Nas finais da NBA, criadores também são protagonistas
Nem mesmo a presença no jogo 4 das finais da Conferência Oeste deixaram Merix Alexander entusiasmado. Para quem cobriu toda a temporada do Dallas, presenciar a volta da equipe à decisão da NBA após 13 anos com uma varrida seria o desfecho perfeito.
O jogo contra o Minnesota Timberwolves ainda não havia chegado ao segundo quarto quando recebi uma primeira resposta desanimada do cineasta e criador de conteúdo direto da quadra do American Airlines Center.
"I'm definitely down fam"
Pouco antes do duelo que daria uma sobrevida aos Wolves na série, ele teve seu credenciamento para as finais negado pela liga.
É provável que você e a grande comunidade da NBA desconheça Alexander. Garanto, porém, que todos os fãs e amantes do basquete foram impactados pela produção com ares cinematográficos feita pelo criador há dois meses.
Foi ele quem incorporou plástica e arte ao vídeo mais visto da temporada regular. Logo, sua recriação também explodiu nas redes sociais.
TOP FIVE MOST-VIEWED PLAYS:
O lance em que Luka Doncic atirou-se ao chão para roubar a bola e passá-la imediatamente a Kyrie Irving, que fez um alley-oop para a enterrada brutal de Derrick Jones Jr, acumulou 250 milhões de visualizações.
Em seu remix, Alexander, seguindo o padrão de suas produções, colocou a jogada em slow motion sob o sonzaço "Everyday Hustle", de Future, Metro Boomin e Rick Ross. A releitura tornou-se o clipe de basquete mais viral já feito por um criador, sendo vista por 75 milhões de pessoas.
Às vésperas da final contra o Boston Celtics, o vídeo está sendo resgatado pelos fãs do Dallas em uma espécie de ritual que simboliza a aura mágica fluida a partir da química entre Doncic e Irving e suportada por coadjuvantes talentosos que desafiarão o quinteto mais eficiente da liga.
Para apresentar a NBA Finals, que tem início nesta quinta às 21h30, optei por contar a história de personagens que não estão dentro das quadras, mas promovem entretenimento no mesmo nível dos protagonistas dos Mavs e Celtics.
Hoje, reproduzo a breve conversa que tive com Alexander nos últimos dias por meio de troca de mensagens via X/Twitter. Mostro como é o trabalho de um criador independente em dias de jogos e quais permissões são dadas, além de mensurar qual foi o impacto da recriação em sua carreira.
Você também entenderá como a NBA compila todos os conteúdos gerados pelos fãs nas redes sociais para entrar nas conversas e ampliar seu alcance.
Ao longo da série - acredito que teremos um Jogo 7- apresentarei Gage Duchon, o jovem prodígio produtor de vídeo do Celtics que faz os conteúdos mais surreais que a NBA provavelmente já viu.
A narrativa das finais não se limita somente à Doncic & Kyrie x J. Tatum & J. Brown. Na era em que fãs almejam criar com seu IP favorito como forma de consumo, entender como eles tornam-se parte da cadeia de produção e distribuição é vital, especialmente para uma liga que é obcecada em descobrir novas maneiras de envolver-se genuinamente com seu público.
NA LIGA QUE INCENTIVA ATLETAS A TORNAREM-SE INFLUENCIADORES, A MARCA REGISTRADA DO CRIADOR INDEPENDENTE É UM DIFERENCIAL
Um dia antes da final, Merix Alexander escolheu um clássico step back de Luka Doncic em um dos confrontos contra o OKC para postar em seu instagram. Ao som de "Over My Dead Body", de Drake, a jogada em câmera lenta não só exalta o maior ídolo do Dallas e o próximo rosto da NBA, como também relembra um dos obstáculos eliminados pela equipe de Jason Kid para chegar até a decisão.
Além de jogadores dos Mavs, o feed de Alexander exibe vídeos e fotos de outros nomes da liga como Victor Wembanyama e até da recém chegada à WNBA Angel Reese.
Em dias de jogos, o acesso do cineasta à America Airlines Arena é permitido mediante a uma condição: ele só pode fazer imagens fechadas nos atletas.
"Tecnicamente", explicou Alexander, a propriedade intelectual deste material pertence à NBA. Em caso de sucesso nas redes, as produções independentes rendem prestígio, e não algum tipo de remuneração direta:
"Conexões, negócio, e o mais importante: relações."
No caso de Alexander, o estouro do vídeo do alley-oop para Derrick Jones Jr colocou o criador definitivamente no radar dos fãs e do ecossistema de mídia no entorno da NBA.
