O Brasil não é para amadores????

A frase cunhada nos anos 60 pelo húngaro Peter Kellerman no seu livro “Brasil para Principiantes” e popularizada na década seguinte, pelo gênio Antônio Carlos Jobim, nunca foi tão atual e ao mesmo tempo tão falsa.

O momento atual do país, leva à triste conclusão que o Brasil é um país não apenas de amadores, mas também de despreparados.

Diariamente, vemos afirmações de que um determinado candidato a Presidente da República é o mais qualificado porque é o “único” que não está envolvido em nenhum escândalo de corrupção. Somando isso, ao fato de que o maior protagonista desse pleito está na cadeia, após ser condenado em segunda instância e ter todos os seus recursos negados nas instâncias superiores da justiça é inevitável a conclusão de que nos perdemos em algum ponto da história dessa jovem democracia.

O fato é que falta de rumo político é apenas uma das facetas de uma sociedade adoecida.

Em 2017 Anitta foi eleita “Mulher do Ano” pela revista GQ. Absolutamente nada contra a cantora e a seu trabalho. O que me assusta é que menos de dois meses antes do anuncio do prêmio a professora Heley Batista perdeu a vida junto com Jéssica Morgana e Geni Oliveira, duas outras funcionárias da creche Gente Inocente na cidade de Janaúba,MG. Ela teve 90% de seu corpo queimado após salvar 25 crianças durante um incêndio criminoso na sala de aula em que lecionava. Além da professora, do criminoso e das duas funcionárias, 10 crianças perderam a vida nesse episódio. Será que Heley, Jéssica ou Geni não mereceriam ser escolhidas mulheres do ano?

A solução para mudar esse cenário nefasto é um investimento pesado e contínuo em educação. Há 40 anos o PIB da Coréia do Sul era inferior ao do Brasil. Anos antes o governo traçou um plano de ação e iniciou um programa de investimento em educação. Focando inicialmente no ensino básico e depois ampliando o programa para o ensino secundário e superior a Coréia mudou o rumo da sua sociedade e da sua economia. Salários altos e alta capacitação, financiada em boa parte pelo governo, tornou  a profissão de professor na Coréia um símbolo de prestígio. Os pais são os maiores incentivadores dos alunos e as famílias participam ativamente da administração das escolas. Em poucas décadas a Coréia já colhe os frutos dessa política. Os alunos coreanos lideram o ranking mundial de desempenho em matemática, ciência e leitura de acordo com o Pisa (Programa Internacional de Avaliação dos Estudantes). Mais de 80% dos alunos coreanos estão matriculados em cursos superiores, no Brasil são menos de 20%.

Em poucos dias, escolheremos quem vai estar à frente da política do Brasil pelos próximos 4 anos (8 no caso dos senadores). Ao escolher o seu candidato, seja do executivo ou do legislativo, é muito importante entender quais são suas intenções com relação à educação.

Só isso vai ajudar a levar o Brasil ao lugar que todos sonhamos.