A necessidade de se definir profissionalmente e a imposição de ser apenas uma coisa, quando somos tantas.
Ao decidir começar uma nova faculdade, ouvi de uma amiga querida: "você vai conseguir se sair bem e vai se encontrar"; Ela disse isso me dando apoio pela nova escolha e me admirando por ter coragem de começar uma segunda graduação aos 28 anos de idade, porém esse comentário me causou certo incômodo, incômodo esse que já tem crescido em mim há algum tempo; o que me incomodou nas suas palavras foi o seguinte: eu não estou perdida. Já estive, quando acreditava saber exatamente qual era o cargo que eu queria e em que empresa; Estava perdida porque aquilo não era um sonho para mim, era um sonho de status, de reconhecimento, era um sonho que servia só ao meu ego e a vontade de ser reconhecida e admirada.
As pessoas têm muita dificuldade de compreender que o mundo mudou, novas profissões surgiram e surgem todos os dias e, principalmente, que cada um de nós pode criar uma profissão, que não está catalogada em nenhum sindicato. Eu me formei em design pela PUC-Rio, se pudesse voltar no tempo faria exatamente a mesma faculdade e na mesma instituição, o design é versátil, proporciona um mundo de possibilidade, me capacitou para desenvolver um projeto do zero. Sou uma criativa: ilustro, crio material gráfico, aplico design thinking em tudo que faço; No meio da minha caminhada me descobri apaixonada pela universo da alimentação vegana, mais tarde pela alimentação viva e crua, decidi abrir meu próprio negócio, cozinhei, aceitei encomendas, fiz feiras, abri um delivery, montei uma consultoria para restaurantes, desenvolvi workshops, escrevi e-books e apostilas e no meio dessas experiências eu entendi que o que gosto de criar conteúdo relacionados alimentação e a práticas naturais de auto-cuidado e harmonia com o meio-ambiente. Tenho duas marcas, uma que gera conteúdo online e produz workshops e palestras e outra que está quase pronta para chegar as mãos do público, através da venda de produtos.
Decidi começar uma faculdade de nutrição para me proporcionar conhecimentos mais amplos e legitimar aquilo que já faço. Para muita gente eu vou mudar de área ou então não dei certo como designer e vou começar de novo, enquanto alguns me observam sem entender que direção sigo, eu insisto em ver sentido e conexão em tudo o que faço. Curiosamente, na faculdade de design havia uma matéria eletiva em que se praticava alimentação viva e se investigava as cores, os odores, os sabores e as informações contidas nas frutas, hortaliças e sementes.
Liberdade para criar e ampliar conhecimento são dois conceitos coerentes com o que acredito, talvez seja um pouco surpreendente uma nutricionista designer, mas eu só consigo pensar nos tão altos vôos que todo esse conhecimento poderá me proporcionar. Tudo está conectado, nada existe de forma isolada, tudo é interdependente, então porque me castrar de mergulhar mais fundo naquilo que me estimula tanto a ponto de eu virar uma noite inteira estudando sobre, sem ver o tempo passar?!
E você, o que tem vontade de fazer mas é paralisado por um rótulo profissional? É possível ser focado sem se limitar, não tema!