Negócios que só são viáveis por atenderem mal!
Será?
Certo dia, antes de uma reunião em um café na região da Paulista, uma das outras 2 pessoas se propôs a descer para trazer bebidas para todos.
Ele volta depois de uma certa demora, estranha pois não havia muita gente. Explicou com alguns detalhes que a atendente cometeu alguns equívocos, trocando pedidos e errando nas entregas, sendo essa a razão da demora.Pediu desculpas em seguida.
Numa rápida reflexão, comentei que uma dos fatores da viabilidade daquele e de outros tantos negócios que dependem de atendimento pouco qualificado, era o fato dos atendentes serem mesmo pouco qualificados.
Simples: Pessoas com pouco estudo 'custam pouco'. Se tivessem mais qualificações, custariam mais caro, e talvez isso inviabilizasse o negócio.
A crueldade do sistema é tal, que em última análise, é interessante que pessoas sem acesso a educação assim permaneçam, para continuarem 'baratas'.
No século passado, o Japão veio buscar desse lado do Pacífico essa mão de obra barata, (os Dekasseguis, contratados para trabalhar naquele país - "Deru"Sair e "Kasegu" para trabalhar). Isso porque o japonês médio não se dispunha a prestar serviços básicos, como em linhas e montagem, na coleta de lixo e outros, pois estes saíam da escola para cargos mais elevados já de início.
Os Japoneses vieram buscar aqui no Brasil pessoas dispostas a arriscar. Ganhando mais do que conseguiria por aqui almejando voltar com dinheiro.
A falta de base escolar sólida nos fez fornecedores de ' commodities intelectuais' desta vez. Exatamente o inverso do Japão de 50 anos atrás.
Com a obscena carga tributária do Brasil e as leis trabalhistas, produtos ficam caros e só fazem perder a qualidade como compensação, além da consequente perda da competitividade. O circulo vicioso exige então, que a mão de obra permaneça barata, então a escola não é prioridade... Capisce?
Isso seria a introdução a um tratado sobre a Capitalismo no Brasil. Só que não.
Em face do cenário, empresas bem sucedidas investem em treinamento, colhendo mais produtividade com os mesmos salários, colhendo retorno do investimento também com melhora na imagem de marca e etc.
A Coreia do Sul há mais de 20 anos investiu como gente grande em educação em todos os níveis.
Na época a renda per capita era a metade da Brasileira. Hoje, adivinha só! É quase 4 vezes a nossa.
Viva o Brasil, que vive de vender commodities por falta de produtos com valor agregado. Até o futebol exporta matéria prima...Triste.
Se começássemos hoje com o exemplo da Coréia, talvez cheguemos lá em 50 anos. Passando claro por outras dezenas de reformas. Começando pela cultural. Atenda bem. Faz bem!
Ricardo Eskenazi