Novamente a afronta: O blackface no carnaval do Rio de Janeiro.
Escrevi ontem um artigo denunciando o blackface, que é uma prática abusiva e racista. Referia-me ao carnaval de São Paulo. Desta vez, a desfaçatez vem do Rio de Janeiro.
Deveria ser uma homenagem às mulheres negras. Era este o propósito do samba enredo do Salgueiro. Tive a esperança de que finalmente receberiam o reconhecimento que merecem.
Até o momento que a Comissão de Frente entrou na avenida. Eram homens vestindo malhas pretas e usando maquiagem que ridicularizavam os nossos traços.
Pareciam cenas de um filme de terror. Inacreditável. Mais da metade da população brasileira é feminina. Mais da metade da população feminina é negra, ou seja, somos mais de 50 milhões e não encontraram quinze mulheres negras para apresentar as mulheres negras.
Difícil entender como uma Escola de Samba com o histórico do Salgueiro autorizou tamanha insensatez. Parece-me que há uma forte hierarquia interna, que define lugares. E a exemplo do que acontece na sociedade brasileira, também na Escola de Samba, as mulheres negras não podem ocupar os lugares de maior prestígio e reconhecimento. Nem mesmo quando são homenageadas!
Acabo de ler a notícia de que o Salgueiro ganhou o Estandarte de Ouro como a melhor Escola do Grupo Especial. No meu entendimento deveria ser punida e não premiada. Não sei quem são os avaliadores ou como são escolhidos. Mas na minha avaliação, os avaliadores precisam ser avaliados.