O caso Bel Pesce e o efeito manada
Muitas vezes a superexposição midiática nos induz ao erro, ora para endeusar alguém, ora para crucificar. Precisamos encontrar um meio termo e nos mantermos equilibrados.
Nas últimas semanas, fomos surpreendidos com uma polêmica envolvendo a empreendedora, conferencista e escritora Bel Pesce. Uma fracassada ideia de um crowdfunding para fundação de uma hamburgueria teve um desdobramento inesperado: pessoas que supostamente não a conheciam aproveitaram a ocasião para “passar a limpo” sua história e seu currículo.
Surpreendentemente, a outrora admirada e figurante no ranking das jovens “mais influentes” do Brasil, foi questionada com diversas incongruências e pontos nebulosos em sua biografia. Algumas descrições de suas graduações davam a entender que ele ela possuía 4 graduações pelo MIT o que era um malabarismo semântico e um exagero de tradução dado a diferença abissal entre o sistema de ensino superior brasileiro e americano.
Depois, foram questionados seus estágios, os “internships” que fizera na Microsoft, Google e outras empresas prestigiadas. Para completar a surra, mostrou-se que ela não era co-fundadora da Lemon Wallet, empresa de tecnologia digital que era a sua “jóia da coroa” e foi vendida em dado momento por US$ 50 milhões.
Não pretendemos polemizar as informações pois a mesma apresentou sua defesa com esclarecimentos, fotos e argumentações. Todavia, realmente podemos perceber que ela foi no mínimo descuidada com o que foi descrito dela. Apesar das réplicas e acervo mostrado, é nítido que seu currículo foi inflado. Se por má fé ou por ter embarcado em “exageros marqueteiros” não sabemos e também não queremos julgar.
Quero me ater a um fenômeno que me incomoda e me preocupa: o exagero midiático. Exagero este que ocorre em momentos distintos. Quando Bel Pesce estava na crista da onda dificilmente alguém racionaliza e diz “Ei, acho que há exagero no que ela fala ou no que estão falando dela”. Quando se está na berlinda também é raro alguém mostrar seus méritos e contribuições.
Enfim, vemos um efeito manada, onde quase todos acompanham o bando, seja para endeusar, seja par crucificar.
Se você parar para analisar existem vários outros exemplos. Vou citar Eike Batista. Quando parecia um gênio vimos ele numa capa na revista de maior circulação nacional “rasgando a seda”. Um tempo depois, quando o castelo de areia desmoronou, a mesma revista mostra ele na capa quase que o colocando como culpado de todos os problemas do país.
Goste você ou não de Bel Pesce, Eike Batista ou outros, é inegável quei deixaram contribuições. Eike difundiu o conceito que é meritório enriquecer com empreendimentos. Concordo plenamente! O empreendedor honesto só ganha dinheiro depois que todos foram pagos (colaboradores, fornecedores, parceiros, governo e etc.). Já Bel Pesce inspirou muitos jovens a acreditarem nos seus sonhos.
Sem defender ou atacar ninguém, convido a ter uma atitude mais reflexiva e racional quanto as figuras públicas. Isto se estende a artistas, políticos, atletas e etc. Pense sempre se a superexposição midiática não está distorcendo algo. Analise o que pode haver de risco oculto no que está sendo dito. Nas críticas, procure absorver o que há ou houve de positivo. Desenvolva o equilíbrio e, principalmente, evite seguir a manada!