Durante a temporada, ele ganhou 110 mil novos seguidores no Instagram, além de firmar parcerias com perfis de fãs do Dallas, e ter fotos compartilhadas em post collab com a Slam, uma das principais plataformas dedicada à cobertura de basquete.
No momento em que a liga incentiva até seus atletas a criarem, a assinatura de Alexander identificada pelo padrão de uma edição apoiada por recursos de câmera lenta e trilhas sonoras de rap e hip hop é o selo de diferenciação em meio ao conteúdo infinito.
Recentemente, a NBA Equity, o braço de investimento de liga, ampliou sua parceria com a Greenfly, participando da rodada de US$ 14 milhões levantada pela empresa que coleta e distribui os ativos de mídia para jogos da NBA, WNBA, Junior NBA e G League desde 2018.
Imediatamente após as partidas, todos os vídeos e imagens feitos pelos profissionais em quadra e produzidos pelos fãs nas arquibancadas são disponibilizados para cerca de 11.000 jogadores, equipes, emissoras e parceiros comerciais da liga.
"Quando um jogo termina e um jogador vai para o vestiário e pega seu telefone, ele vê uma notificação da Greenfly dizendo que o conteúdo daquele jogo está disponível. Quando abrem o aplicativo, eles têm as fotos do jogo e os destaques para usar em suas contas", explicou Bob Carney, vice-presidente sênior de conteúdo digital e social, em artigo publicado pelo Digiday em 19 de abril.
Em busca constante para ampliar o alcance, a liga vê os destaques e as filmagens fora da quadra como prioridades.
Além de estimular que seus atletas repostem os conteúdos, a NBA proporciona um benefício direto ao reduzir os custos de licenciamento.
"Sem o acesso à NBA, as marcas que ativam precisariam licenciar imagens de fornecedores como a Getty. Isso se torna um ponto de grande valor nos contratos", avaliou Amelia Dabell, diretora de planejamento digital da Fuse, uma agência do Omnicom Media Group voltada para esportes.
Para não ser atropelada pelos algoritmos que impulsionam as redes sociais, a NBA também tem o seu próprio Shazam para vídeos. Em parceria com a Videocites, uma startup israelense, a liga identifica organicamente criadores influentes que não estão nas grandes plataformas de mídias esportivas, como Merix Alexander.
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No ano passado, quando contei sobre essa colaboração, o conteúdo gerado pelo usuário identificado pela ferramenta havia subido rapidamente de 10-15% para 25%.
“Muitas vezes temos uma visão de quem são esses principais editores, mas não sabemos quem é o próximo, quem está surgindo e quem está chegando”, disse Kevin Esteves, vice-presidente de estratégia de conteúdo digital da NBA, ao Sports Business Journal.
O controle assumido pelos apps sociais sobre a cultura, fandom e escuta ativa reforça a necessidade de detentores de direitos entenderem a propriedade intelectual (IP) como uma plataforma.
Em tempos de mídia fragmentada, a nova geração de fãs que cria como forma de consumo puxa a transição de uma década pautada pela distribuição para a era da criação, determinando um novo momento para a economia criativa. E a NBA parece estar bem atenta a esse movimento.
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Novos números do tráfego do YouTube para o embate Kendrick Lamar x Drake incita debate sobre recompensação para conteúdo gerado pelo fandom. Quem acaba de entrar nesta conversa é o TikTok com seu recurso que permite com que artistas compartilhem vídeos produzidos por fãs. O controle assumido pelos apps sociais sobre a cultura reforça a necessidade de detentores de direitos entenderem a propriedade intelectual como uma plataforma
Após quase dois meses de ataques ilimitados, Kendrick Lamar e Drake removeram as cláusulas de direitos autorais dos diss, que lideram com folga boa parte das paradas musicais nas plataformas de streaming e vídeos. O precedente aberto provoca uma reflexão pertinente sobre incluir os fãs no ecossistema de remuneração, considerando o atual cenário de mídia fragmentado e sustentado cada vez mais por cocriações independentes a partir de conteúdos virais
Momentos culturais gerados no primeiro fim de semana da edição de 2024 são recontados pelos fãs a partir da remixagem de conteúdo transmitido ao vivo, porém sem permissão para uso. As regras circundantes aos direitos revelam como os detentores travam qualquer comercialização de reinterpretação da propriedade intelectual, brecando uma boa oportunidade de monetização para o próprio festival e os artistas envolvidos
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