A nossa utilidade: um dia ela chegará ao fim.


Um momento importante na vida de qualquer pessoa é conseguir identificar o fim de sua “utilidade” quer seja no campo pessoal ou profissional. Vejo profissionais frustrados, bravos com o seu empregador porque este o “descartou”, não o julga mais útil. Logo ele que sempre se doou pela empresa, sempre esteve lá todos os dias nos últimos tantos anos, sacrificando em muitos momentos sua vida pessoal.

Ora, trabalhar é uma troca. Eu trabalho, cumpro minhas metas, trabalho para melhorar os processos e, consequentemente, a empresa me paga o meu salário, tiro minhas férias, recebo a participação nos lucros, 13º salário e todos meus demais direitos.

Na vida pessoal também é a mesma coisa. Criamos os filhos, lhes damos ensinamento, educação, boa criação e, quando menos percebemos, eles voam, vão embora. Quão ingratos são estes nossos filhos, não é mesmo?

Nada disso. Não há ingratidão nem da empresa nem dos filhos. É a vida. No caso dos filhos, se não conseguirmos identificar que o crescimento deles é para o bem, é uma sequência natural da vida, que todos têm que crescer, ficaremos reclamando que envelhecemos e que eles não estão mais conosco para todos os programas da família. Na verdade, eles estão evoluindo, estão eles mesmo constituindo sua vida, indo atrás de seus objetivos. Neste caso, só nos resta torcer por eles, pelo sucesso de seus planos, orientar e dar conselhos, sabendo respeitar que são indivíduos e têm, por consequência, sua individualidade e iremos esperar pela volta deles nas festas de fim de ano, nos aniversários, em alguns almoços de domingo. Talvez em alguma viagem de férias quando estivermos mais velhos e eles com os nossos netos já criados. Esta é a vida.

Já no trabalho... todos temos nossa utilidade. Se a relação que sempre foi boa para os dois chega num momento que a empresa se julga no direito, legítimo, de dispensar este empregado, a decisão tem que ser respeitada e não gerar mágoas, rancores, logicamente considerando que este desligamento obedeceu as melhores regras de respeito e boa convivência com um profissional que durante muito tempo se dedicou nesta empresa.

Por outro lado, cabe a este empregado, durante toda sua vida profissional, avaliar que este dia chegará. Caberá a ele identificar seus pontos de melhoria, constituir o seu “Plano B” para que possa ter utilidade em outro local ou até mesmo em outra profissão.

Será que estou doido em propor uma outra profissão a uma pessoa que trabalhou numa única empresa durante toda sua vida? Acredito que não. Se esta pessoa se preparou, tratou sua carreira como uma empresa, como algo que precisa estar constantemente sendo renovado e preparado para assumir e conhecer novos processos e desafios, quando vier esta ruptura o sofrimento será menor, não haverá tanta frustração.

Esta é uma realidade que não tem volta. Você, eu, os filhos, os pais, todos nós envelheceremos. Já as empresas, essas são CNPJ. Troca-se o comando, o CNPJ permanece. Temos que dar sempre o nosso melhor para evoluirmos e torcermos para construirmos uma história juntamente deste CNPJ.

É o que eu penso!


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