A nobre arte de cultivar fontes
“Jornalista não sobrevive sem fonte”. Ouvi essa frase ainda no banco da universidade, lá no final dos anos 1990. Mas, vem cá, “como fazer fonte?”. Essa pergunta a faculdade nunca me respondeu. Na verdade, é o tipo de questão que a vida profissional e a experiência que vão te trazer as respostas. Não há fórmula secreta. Mas, sim, existem alguns caminhos e indicações.
Fonte é uma relação de confiança. Você confia na fonte, que ela irá te passar informação correta, e a fonte confia em você, que irá ser fiel ao que ela te contou. Ah, importante, consulte sempre mais de uma fonte - se possível, mais de duas até - antes de publicar algo.
Sempre gostei de fazer fontes mais lado B. Claro que pessoas com cargo de maior influência são ótimas fontes e são elas quem mais têm informação. Mas em todo ecossistema existem pessoas que circundam esses seres mais influentes e pouco são percebidos. O motorista, por exemplo, é ótima fonte. Quantas e quantas conversas ocorrem dentro de carros e o motorista ouve tudo? Porteiros, seguranças, garçons, recepcionistas... Valorize essas fontes. Elas têm ouvidos.
Saiba detectar quem gosta de ser fonte. Sim, essa figura existe. É aquele cara que acorda de manhã, abre o jornal, vê a capa com a notícia que ele passou, vira para o lado e, ainda que mentalmente, diz “sabe quem passou esse furo? eu!”. Ele tem um fundinho de orgulho de ser o cara importante que transmitiu a informação exclusiva ao jornalista. Quando você descobrir essa pessoa será meio caminho andado para conquistar mais uma fonte.
Preserve suas fontes. Isso é muito importante. Não as exponha e não corra o risco que sejam descobertas. Cultive suas fontes. Ligue para elas, trate bem, conheça as alegrias e as dores, pergunte da família, seja empático e generoso.
Abri esse texto pensando se eu contava ou não um bastidor, quase uma inconfidência. Mas se estamos aqui até agora é para contar, né? Preservando o anonimato, obviamente.
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Eu, quando era repórter esportivo, cultivei uma fonte com remédio para disfunção erétil. Sim, remédio para disfunção erétil! Eu cobria um time de futebol e ia todos os dias ao centro de treinamento desse mesmo clube. Um conselheiro influente, que adorava ser fonte e tinha muita informação de bastidor, se aproximou de mim numa viagem. Ele me contou que tinha começado a "tomar o azulzinho” e que a vida dele tinha mudado desde então. Já devia ter passado dos 80 e poucos anos na época e fiquei imaginando a nova vida que ele redescobriu com o avanço da medicina.
Pois bem. No jornal que eu trabalhava, um prestador de serviço tinha um primo que era funcionário de uma empresa farmacêutica que fabricava um desses remédios. Vira e mexe ele chegava à redação com sacolas de amostra grátis. Liguei o lé com o cré, comecei a guardar uns remedinhos desses e, de vez em quando, ao encontrar o conselheiro influente nos treinos ou viagens, eu dava uns comprimidos de brinde para ele. Ganhei para sempre!
Agora você, colega jornalista, me conte um pouco sobre:
🔎 como você lida com a relação com fontes?
🔎 já fez alguma extravagância para cultivar uma fonte?
🔎 qual o teu limite para ter e manter uma fonte?
Sec. Executivo da Lei de Incentivo RN + Esporte e Lazer - / SEL/RN - Prof. Educação Física CREF - Esp. Adm/Marketing Esportivo UGF/RJ - Empreendedor Social Esportivo @HandebolClube_RN - Organizo Corridas de Rua pelo RN.
9 m@ge
Jornalista l Conteúdo l Comunicação Corporativa l Relações Públicas
9 mBoa história, Zeleta! 🤣
Corporate Communications Professional | Author, "A Gôndola Vermelha" (romance) | Politician
9 mNão consigo parar de rir do “azulzinho” 😂