Noh News #29
Oi! Aqui é Ana, a CEO e fundadora da Noh. A cada quinze dias escrevo esse email sobre a Noh, os bastidores de como estamos construindo a nossa empresa, e/ou sobre qualquer coisa que me der na telha. Esse é o de hoje.
Começamos a Noh pelo caminho mais difícil. Isso sempre foi uma decisão e valor aqui dentro, simplesmente porque começar pelo caminho fácil te afasta do aprendizado e da inovação. Hoje eu vou falar um pouco sobre qual foi nossa estratégia construindo o produto e a empresa e como seguimos daqui pra frente.
Se você trabalha com tecnologia, já sabe que a um produto digital (site ou app) é maleável. Ele vai pra onde você quiser que ele vá, eu digo que é como se fosse um infinito origami que vai se desdobrando pra onde você abrir. Comento sobre isso, porque comecei minha carreira trabalhando com moda, e foi minha primeira realização ao migrar pra área de tecnologia, em 2011.
Apesar do processo de desenvolvimento de uma roupa ser bem parecido com o processo de desenvolvimento de um produto digital (descoberta, apostas, provas e testes, definição de requisitos, compra de matéria prima, produção e etc), uma roupa não é tão maleável assim. Um app é. Na minha humilde opinião, é isso que separa o universo do mundo físico do digital: o físico pressupõe certos requisitos que não são tão moldáveis assim (por exemplo:, uma calça precisa ter duas pernas, uma camiseta precisa ter abertura no pescoço), enquanto o produto de tecnologia pode se desdobrar com fluidez pra onde quisermos levá-lo. Isso significa muito mais possibilidades, mas isso significa também que precisamos ser muito mais criteriosos na hora de priorizar por qual caminho começamos, e o que vem em seguida, e depois, e depois...
De todos os caminhos possíveis, começamos pelo mais difícil. O problema que a Noh resolve é claro: é muito difícil pagar por uma conta compartilhada quando os dinheiros estão separados. E é óbvio que, ao pensar em como resolver isso com a tecnologia, ficou claro que existiam mil caminhos para seguirmos. Quero dizer, não era óbvio... não é uma calça que precisa ter duas pernas. Existem, literalmente, milhares de formas de resolver esse problema - e eu sei porque cada brasileiro hoje resolve isso de um jeito.
Bom, voltando ao fio da meada. A gente sabia que lançar um cartão compartilhado para resolver esse problema seria muuuuito mais difícil do que simplesmente lançar um apps de divisão de contas, como vários que já existem na gringa e ainda são pouco difundidos por aqui (por ex, Splitwise ou Tricount). Pra ter um cartão, você precisa abrir uma conta, e pra abrir uma conta você precisa passar por um fluxo de antifraude, e pra fazer tudo isso você precisa querer muito testar essa nova tecnologia. Pra te entregar esse cartão compartilhado, preciso emiti-lo, ter logística, ter embalagem e, principalmente, ter a tecnologia da divisão de contas embutida nele.
Então porque, você vai me perguntar, começamos pelo cartão, ao invés de começar por um app de divisão de contas, que não teria nenhum desses passos acima?
Porque a nossa visão de como inovar é ao redor do aprendizado. Quanto mais rápido a gente aprende, mais rápido, e com mais assertividade, inovamos. Repito: começar pelo fácil é fácil, principalmente se esse 'fácil' já existe ou já foi comprovado. Mas, não traz uma curva de aprendizado muito rápida, justamente porque já existe. Começar pelo difícil e dar sua cara a tapa para uma tecnologia de pagamentos nunca antes vista, ter que explicar um produto que, dada sua disrupção, não é intuitivo, e ter que ter muita clareza do comportamento humano que queremos remodelar é o 'difícil' que está nos permitindo aprender na velocidade da luz.
E porque o 'difícil' acelera o aprendizado? Bom, justamente porque se é difícil, é porque nunca foi feito. E, se nunca foi feito, as reações das pessoas ao se depararem com uma novidade são riquíssimas. Amem ou odeiem, as primeiras pessoas a adotar a tecnologia (early adopters) são atraídas por inovações tecnologias, e o feedback dessas pessoas é o MAIOR presente que qualquer empreendedor pode querer, porque vem cheio das reações sinceras e espontâneas. As primeiras pessoas que usaram o cartão compartilhado (Noh) tem o perfil muito parecido com as primeiras pessoas que aceitaram entrar no carro de um completo estranho pela primeira vez (Uber), as primeiras pessoas que aceitaram emprestar suas casas pra desconhecidos dormirem (AirBnb), as primeiras pessoas que aceitaram pedir pizza por um app (iFood)... É um perfil de pessoas extremamente abertas a inovação, que adoram desvendar novas tecnologias, que são corajosas, aventureiras e arriscadas, e se jogam num universo novo em troca da adrenalina de viver uma coisa nunca antes vivida.
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Essa pessoa é você, que tá lendo esse texto, e que se aventurou no app da Noh e já está usando seu cartão compartilhado. São vocês que nos ensinaram tanto sobre o uso do nosso app, do nosso cartão, e que nos permitiram continuar inovando e criando melhorias nessa experiencia no últimos 16 meses. Hoje, eu digo que, graças aos nossos early adopters, construímos e aprendemos em cima do 'difícil'.
E agora, o que acontece? Agora que já construímos e aprimoramos o 'difícil', e disruptamos o mercado de meio de pagamentos de forma como há muito não se via, vamos pro 'fácil'. Vamos pro fácil porque estamos seguros de que temos infraestrutura robusta e proprietária, que temos um produto inovador, testado e validado por 16 meses, porque somos um time que entendeu para o que veio, e é ambicioso pra querer sempre mais, e porque estamos prontos pra receber pessoas que não necessariamente sejam early adopters.
Quer saber o que eu tô chamando de 'fácil'? É a versão da Noh Manual. Funciona, basicamente, como esses apps de divisão de despesas: você digita a despesa e nós calculamos a divisão e vamos triangulando as dívidas entre pessoas. É super simples de usar, não requer nenhuma complexidade de abertura de conta nem de abastecimento de saldo (porque não requer a movimentação de dinheiro em si, é apenas o registro). É fácil. O nosso fácil veio depois do difícil.
E agora, que venha a próxima leva de usuários. Estamos prontos pra vocês. Inclusive você que ainda não tinha se convencido a usar o nosso cartão e ainda usa um desses apps que mencionei, pode vir!! Estamos te esperando :)
Quero saber o que você achou, e como você trabalha: começando pelo fácil ou pelo difícil? Me conta.
Beijos, usem e divulguem a Noh, e qualquer coisa me escrevam.
AZ
PS. Vou mandar um beijo gigante pra minha leitora preferida e assídua, que, no caso, é minha sogra Cecília que sempre me dá ótimos feedbacks! Com amor