O cérebro, a ponta e a inteligência (ou a linda virtude da defasagem)

O cérebro, a ponta e a inteligência (ou a linda virtude da defasagem)

Em uma empresa, sempre ouvimos falar da "ponta", que é a parte das vendas que estão em contato direto com os clientes; no imaginário corporativo, é como se uma pessoa atirasse uma lança: o cérebro é o corpo estratégico, as mãos são o corpo tático (e respondem, biologicamente ou não, aos comandos do cérebro), o corpo da lança seria um backoffice/suporte e a ponta da lança é a parte afiada onde irá atingir o alvo... Tudo uma perfeita sincronia e exatidão.

Se estivermos analisando tudo o mais constante, é claro.

Um dos problemas mais reportados, e claros, de uma empresa, é a falta de diálogo entre cérebro e ponta. Normal, absolutamente normal... Eles estão distantes e sozinhos não conseguem realizar ações, dependem de outros órgãos para atingir os objetivos; para os outros órgãos funcionarem, entra uma das minhas coisas favoritas (e tão mal utilizadas no mundo corporativo tradicional): a inteligência de negócios.

Há décadas atrás, a inteligência de negócios era à base de intuições dos donos e de indicadores rasos (aka somente vendas, somente receitas, somente etc). Hoje, na era da informação e da comunicação, o cérebro consegue receber informações suficientes para interpretar o que ocorre com a ponta e interpretar os motivos de onde a ponta está tocando o objetivo; porém, as vezes a inteligência é bem utilizada e a mão consegue atirar a lança no objetivo, e as vezes, ela acerta o martelo no próprio dedo ao invés do prego.

A reflexão aqui é uma só: utilizar os dados para refletir e tornar as decisões mais robustas e realistas. Pode parecer que não, mas a ponta é uma das melhores fontes de informação de uma empresa, basta apenas das mecanismos que permitam a coleta (ao invés do cérebro imaginar a ordem e a mão não coletar nada).

Não utilizar informações da ponta em pleno 2022 é um lindo sinal de defasagem. O cérebro não notar isso, é sinal de que não enxerga a ponta (ou simplesmente não se importa).

A cadeia de valor do cliente não vêm da imaginação corporativa, mas sim dos desejos dos consumidores que, hoje, possuem uma enorme facilidade de trocar o serviço/produto oferecido.

Então, fica a questão: você quer se surpreender com o alvo mudando de lugar mais rápido que sua percepção ou verificar os meios possíveis para antecipar esta mudança?

Boa noite a todos e bons negócios!



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