O CUSTO DA DESCONFIANÇA PARA OS NEGÓCIOS!
A cultura competitiva está por traz da lógica do mercado, e isso faz com que as pessoas tentem sempre dar o seu melhor para conseguir colocar o nariz fora d’água nos mercados em que atuam. Para negociações, valem-se de blefes, meias verdades, e a ordem primeira é tirar o máximo do outro, terminando como o mais fera.
Há um papo de que negociações devem ser ganha x ganha; mas, esse é um estágio mais avançado de alguns poucos que já percebem que os processos puramente competitivos destroem relações de médio a longo prazo.
Afinal, ninguém gosta de fazer negócios com quem só quer tirar de você, e não ganhar com você, com histórico de ter lhe causado problemas e prejuízos.
A nova geração de startups, inspirada pelo sucesso do Vale do Silício americano, e que se espalha pelos ambientes de makers e criadores de projetos inovadores, tem mudado este paradigma! O ambiente mais colaborativo é uma característica forte dessa nova turma, que compartilha ideias e sempre dá dicas e feedbacks sobre os projetos dos outros. Entendem que o mais difícil é colocar uma ideia em pratica e, na grande maioria, boas estratégias descobertas nesse ambiente colaborativo acabam por inspirar novas ideias para cada projeto particular.
A ambiente é de COOPETIÇÃO, onde os vencedores são os que têm capacidade de colher ideias, validá-las e fazer delas um negócio com efeito no mercado. Para isso, cooperam uns com os outros no desenvolvimento das ideias, e competem nos mercados.
O problema se dá quando essa turma tenta entrar em contato com empresas tradicionais!
Desde meados de 2016, tenho atuado como coach de inovação para mais de 120 engenheiros empreendedores, num programa da FIEMG e SEBRAE, cuja estratégia é encontrar, em algumas indústrias, dores, problemas e oportunidades e propor, assim, soluções interessantes para estes mesmos empresários e para o mercado. Para os empresários, é uma consultoria gratuita e recebem de presente dicas e soluções de engenheiros formados pelas melhores faculdades, orientados por diversos mentores técnicos e de negócios. Parece ótimo, não!?
Não para estes empresários tradicionais! A dificuldade dos engenheiros de encontrar portas abertas é imensa, e apenas alguns poucos empresários permitem abrir “seus grandes segredos de produção” para estes “intrusos”.
O mais interessante, porém, é que os empresários que se abrem aos engenheiros e seus conhecimentos são, geralmente, os mais bem-sucedidos do setor, ou os que mais crescem em seus mercados.
Coincidência? Claro que não!! O mundo mudou, e as ideias continuam valendo muito pouco; o que mais vale é a capacidade de fazer negócio com elas. Guardar segredos é uma prática que já deu certo, mas que vem é impedindo que o conhecimento seja compartilhado, aplicado e multiplicado.
Esse é mais um alto custo da desconfiança que, de tão grande, tem virado pobreza de espírito! Se é de graça, desconfiam que há uma pegadinha; se é barato, deveria ser de graça; se é caro, nunca olham o custo benefício. E assim vem a estagnação, a obsolescência, e a morte do negócio!
Nem falamos na necessidade de instalação de equipamentos de segurança, de contratação de supervisores para controles de funcionários, custos cartoriais, policiamento e fiscalizações, leis e mais leis inúteis, burocracia... More num país onde há confiança um no outro e se assustará como a vida pode ser muito mais simples! Eu tive esta experiência na Nova Zelândia.
Por isso acredito nessa nova geração de brasileiros que pensa diferente, colabora e que construirá uma nova economia. Tudo será muito diferente em poucos anos!
E vamos em frente, que o mundo não para!
(*) Rafael Lucchesi Gomes é graduado em Administração pela UFMG, tem especialização em Consultoria para Pequenos Negócios pela FIA/USP; em Agentes de Desenvolvimento em Cooperativas, pelo UNICENTRO Newton Paiva/MG; e em Ferramentas de Coaching em Inovação e Empreendedorismo, pela BABSON COLLEGE/EUA. Palestrante e consultor associado ao SEBRAE, FIEMG e OCEMG, é consultor organizacional com vasta experiência em negócios e em estratégias de desenvolvimento setorial/territorial e Sócio-Diretor da LUCCHESI Inteligência em Negócios.
www.lucchesiconsultoria.com.br