabalhei durante muitos ano numa empresa do grupo Sonae. Em 2014 percebi que estava na altura de mudar, não conseguia ver perspectivas de evolução, estava cansada...

E fiz aquilo que, para um Touro, é completamente impensável! Deixei o meu emprego (e não, não tinha outro para onde ir) deixei a minha casa, e até mudei de cidade.

Nessa altura percebi também que estava na altura de colocar em prática um projeto que vinha a ser adiado ano após ano. Percebi que se era para mudar este era o momento de “resolver” o que estava a ser adiado, para depois poder receber verdadeiramente a mudança que eu tanto queria. E assim decidi que ia ser mãe!

Eu sei o que estão a pensar! “Bolas que pessoa fria é esta que toma uma decisão destas como se fosse uma máquina? Parece que está a decidir a lista das compras!” Mas calma, fiquem comigo que já vão perceber que não sou bem assim!

Porque é que isto tinha de ser pensado assim? E porque foi sendo adiado?

Porque eu não queria ser mãe de qualquer forma. Queria poder dedicar-me a esse papel, tal como o tinha feito com outras coisas da minha vida. E então coloquei tudo em standby e passei, naquele momento, a ser apenas a Mãe da Matilde.

E durante três anos foi isto que eu fui, foi isso que eu fiz. E fui tão feliz a fazê-lo...

Tenho memórias e uma ligação com a minha filha que acredito que apenas construí com essa dedicação e disponibilidade total. Que pena que tantas outras mulheres não tenham a possibilidade de poder fazer o mesmo...

E, quase sem dar conta, passaram mais de 2 anos. Mas um dia dei por mim a tomar consciência de que eu era apenas e só a Mãe da Matilde. Já ninguém sabia sequer o meu nome. Em qualquer lugar que tivesse costume de frequentar, eu era "a mãe da Matilde". Como se tivesse perdido a minha identidade como pessoa sabem? E esta ideia foi crescendo em mim: eu não era mais nada, nem nome próprio tinha já! Conseguem imaginar?

E nesse momento pensei, eu preciso mudar isto! Que exemplo estou a ser para a Matilde? Como é que lhe vou ensinar a importância de conquistar coisas, de ter objetivos, ser independente, que as mulheres não são apenas donas de casa e que sim, podemos ser ambiciosas sem ter de pedir desculpas?.

E comecei a procurar, investi mais uma vez em formação, fui fazer uma pós-graduação.

Queria voltar e queria voltar preparada!

Spoiler: Mesmo assim, isto não tornou o processo mais fácil e uma coisa que descobri durante todo este processo, e que só pode ser cultural porque a vivi em várias empresas e várias entrevistas:

Os nossos empresários não compreendem como as pessoas têm "pausas" profissionais.

Como é que uma pessoa está a trabalhar, é chefe de equipa numa grande empresa e de repente diz: "Para tudo que eu já não quero mais isto e também quero ser mãe, mas quero ser a tempo inteiro!"

 E como não compreendiam esta "pausa" no meu percurso, tinham dúvidas e perguntavam várias vezes: Mas porquê? como se não acreditassem que pudesse ser só isso. Mas o que é certo é que, no final, nunca era escolhida.

E isto foi-se repetindo e quando até já eu começava a colocar em causa a minha capacidade e competência, surge esta empresa, da qual hoje faço parte e da qual confesso que nunca tinha ouvido falar até então, com uma oportunidade de emprego à qual me candidatei.

E não, não fui escolhida dessa vez. Sim também aqui levei um primeiro não! (mas hoje consigo perceber que aquela não era a função para mim 😊).

Mas não sei porquê sempre senti que acabaria por trabalhar ali. Chamem-lhe intuição, enviar energia para o universo, poder da manifestação, o que quiserem!

E, passado pouco tempo, voltou a surgir nova oportunidade, uma função diferente, na qual eu tinha experiência anterior e, meus caros, agarrei aquela oportunidade com se não existisse mais nenhuma no mundo.

E posso dizer que, se eu já tinha sentido que queria trabalhar nesta empresa, todo o processo até fazer realmente parte dela fez-me ter a certeza de que esta era a Minha Empresa! Acreditou em mim (quando até já nem eu acreditava), obrigou-me a explorar todo o meu potencial, a minha garra, a minha motivação (não pensem que foi chegar e já está! exigiu determinação e trabalho).

Mas estas pessoas lidaram com todo o processo com tanta transparência que percebi logo no momento que estava perante pessoas integras e senti-me acima de tudo valorizada como pessoa. Onde outros viram um “gap” sem explicação no currículo, eles viram uma pessoa dedicada, apaixonada e capaz de fazer sacrifícios por aquilo em que acredita, ou pelo menos eu acredito que foi isso que viram😊.

Desde a minha chegada a este projeto, passaram quase 3 anos, e posso dizer que continuo a aprender coisas com estas pessoas que tão bem me receberam! E não é só a nível profissional mas de crescimento pessoal. Continuam a fazer-me sair da minha zona de conforto, a ter de fazer sempre mais e melhor.

É cultura da INOVFLOW não ficarmos agarrados aos bons resultados só porque já fizemos bem, queremos sempre mais. Somos uma empresa com 11 anos mas sempre com um espirito de startup

Li há tempos uma frase, e o autor que me desculpe porque não me recordo do seu nome, que: “aqueles que chegam mais longe não são os que gostam de metas mas os que gostam da caminhada” e é precisamente isso que sinto aqui!

E quantos profissionais podem dizer que encontraram uma Empresa em que, aquilo que está escrito naquele documento giro que todas têm com os valores e a cultura é aquilo que de fato existe e se vive no dia-a-dia?

Quando olho para trás, para a minha jornada de 39 anos posso dizer, com serenidade, que não me arrependo de nada!

Não me arrependo de me ter dedicado totalmente ao trabalho e ao meu desenvolvimento de competências antes de ser Mãe (referi que tirei também a licenciatura já a trabalhar?), porque foi isso que me permitiu poder parar e ser apenas Mãe. Não me arrependo de ter decidido que era momento de voltar ao mundo profissional porque isso me torna melhor, mais completa, mais feliz e eu quero poder ser um exemplo para a Matilde. E sobretudo não me arrependo porque foi tudo isto que me trouxe até aqui: ao que sou hoje e onde estou hoje! E é tão bom!

Susana D'Oliveira Filipe

Consultora Primavera apaixonada por pessoas

2 a

Que maravilha de texto. Texto que reflete a grandeza da alma da Graciela. É tão bom saber e sentir que há pessoas e empresas assim! A Matilde tem "sorte" em ter escolhido uma mãe assim! 💚

Ana Marques

Senior Implementation Consultant | Salsify

2 a

Parabéns pelo artigo e pela coragem de partilhares a tua experiência! Quando sentimos que pertencemos é sempre mais fácil partilharmos um pouco de nós! 😉 Beijinho grande Graciela

Vera Medronho

Consultora e Mentora Intuitiva de Marca Pessoal ◽️ Inspiro e guio pessoas a reconhecerem quem realmente são e a alinharem-se com a sua missão, deixando a sua Marca ◽️ O mundo precisa da tua Revolução

2 a

Muitos parabéns pelo artigo, Graciela Martins 😉

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