Até o texto-Frankenstein do seu colega é um aprendizado
(Crédito da imagem: Reprodução/jornal A União)

Até o texto-Frankenstein do seu colega é um aprendizado

Você tem o hábito de buscar aprender com seus colegas de profissão? Pensei nisso enquanto estava acompanhando o escândalo recente envolvendo dois ministérios do Governo Federal e li algumas notas oficiais sobre o tema.

Sempre que acompanho o noticiário e tem alguma nota oficial divulgada, vou lá conferir: forma e conteúdo. Quero não apenas me atualizar, mas também ver como o tema foi abordado pelos colegas. Se for uma tentativa de “apagar incêndio” em momento de crise, melhor ainda. Sempre aprendo.

Conferir o que nossos colegas de profissão produzem é sempre uma oportunidade de crescimento e reflexão. Posso concordar com o formato de uma nota oficial, posso achar estranho, posso pensar que faria diferente, posso imaginar que poderia ser menor e mais clara. E até posso relembrar que já fiz notas piores.

Sim, quem atua ou já atuou em assessoria de comunicação bem sabe que aquela nota redondinha (talvez perfeita) que você redige, às vezes se transforma em um verdadeiro Frankenstein, tantos foram os pedaços de textos colados aqui e ali por alguém acima de você. Talvez seja difícil de acreditar, para quem não é da área, mas, em algum momento da vida, sempre haverá um texto-Frankenstein a atormentar um assessor de imprensa.

É isto mesmo: antes de ser divulgada, uma nota oficial geralmente é validada por alguma instância superior e, nesse processo, o texto original pode ficar totalmente diferente. Você vai argumentar, claro, explicando por A + B porque deveria ser menor, mais claro etc., ou porque não se deve tocar em determinado assunto, mas nem sempre dá certo.

Também por isso, é comum que aquela nota-textão enviada a um veículo de comunicação, especialmente TV ou rádio, nunca seja divulgada na íntegra, pois ficou muito grande. Nesses casos, ainda se corre o risco de que o trecho escolhido por algum repórter, produtor ou editor não represente bem o que sua instituição queria dizer...

Quando acompanho uma situação de crise externa, também fico atenta ao tempo de produção do comunicado à imprensa. E aí relembro algo que considero essencial: tão logo você esteja a par de todas as informações necessárias, elabore a nota, valide e envie para os jornalistas. Afinal, é importante reduzir o tempo para eventuais especulações nas redes sociais e na mídia.

Como comentei logo no início do texto, o que nossos colegas fazem é sempre um norte: para o bem ou para o mal. E digo isso sem problema algum! Afinal, atire o primeiro teclado quem nunca cometeu algum erro no dia a dia da comunicação.

A gente aprende com nossos erros e com nossos acertos, é fato! E meus pares estão sempre me ensinando. Felizmente, na maioria das vezes, meus amigos, colegas e conhecidos me ensinam pela expertise, pois dominam muito o que fazem. Que bom! E você, também tem o costume de aprender com seu irmão, sua irmã de profissão?

***

Para quem gosta de ler sobre situações de crise envolvendo a comunicação, indico a leitura do livro Gestão de Crises e Comunicação, de João José Forni. Publicado pela editora Atlas, a obra não é das mais baratas, mas vale o investimento!

(Texto publicado originalmente no jornal A União, edição de 15 de setembro de 2024)

Heranir Fernandes de Oliveira

Comunicador do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba

3 m

Gerenciar crise é se antever, eliminar ou diminuir impactos que de alguma forma vão atingir determinada instituição. Muitas vezes, nós jornalistas/comunicadores orientamos os gestores para o melhor caminho a tomar, mas as vezes, isso esbarra nas esferas superiores equivocadas.

Entre para ver ou adicionar um comentário

Outros artigos de Angélica Lúcio

Outras pessoas também visualizaram

Conferir tópicos