Novo governo deve promover o diálogo com a sociedade

Ao assumir em definitivo o cargo, no último dia 31 de agosto, o presidente Michel Temer anunciou que, em seus pouco mais de dois anos de mandato, vai trabalhar pela reconciliação nacional. Esse talvez seja o maior desafio do novo governo, que se vê diante de um país com feridas abertas pela forte polarização política dos últimos anos e enfrenta um período de recessão, agravado pelos baixos índices de confiança da população em relação à economia.

A reconciliação e a retomada do crescimento econômico são tarefas difíceis, porque dependem de forte apoio do parlamento e respaldo popular. Como se viu nos últimos dois anos, a falta de popularidade e a desconfiança generalizada da população levaram ao clima político que redundou no processo de impeachment da ex-presidente Dilma Roussef.

Na pesquisa Trust Barometer 2016, promovida pela agência de comunicação corporativa Edelman em todo o mundo, o Brasil aparece como o país em que o governo tem o menor índice de reputação, atingindo apenas 21 pontos, em uma escala que vai até 100, contra 68 pontos de confiança em empresas e 67 pontos para os CEOs das organizações privadas. É uma diferença abismal.

Para ter o apoio popular e reconquistar a confiança da sociedade, o governo deverá ir além das negociações por votos no Congresso. A comunicação será um fator fundamental para a retomada do desenvolvimento econômico. Conquistar a confiança da população nas ações do poder público pode ser o maior trunfo da nova gestão. Para isso, será preciso apostar no diálogo como base de uma política de comunicação estruturada em programas de relacionamento com todos os segmentos da sociedade.

Sem deixar de lado a propaganda, ferramenta necessária para difundir temas que precisam de ampla publicidade, será preciso que os gestores de comunicação dos governos e, principalmente os políticos, entendam a nova dinâmica da circulação de informações na sociedade contemporânea para aprimorar os canais de diálogo.

Nas últimas duas décadas, a comunicação pública avançou de forma significativa no Brasil. Governos começaram finalmente a entrar no século XX e investiram na contratação de agências de comunicação corporativa e, mais recentemente, em serviços digitais especializados, para reduzir a dependência da intermediação da imprensa na divulgação de informações sobre a gestão pública.

Torna-se urgente entrar no século XXI e compreender que o cidadão está cada vez mais atento e exigente. A atenção dada pela população aos casos de corrupção investigados pela Justiça, Polícia Federal e Ministério Público comprova que a sociedade quer transparência, que é um dever constitucional do Estado. Mas aqueles que pagam seus impostos não querem apenas prestação de contas. Desejam também participar, com opiniões, e receber respostas às indagações que fazem aos governantes.

Os produtos e serviços da comunicação, baseados na lógica do relacionamento com públicos estratégicos podem ser a solução para essa necessidade de diálogo.  Os gestores de governo têm a sua disposição mais de 200 empresas especializadas em comunicação corporativa em todo o país, associadas à Abracom. E exemplos bem sucedidos de políticas de comunicação pública baseadas em estratégias de relacionamento com a comunidade, prevenção e gerenciamento de crises, treinamento de comunicação para gestores e porta-vozes, monitoramento de informações, serviço fundamental para entender o que acontece nas mídias tradicionais e nas redes sociais e apurar as demandas da sociedade. Além de serviços como os programas de comunicação interna, que podem ajudar no engajamento do servidor público para aumentar a eficiência dos serviços prestados à população.

Para reconciliar o Brasil, será preciso apostar no diálogo. E a comunicação tem um papel central nessa engrenagem. Estamos certos que a equipe de comunicação do Governo Federal tem clareza a respeito do conceito de comunicação pública centrado no relacionamento direto com os mais diversos segmentos da sociedade. E as agências de comunicação corporativa têm consciência de que podem ser parceiras de uma ampla mobilização para que os brasileiros possam voltar a confiar em seus governantes.

 

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