O Brasil não perde a oportunidade de perder uma oportunidade
A frase que dá título a este artigo é do economista Roberto Campos e vem sendo comprovada a cada dia, quando as lideranças nacionais, aqueles que detêm o poder de influenciar na vida de 205 milhões de pessoas, se preocupam menos em solucionar os problemas nacionais e mais em pavimentar sua própria estrada para o poder, muitas vezes sem saber o que fazer quando e se chegar ao poder. Enquanto fazem os mais deploráveis acordos, não importa se rezam para Deus e bendizem o diabo, o país caminha a passos largos para uma das maiores crises da sua história. Crise já consolidada, mas que cresce a cada dia, a cada nova informação divulgada pela imprensa, que envergonha qualquer pessoa com o mínimo de caráter.
2015 apresentou ao brasileiro em geral a real face do país, que de tão desestruturado, com tamanhos problemas de governança e corrupção, fez a marolinha de 2009 se transformar em um tsunami de proporções ainda não definidas e cujo poder de destruição socioeconômica ainda é um mistério, porém cada dia mais alarmante. Isso porque, na década de 2000, o Brasil não sobre aproveitar o ciclo de desenvolvimento econômico global (que durou até 2007) e as bases construídas na década de 1990 com o real, a Lei de Responsabilidade Fiscal, as reservas cambiais e outras medidas.
Embevecido por seu próprio sucesso, que se mostrou passageiro, o Brasil (leia-se governos, em todos os níveis, de todas as correntes ideológicas e partidárias) não aproveitou o bom momento da década passada para alavancar e consolidar, com base em alta tecnologia e diversificação, setores estratégicos como logística (rodovias, ferrovias, portos e aeroportos), energia, construção naval e tecnologia da informação. Ficamos restritos a dois setores, o extrativista mineral, com minérios e petróleo & gás (destaque para o pré-sal) e a agropecuária, com destaque para a soja.
Hoje pagamos o preço pela nossa cegueira e falta de empreendedorismo, com os baixos preços no mercado internacional do minério de ferro e do petróleo, com a baixa capacidade de escoamento de nossa produção agropecuária pela deficiência logística, que destrói grande parte da nossa competitividade produtiva no campo, com a crise energética (não se pode culpar a falta de chuvas, mas a falta de capacidade de gestão e reação dos governantes). Setores que se apresentavam, na década de 2000, como grandes alavancas, hoje se mostram cambaleantes, como siderurgia e indústria automotiva, envolvida em escândalos globais (seja no golpe das emissões que colocou que xeque a indústria alemã, seja na compra de Medidas Provisórias para garantir incentivos tributários no Brasil).
O país, que já ascendeu chegou ao posto de 6ª economia global e poderia, até o final da década, superar a França e se tornar a quinta maior economia do planeta (atrás apenas de EUA, China, Japão e Alemanha), hoje admite que terá duros anos pelas frentes, com mais de 3,3 mil postos de empregos formais fechados mensalmente nos últimos 12 meses. Os governantes se esqueceram de que para alcançar o objetivo de se tornar um país desenvolvido, era preciso preservar a estabilidade econômica e política, manter o fluxo de investimentos e garantir a oferta mão de obra qualificada disponível para atender à demanda gerada pelos investimentos. Não é na luta pelo poder apenas para ter o poder que se constrói um país.
O Brasil é maior que as crises. É maior que os governantes, sejam corruptos ou não. É maior que qualquer brasileiro ou grupo de brasileiros com seus interesses. Mas é preciso que o grupo que lidera, que tem o poder de decidir qual rumo o país vai tomar, tenham em mente uma frase dita no século 19 pelo empresário, Barão e Visconde de Mauá: “O MELHOR PROGRAMA ECONÔMICO DE GOVERNO É NÃO ATRAPALHAR AQUELES QUE PRODUZEM, INVESTEM, POUPAM, EMPREGAM, TRABALHAM E CONSOMEM”.
Os governantes precisam ter em mente estas duas frases. A de Roberto Campos para tentar provar que ele estava errado (até hoje esteve absolutamente certo) e a de Irineu Evangelista de Souza para provar que sabe fazer o que precisa ser feito (até agora os governos, em todos os níveis, têm demonstrado, com raras exceções, que não sabem).
Riley Rodrigues de Oliveira, MSc
Assistente Logística / Assistente Tráfego / Expedição/ Conferente
7 aMuito bom mas a verdade é cruel e mostra o quanto de mal os canalhas da politica brasileira fez de mal para o país e principalmente aos 30 milhões de desempregados
Hipnoterapeuta "Ajudando Pessoas a Encontrarem em si o seu Melhor"
7 aRiley Rodrigues de Oliveira .`., excelente seu texto. Esta frase diz tudo: O Brasil é maior que as crises. É maior que os governantes, sejam corruptos ou não. É maior que qualquer brasileiro ou grupo de brasileiros com seus interesses. Mas é preciso que o grupo que lidera, que tem o poder de decidir qual rumo o país vai tomar, tenham em mente uma frase dita no século 19 pelo empresário, Barão e Visconde de Mauá: “O MELHOR PROGRAMA ECONÔMICO DE GOVERNO É NÃO ATRAPALHAR AQUELES QUE PRODUZEM, INVESTEM, POUPAM, EMPREGAM, TRABALHAM E CONSOMEM”.