O clássico mineiro
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O clássico mineiro

"Se não der para jogar, marca."

Já ouvi inúmeras vezes esta afirmação, vinda de diferentes treinadores.

"Quando o nosso jogo não estiver andando, o mínimo que devemos fazer é não deixar o time deles jogar."

O mesmo significado, numa versão diferente

O Galo não fez nem uma coisa, nem outra.

O Cruzeiro foi soberano, desde o primeiro minuto de jogo.

Foi corajoso; audacioso; "cabuloso".

O plano de jogo, muito bem elaborado por Zé Ricardo, foi cumprido à risca por seus comandados.

E o Galo de Felipão foi amarrado.

O Cruzeiro, no seu 1-4-3-3, marcou forte; pressionou alto; jogou por dentro com o seu trio de meio-campistas, e jogou por fora com os seus extremas e laterais, principalmente, o William.

O Galo, no seu 1-4-4-2, esteve em inferioridade numérica no meio-campo; ficou dependente do jogo por fora, quando somente o Arana despontou.

Os extremas não funcionaram. O Paulinho e o Hulk estiveram em tarde apagada.

Rafael, goleiro cruzeirense, deu um pequeno susto em bola parada no primeiro tempo e, depois, finalizou sua participação no clássico com uma defesa segura em cabeceio de Alan Kardec.

Éverson, sempre seguro, ganhou todas as bolas pelo alto com maestria e não teve nenhuma chance de defesa no cabeceio contra do Jemerson.

Felipão não conseguiu corrigir o principal problema do seu time, a inferioridade numérica no coração do jogo. Jussa; Machado e Lucas Silva comandaram o jogo. Dominaram o setor de meio-campo; souberam explorar a profundidade e a amplitude do jogo azul, e marcaram Otávio e Alan Franco com facilidade.

Quando se confrontam desenhos táticos diferentes, se uma equipe não se encontra bem tecnicamente na partida e perde a "queda-de-braço" do jogo, como foi o caso do Galo na partida de ontem (22/10/23), a melhor solução é "espelhar" o desenho. Dessa forma, todos os setores do campo ficam equilibrados numericamente, com as devidas "sobras" na penúltima linha defensiva de cada equipe.

Em particular, no jogo de ontem, bastava o Felipão trazer o Igor Gomes para formar um tripé de meio-campo, com o Alan Franco e o Otávio, e abrir o Paulinho na esquerda.

Ficaria o Zaracho aberto na direita e o Hulk, centralizado.

Provavelmente, o jogo por dentro não melhoraria muito, pois a maioria dos jogadores atleticanos estava numa tarde pouco inspirada. Porém, a equipe cruzeirense não ficaria tão confortável quando de posse da bola.

A entrada do Battaglia, no intervalo de jogo, e sua posterior substituição aos 38 minutos, foi sintomática de como Felipão e Pracidelli tiveram dificuldades para ler o jogo.

Bastaria tirar o "amarelado" Alan Franco, como foi feito; trazer o Igor Gomes para atuar próximo ao Otávio, e colocar o Pedrinho como meia-central. Zaracho e Paulinho seriam os extremas.

Lembremos que o Igor Gomes já jogou por dentro quando atuava pelo São Paulo.

A equipe atleticana ficaria configurada no 1-4-2-3-1, com o Pedrinho centralizado e marcando o primeiro volante rival. Juntamente com o Otávio e o Igor, eles equilibrariam numericamente o setor de meio-campo.

Seriam 3 atacantes (Zaracho, Hulk e Paulinho); 2 meias (Igor Gomes e Pedrinho) e 1 volante (Otávio).

Essa ideia fica reforçada, na medida em que nenhum dos jogadores do tripé de meio-campo cruzeirense joga de costas. Todos gostam de ter o jogo à sua frente. São volantes de origem e não sobrecarregariam as tarefas de marcação dos meias atleticanos.

Quando entrou, aos 14 minutos do segundo tempo, o Pedrinho substituiu o Igor Gomes, ao contrário de jogar com ele.

Na sequência, Pavón substituiu Zaracho e Alan Kardec, o Battaglia, que havia entrado no intervalo, numa substituição que se mostrou desnecessária.

Finalizações do Pavón e o cabeceio do Kardec foram os melhores lances atleticanos.

A equipe da casa terminou o jogo com 4 atacantes (Pavón; Hulk; Alan Kardec e Paulinho); 1 meia-atacante (Pedrinho) e 1 volante (Otávio).

Muito poder de fogo e pouca articulação.

Como os clássicos são decididos nos detalhes, um Cruzeiro mais intenso; mais ligado e mais competitivo, foi premiado com um gol contra, após cobrança rápida de uma bola parada.

Significativa vitória cruzeirense, não somente por derrotar o principal rival, o que dá confiança na luta contra o rebaixamento, como também por ter sido um marco, uma vez que foi o primeiro clássico disputado pelas duas equipes na nova arena atleticana.

A Arena MRV foi, oficialmente, inaugurada...pelo Cruzeiro.

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