O comunicador do futuro: mais humano do que nunca
Diversos são os filmes que retratam robôs inseridos na sociedade. Na ficção eles são retratados como heróis ou vilões, talvez uma mistura das duas coisas. Também vemos a inteligência artificial em dados momentos como uma soberana salvadora, e em outros como uma força maligna.
A verdade é que os robôs e a inteligência artificial já são mais do que meros personagens de um enredo fantasioso. Em alguns dos lugares do mundo mais, em outros lugares do mundo menos, mas, eles estão entre nós.
No cotidiano que dividimos com as máquinas é comum ouvir histórias de que, num futuro nem tão distante, os robôs vão "roubar" o seu emprego. O meu emprego. Os nossos empregos. Imagino que independentemente do cargo que você ocupa essa ideia não é exatamente agradável. Não é fácil de digerir ou aceitar. Afinal, nem eu, nem você, nem ninguém quer ser substituído.
Daniela Simões escreveu uma matéria para Época Negócios intitulada como "Conheça as profissões que não serão substituídas por robôs no futuro". Ela afirma que:
De acordo com um estudo realizado em 2017 pelo instituto de pesquisa McKinsey Global Institute, 800 milhões de pessoas perderão seus empregos para a automatização até 2030. Esse número representa um quinto de toda a classe trabalhadora do mundo inteiro. Ou seja, pelo menos um terço dos trabalhadores precisarão se reinventar para manter seus empregos.
Os números são alarmantes. Mas Daniela segue a matéria com a seguinte previsão:
Por outro lado, pesquisas também apontam que 53% dos trabalhadores dos EUA e quatro quintos da classe trabalhadora global podem ficar tranquilos, porque os avanços da inteligência artificial não serão uma ameaça. A Fast Company listou sete carreiras que estão seguras das garras da automatização.
As carreiras que estão a salvo são:
- Empregos que requerem criatividade, como artistas e músicos
- Trabalhos que envolvam resolução de problemas
- Cabeleireiros
- Psicólogos e profissões que demandem um trabalho social
- Professores
- Trabalhadores da área da saúde
- Cuidadores
A matéria completa está no link abaixo.
A pesquisa não diz que Relações Públicas ou Comunicação estão a salvo. Mas ela afirma que empregos com habilidades essencialmente humanas permanecerão no mercado. Honestamente, ainda que os robôs pudessem executar determinadas tarefas com perfeição, sei que muitas delas eles jamais seriam capazes. Comunicação é uma delas. E Comunicação está na lista, intrínseca na criatividade, na resolução de problemas e na demanda social.
Devemos admitir que existem inúmeras falhas, ruídos e problemas na comunicação. Temos dificuldade em fazer a comunicação acontecer. É complexo para nos comunicarmos uns com os outros, em família, entre amigos, entre vizinhos. É difícil nos comunicarmos com colaboradores, imprensa, sociedade, comunidade, dentre tantos outros. Talvez os robôs pudessem acabar com as falhas, ruídos e problemas. Talvez.
A minha certeza é que eles não conseguiriam ser humanos. E é exatamente essa questão. O que nos torna diferentes, o que nos transforma em seres únicos, é a nossa humanidade. É a nossa capacidade de olhar com empatia, de enxergar além dos números e de fazer sentir antes de fazer sentido. Nós, comunicadores, somos eternos aprendizes da humanização. Somos alunos do que é ser, essencialmente, humano.
Não estou dizendo que os comunicadores estão a salvo e que nós, no amanhã, seremos os únicos entre os tais robôs. O que estou dizendo é que o comunicador do futuro não deve temer o amanhã. Não deve temer a inteligência artificial ou os robôs. O comunicador do futuro deve se preocupar em aprimorar uma qualidade que não se pode clonar, uma característica que deve ser trabalhada diariamente: a humanização.
É preciso ser humano ao comunicar. É preciso ser humano ao contratar. É preciso ser humano ao ouvir. É preciso ser humano para humano ser. Antes de nos preocuparmos com as tendências de 2020, 2021 ou 2022, estejamos atentos para desenvolver a fundamental competência de se relacionar com as pessoas e dispostos a desempenhar com determinação a habilidade de fazer uma comunicação humanizada.
Uma comunicação que não seja violenta, que não seja rasa, que não seja enganosa, que não seja manipuladora, que não seja cruel, que não seja tardia, que não seja incoerente, que não seja egoísta, que não seja de qualquer jeito para qualquer um. Somos mais do que isso. Podemos muito mais do que isso.
As pessoas pedem por vínculos verdadeiros e relações legítimas. Estamos na era da busca contínua pela reciprocidade. As pessoas querem emoção. Elas querem sentir, querem ser tocadas por uma comunicação que as escuta, as entende, as traduz e as representa. As pessoas buscam por uma comunicação que esteja alinhada com seus princípios e propósitos.
Essa comunicação deve chegar aos escritórios, fábricas, celulares, tablets, televisões e computadores. Sei que a inteligência artificial e os robôs fariam isso com destreza. Mas o destino final não são os aparelhos ou as paredes. O destino é, e sempre será, o coração das pessoas. Só é possível chegar lá sendo humano.
E o humano é absolutamente insubstituível.
Arquiteta e Urbanista | Gerenciamento e Coordenação de Projetos | COMPATIBILIZAÇÃO | AUTOCAD | PROMOB | REVIT | BIM | LEGALIZAÇÃO
5 aAbordagem necessária e muito pertinente Bianca Coutinho Lopes nesta caminhada rumo a revolução 4.0! Fui a um workshop de RH recentemente e ao longo da palestra em nenhum momento este ponto foi abordado! Inevitável o avanço da tecnologia robótica mas acredito que não só profissionais precisarão desenvolver novas habilidades, mas tão importante quanto precisaremos reconhecer que estamos num processo de desumanização sim! É preciso re-humanizar toda e qualquer relação, precisaremos reaprender, praticar e ensinar a empatia, a sensibilidade, a consideração de forma que neste tão esperado futuro haja equilíbrio máquina x humano.
Jornalista | Assessora de Imprensa | RP | Especialista em Comunicação Corporativa
5 aParabéns pelo texto, Bianca! A empatia é, realmente, essencial nas relações de trabalho.
Comunicação e Eventos
5 aBelo texto e reflexão, amei! Parabéns Bia!! :)
MSc.; Engª de Seg. do Trabalho & Engª Civil
5 aPrezada Bianca, segue um parágrafo de uma opinião que me foi solicitada referente as tecnologias, que vai ao encontro de seu artigo. .... Então, respondendo a questão - qual a influência da tecnologia na vida das crianças no decorrer das gerações? Está na Educação. Uma educação que ultrapasse os “muros” escolares. Esse é o desafio da sociedade contemporânea, desenvolver uma formação educacional que auxilie no processo construtivo no desenvolvimento do pensamento humano re-estabelecido a partir do ser humano e para o ser humano, para que haja a compreensão de que os recursos tecnológicos são ferramentas que devem contribuir para auxiliar o ser humano e não substituir. Seja no pensar; sentir; expressar; conhecer; ser. Parabéns pelo seu artigo. E grata por compartilhar. * depois te encaminho na íntegra o texto, a qual me refiro acima.
Redatora|Copywriter
5 aMuito boa a reflexão!