Nossas ações têm força

Nossas ações têm força

Hoje encerramos o mês especial sobre empreendedorismo feminino com artigo da Renata Malheiros Henriques , coordenadora nacional de Empreendedorismo Feminino.

O número de negócios comandados por mulheres chegou à marca inédita no Brasil, chegando a 10,3 milhões em 2022, conforme pesquisa realizada pelo Sebrae. O estudo traz dados importantes sobre empreendedorismo feminino, como o aumento de 30% no número de mulheres empregadoras entre 2021 e 2022, e mais da metade das empreendedoras tornaram-se chefes dos domicílios no terceiro trimestre de 2022.

Temos observado o crescimento cada vez maior da força do empreendedorismo feminino, num contexto de crise econômica em que muitas empresas precisaram fechar. Assim, os empreendimentos liderados por mulheres têm sido fundamentais à retomada da economia. 

Estamos avançando, principalmente do ponto de vista da geração de emprego e renda. Mas sabemos que ainda existem obstáculos significativos para mulheres empreendedoras, especialmente os de natureza cultural: crenças limitantes e vieses inconscientes baseados em estereótipos enraizados entre gerações. Expressões que ouvimos desde a infância como “Isso não é coisa de menina, isso não é profissão de mulher” acabam por influenciar as decisões quando adultos e como a sociedade enxerga as mulheres.    

Apesar do aumento da presença de mulheres nos negócios, ainda há significativas diferenças entre os perfis de empreendimentos liderados por homens e mulheres. Mesmo as mulheres sendo 16% mais escolarizadas que os homens em anos de estudo, empresas lideradas por mulheres faturam, em média, 14% menos que aquelas lideradas por homens em 2022, segundo pesquisas do Sebrae. 

Temos acompanhado essas variáveis há algum tempo e sabemos que já foram piores. Em anos recentes, a diferença de faturamento entre empresas lideradas por homens e por mulheres já foi de 22%. Embora isso tenha melhorado em 2022, ainda temos um longo caminho pela frente rumo ao equilíbrio. 

São dois os principais motivos que contribuem para esta realidade. O primeiro é o tempo. As empreendedoras são culturalmente mais sobrecarregadas com trabalhos de cuidado, sejam com a casa, crianças ou idosos. Apesar de fundamental importância, essas atividades geralmente não são nem remuneradas, tampouco valorizadas. Pesquisas recentes do Sebrae mostram que mulheres se dedicam 17% menos horas aos seus negócios do que os homens empreendedores. A sobrecarga dos trabalhos domésticos explica essa diferença, já que o dia tem 24 horas para todos. 

O segundo fator diz respeito aos setores em que as mulheres empreendem. Empresas lideradas por mulheres geralmente se concentram nos segmentos de serviços de beleza, moda e alimentos & bebidas, sobretudo em modelos de negócio com baixa intensidade tecnológica e inovação. 

Esse ponto é um convite a voltarmos à infância, quando crenças limitantes são instaladas de maneira inconsciente. Por questões culturais, a sociedade tende a estimular meninos em matemática e meninas em humanas. Precisamos mudar esse cenário estimulando meninas e jogando luz em mulheres nas exatas, a fim de termos mais mulheres na inovação e tecnologia, sobretudo as disruptivas e que trazem maior competitividade aos negócios, como inteligência artificial e blockchain.

Avançamos, mas ainda existem questões muito desiguais que impactam os negócios liderados por mulheres. Para tratar desse ponto, precisamos falar de rede de apoio:  desde a divisão de tarefas em casa, como políticas públicas que garantam creches, escolas e transporte para que as mulheres possam, de fato, dedicar tempo aos negócios com todo o seu potencial.

Sabemos também que dentro das famílias atuais, as mulheres estão à frente dos cuidados com os filhos e há uma significativa quantidade de “mães solo” no Brasil. Para se ter uma ideia, são mais de 5 milhões de crianças no país sem o nome do pai na certidão de nascimento. 

Como chefes de família, elas desempenham papel fundamental, e o empreendedorismo feminino tem sido uma das formas mais significativas de geração de renda. Pesquisas de padrões de consumo das mulheres indicam que com esses recursos elas tendem a investir nos filhos, comprar no mercado do bairro e utilizar serviços da região, o que ajuda a aquecer a economia local e beneficiar toda a comunidade.  

O caminho da mudança cultural é longo, mas pode ser encurtado com Projetos como o Sebrae Delas, voltado para mulheres que já empreendem ou para as que querem abrir uma empresa. Nele, as mulheres se beneficiam de cursos, consultorias e mentorias que ajudam a desenvolver tanto as competências técnicas (planejamento, finanças, marketing), como socioemocionais (liderança, autoconfiança, negociação e comunicação assertiva). Além dessas competências, as mulheres são conectadas em rede: nela, as empreendedoras encurtam curvas de aprendizagem, mais negócios são gerados e avançamos como sociedade. 

Conheça mais em www.sebrae.com.br/delas

Renata Malheiros Henriques

Sebrae Delas National Coordinator | Co-founder Instituto Alumna |🏅Brazilian Women Who Make a Diference 2022 (USA Embassy)|🏅Women Entrepreneurs 2021 🇧🇷 | Cambridge and Columbia University Alumna| UK Chevening Scholar

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