O avesso do avesso do avesso

O avesso do avesso do avesso

Flagra! Lá estava eu, de volta às minhas aulas de teoria literária.

Mais engraçado do que lidar com o questionamento geral: Para que você estudava isso? - é refletir como este aprendizado me afetou. Nós nos afogávamos em ler/ analisar/ ler/ analisar um simples poema de Emily Dickinson ou um trecho de Umberto Eco.

Não, não é besteira. Tente descobrir quanto tempo você levaria para entender cada verso a seguir: From cocoon forth a butterfly/ As lady from her door/ Emerged — a summer afternoon —/Repairing everywhere” .

Pronto. Foi nesse brainstorming de pensamentos no qual me encontrei analisando o mundo ao meu redor (tentativa, apenas).  A conclusão? Não foi tão simples quanto a de meus poemas.

Tentar entender o que acontece a minha volta me fez menção apenas a uma frase: O avesso do avesso do avesso. Sampa – obrigada.

Em minha opinião, não podemos justificar esse “avesso” de uma única forma. Porém, posso afirmar que o vilão do século 21, também conhecido como o desequilíbrio emocional, passa a ser um dos grandes culpados.

Afinal, somos surpreendidos todos os dias por novas tendências (Ai de você se não se adaptar). Sabemos como é extremamente difícil criar raízes. O que era importante ontem, hoje não é mais. Valores são perdidos (escondidos, talvez) nesta mudança diária. O ato de rememorar o passado é algo que leva muito tempo para nossa rotina de 30 horas, e lembrar-se de onde veio, assim como o que te moldou durante os anos, é considerado infrutífero.

Disso tudo são gerados os questionamentos que não entendemos ou não aceitamos, ocasionando a sensação de descontrole geral.

As mudanças são contínuas. Com elas, nossos valores vão sendo modificados de acordo com o que passamos a acreditar e julgar necessário. Responder simples indagações exige um grau de complexidade muito grande. Pense: Qual minha filosofia de vida? Minha ética? Em que eu realmente acredito? – Cuidado, semana que vem você pode ter outra resposta.

Shalom H. Schwartz - pesquisador cross-cultural e criador da Teoria de valores humanos básicos, nos mostra a distinção entre diferentes culturas e como isso é visível de acordo com a motivação e objetivo de cada indivíduo ao escolher seus valores.

A teoria funciona por descrever alguns valores estruturados em polos opostos, onde o arranjo representa a ordem de importância em relação ao outro. Para ficar mais claro, os valores mais próximos são mais semelhantes as suas motivações, e quanto mais opostos, mais distante do que você considera importante. Cada pessoa faz a escolha do que realmente motiva sua vida.

Claro que não podemos nos basear apenas em uma teoria para generalizar o assunto e definirmos nossa vida, até porque isso tornaria tudo extremamente simples de ser resolvido. Livros de autoajuda ou o Rivotril antes de dormir seriam dispensáveis.

A questão aqui é pensar um pouco no que realmente consideramos importante para nosso dia a dia, em conjunto, como isso nos afasta de outros valores. Sabemos que a capacidade paradoxal do ser humano é incrível, porém, é necessário saber o que realmente valorizamos e queremos para não oscilar em nossas próprias vontades.

Difícil saber exatamente o que queremos? Difícil, mas não impossível. Eu parto do pressuposto de saber exatamente o que eu não quero. Dessa forma, vou afirmando valores e crenças que moldam minha identidade, me afastando do que não é importante, e consecutivamente, me aproximando do que realmente me faz bem.

Nessa loucura em que vivemos todos os dias, vale a pena parar para refletir o que realmente te faz feliz e quais valores você vai levar para sua vida.

Pense!
Cristiano Vergílio

Engenheiro de Segurança do Trabalho - Engenheiro de Produção - Professor técnico

5 a

...E eu fui surpreendido novamente...

Engraçado como sua linha de raciocinio é parecida com a minha, pois eu também gosto muito de refletir sobre a vida no geral, sobre a cidade, o país e o mundo! E o mais interessante que de tantos perfis que estou clicando sem parar para saber mais da pessoa, o seu agora foi o único que eu estranhamente quis ver e... já é o segundo artigo que leio seu, porque parece que você está falando diretamente comigo ou eu estou falando comigo mesmo de tão parecidos que são nossos pensamentos! Obrigado pelas palavras aqui escritas, nesse instante é o que eu precisava ler...

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