O autoconhecimento e a importância de testar hipóteses
Há alguns dias estava conversando com a minha irmã que mora em Belém do Pará e ela me contou sobre a cunhada que se formou recentemente e que está procurando emprego, pediu para avisar caso soubesse de alguma vaga, pois ela está disposta a mudar de cidade se for por uma boa oportunidade. Então começamos a conversar sobre mudar de cidade, conseguir trabalho e ela falou que também pensava em mudar e fazer um novo curso, perguntou o que eu achava dela cursar algo relacionado à logística ou recursos humanos.
“DEPENDE! COMO VOCÊ SABE SE GOSTA DESSAS COISAS?”
Fiz essa pergunta a ela, que respondeu não saber, apenas estava olhando para o mercado e perguntou como ela poderia descobrir. Relembrei a ela sobre minha própria experiência de mudança de cidade, após ter concluído o curso de ciências contábeis, com o qual não me identifiquei e decidi não atuar na área.
Mesmo não me identificando com meu curso de graduação, quando o concluí ainda não sabia com o que eu gostaria de trabalhar para o resto da vida e não ter essa resposta foi um grande motivador para arriscar e tentar algo novo em outra cidade.
Eu tinha algumas hipóteses, a primeira era gostar de escrever, portanto pensei que fazer um curso que me preparasse para um trabalho onde eu pudesse ganhar dinheiro escrevendo, era a resposta que eu buscava. A segunda era que desde criança eu tinha o desejo de estudar em outra cidade, minha irmã fez isso, alguns amigos fizeram isso e achei que aquela era hora de arriscar.
Prestei vestibular para o curso de Estudos Literários da Unicamp no meu último ano da faculdade, mas não passei, também tinha feito a prova do ENEM no mesmo ano e consegui uma vaga na UTFPR no curso de Letras, decidi largar tudo em Macapá, minha cidade natal, minha família, amigos, um trabalho num escritório de contabilidade no qual não tinha completado nem dois meses e vim com apenas uma mala para Curitiba.
Quase um ano e meio depois de estar habituado a uma rotina de fazer estágio de manhã, estudar letras a tarde e trabalhar a noite em um call center, senti que a minha frustração só aumentava e que estava desperdiçando o meu potencial.
Eu tinha ouvido falar e lido sobre coaching em algum lugar e depois de pesquisar um pouco, descobri que um processo seria caro para o meu orçamento, mesmo assim marquei um encontro com uma psicóloga que também era coach e ela aceitou fazer o processo pelo o que eu podia pagar na época.
Devia ter feito mais, porém fiz apenas duas sessões depois daquela reunião, que foram suficientes para ser um divisor de águas na minha vida, senti uma confiança e esperança que há tempos não sentia, participei de um processo seletivo na empresa em que trabalhava e em menos de dois anos passei por três funções diferentes, onde tive o primeiro contato com facilitação de treinamentos, que descobri ser o que fazia meus olhos brilharem e que talvez fosse o que eu queria trabalhar para o resto da vida.
Não foi um caminho fácil, mas que dependeu da decisão de testar uma hipótese que me tirou da minha zona de conforto e me conduziu a novas hipóteses e vivências práticas que contribuíram para identificação de uma vocação.
Como diz Margo Roth Spiegelman, a personagem da Cara Delevingne no filme Cidades de Papel, provavelmente parafraseando o autor original dessa frase, a qual é atribuída a diversos autores na internet.
“VOCÊ PRECISA SE PERDER ANTES DE SE ENCONTRAR”
O caminho que eu percorri em busca desse autoconhecimento e de encontrar uma vocação, com certeza não é único, nem todo mundo precisa mudar de cidade para se encontrar, mas sempre serão exigidos alguns sacrifícios.
E se tiver uma hipótese é necessário testá-la antes de tomar uma grande decisão, um bom começo pode ser conversar com pessoas que vivenciam a realidade à qual sua hipótese está relacionada, ler sobre o assunto, pesquisar, assistir vídeos na internet, fazer terapia, coaching, estágio, trabalho temporário, pedir feedback e tudo mais que sua capacidade de inovação permitir.
“ESTOU PRECISANDO MESMO DE UM COACH!”
Foi a conclusão em que minha irmã chegou ao final da nossa conversa, o que para sorte dela, foi mais uma vocação que eu identifiquei em mim.