O covid-19 se adapta, a sociedade precisa se adaptar também.
Socialismo e capitalismo são ideologias que surgiram na mesma época: a revolução industrial. O socialismo se provou ineficaz quando não nocivo nos países onde foi implementado e o capitalismo sobreviveu e se popularizou de forma Darwinistica pela sua capacidade de adaptação mas carregou durante todo esse tempo em seu DNA algumas das suas ideias fundamentais frutos da época em que nasceu.
Já chegamos ao que se convencionou chamar de 4a revolução industrial mas o sistema econômico dominante continua preso a práticas da primeira: o estímulo ao consumismo, a necessidade do controle da presença e horas dos trabalhadores, a formação de trabalhadores especializados, de grandes contingentes de operários nas fábricas para manter a operação e criar consumidores e outras mais.
Se a globalização deu um fôlego adicional a ambas as ideologias na forma de novas práticas comerciais para os capitalistas e a esperança do globalismo para a turma da esquerda, a pandemia do Coronavírus está expondo de forma brutal que é preciso urgentemente pensar alternativas verdadeiras, disruptivas, para a organização da sociedade e economia mundial e não apenas variações de velhas idéias.
Os recursos naturais do planeta não sustentam mais o consumismo, as novas tecnologias tornaram a presença física de trabalhadores de muitos segmentos irrelevante, a evolução da robótica tem demonstrado capacidade de reduzir a necessidade de grandes contingentes de mão de obra em instalações fabris a um contingente mínimo, as criptomoedas, o blockchain e a economia de compartilhamento criam novas possibilidades de práticas comerciais, a necessidade crescente de inovação e a rápida transformação da sociedade e da tecnologia mostrou que a especialização não é mais uma qualidade desejável de um trabalhador, a forma como o vírus COVID-19 se alastrou demonstrou que todas as vidas do planeta são interligadas e interdependentes e o colapso da economia mundial diante de uma pandemia tem mostrado que a sobrevivência das empresas no futuro próximo será muito difícil na forma que estão organizadas hoje e que colaboração entre países é mais eficiente na solução de problemas globais que a competição.
Será que este momento de crise global não é o momento propício para que não apenas as grandes mentes das ciências biomédicas estejam unidas em torno da busca de uma cura e as mentes das ciências exatas unidas em busca de soluções tecnológicas mas que os pensadores das ciências sociais também se unam não apenas para pensar em soluções paliativas e imediatas para a economia ou para justificar ideologias anacrônicas mas para pensar novas formas de organização social e econômica disruptivas mais condizentes com os tempos atuais? Fica o desafio. Tempo para pensar, no momento temos de sobra.