As novas tecnologias vão acabar com o meu emprego?

Lembro-me de ler, em uma revista especializada em automóveis, em 1987, um artigo sobre o futuro dos automóveis.

Era uma época de grandes avanços tecnológicos. O computador, até então máquina de governos ou de corporações, tornara-se pessoal. As pessoas teriam capacidade computacional em casa, com liberdade de fazer o que quisessem com isso. Assustador. A grande maioria da população lia – em jornais e revistas de papel, entregues diariamente, sete dias por semana, em casa – sobre os perigos desta revolução. Pessoas, qualquer pessoa, conseguiria calcular, projetar e operar equipamentos até então exclusivos de forças armadas, institutos de pesquisa, laboratórios.

Ainda na década de 80 – que década!!! – lia-se nos jornais os perigos da robotização nas indústrias. O fim do emprego. A necessidade de se criar sindicatos de robôs para arrecadar fundos para as legiões de desempregados que surgiriam. Os impostos trabalhistas alcançando os robôs, no Japão. Sempre o Japão naquela época.

Na década de 90, quando resolveram dar razão às previsões de 1964, de Asimov, e unir todos os computadores em uma rede mundial, almas amarguradas se perguntaram a que tipo de fim do mundo isto nos levaria já que, agora, qualquer um poderia acessar sua conta corrente e realizar os serviços que antes precisávamos nos deslocar para fazer. O fim dos Bancos, dos Corretores de Seguros, dos Agentes de Investimento, das escolas, bibliotecas, de quase tudo, estava dado.

Novidades continuaram e continuam aparecendo – telefonia móvel, computação quântica, robótica pessoal, games em rede, inteligência artificial etc. E há quem continue achando que o mundo vai acabar por elas.

Mas comecei este texto citando um artigo sobre o futuro dos automóveis. A revista trazia diversos carros conceito – alguns que até estão próximos de se tornar reais, que voariam ou dirigiriam sozinhos, ou ambas as coisas. E admitia muitas evoluções, próximas ou não. Mas também foi muito sóbria ao dizer que, em 30 anos, pelo menos (e já se foram estes 30 anos e mais ainda) os carros ainda teriam quatro rodas, um volante, iluminação para rodar a noite e uma propulsão interna, fosse ela a combustão ou elétrica e andariam para frente.

Escrevo estas palavras para trazer três percepções.

A primeira é a de que, por mais que as coisas evoluam, o ser humano, o planeta e a matéria têm os seus protocolos. Não importa o nível de tecnologia, todos faremos o possível para passar as férias em família em algum lugar legal. E vamos ter que nos alimentar e vestir todos os dias. E nos proteger do frio e da chuva. E é para frente que vamos querer usar nossos transportes.

A segunda é a de que o ser humano já demonstrou, diversas vezes, ser muito mais capaz e direcionado para usar as novas tecnologias para o bem e para o benefício do próprio ser humano.

Por fim, a terceira é a de que, mesmo que muita coisa mude e alguns mercados morram – videolocadoras, por exemplo – sempre haverá uma acomodação. Agências bancárias, embora muito reduzidas, cumprem um papel importante de prestação de serviços, de negociação e vendas. Corretores de seguros provêm aconselhamento, suporte e serviço para seus clientes, tal como agentes de investimentos fazem a nossa lição de casa de entender o mercado e as ofertas adequadas para que não tenhamos de fazer isto sempre, mesmo que tudo remotamente.

Então não ache que os robôs tirarão o seu lugar ou que a Inteligência Artificial vai acabar com alguma expressão da genialidade humana. Haverá acomodações, claro. Mas será, como sempre, para o melhor do ser humano. Aperte o cinto e divirta-se.  

Maylton Braga

pessoa autista | comunicação interna | direção de arte

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Olá, o texto é muito legal. Quer publicar no workplace do bmg? Queremos divulgar esse textos para todos os colaboradores.

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