O desafio de se reinventar
Vivemos numa sociedade acelerada. Um ano é suficiente para dobrar o conhecimento humano. No início do século XX, cem anos eram necessários para tal façanha. Nesse processo, profissões surgem e deixam de existir num piscar de olhos.
A simples possibilidade de perder a profissão de uma vida gera reflexões, que costumamos procrastinar. E começamos a nos perguntar se nossas escolhas fizeram sentido no tempo e se tem algo no mundo que gostaríamos de fazer mais.
Em paralelo, a vida profissional se estende. Li sobre o conceito da “gerontolescência”. É uma construção social inédita, graças aos avanços tecnológicos, médicos e sociais: uma grande massa de profissionais com mais de 50 anos, ativos, “com um nível de saúde e vitalidade maior e melhor formação do que as gerações que envelheceram antes dele”. Uma nova fase da vida, com mais liberdade e cheia de aprendizado, que pode durar décadas.
Os tempos ultraconectatos, em real time, numa economia cada vez mais colaborativa, também nos permitem estar em diferentes locais e trabalhos num mesmo dia. Podemos tomar café num país, almoçar em outro e, por fim, jantar e dormir num terceiro. Isso sem ser milionário. Tente o aplicativo NaHora para comprar passagens no último minuto para qualquer lugar do Brasil a preços imbatíveis. Não quer o desconforto de um avião enorme, cheio de gente? Tente o Flapper e pegue carona num voo executivo, pagando quase o preço de um bom voo comercial. No meio desses deslocamentos, uma video conferência por Zoom com pessoas em vários outros países. O tempo e o espaço ganharam novas dimensões.
Recomendados pelo LinkedIn
Nesse cenário, somos fadados a ter uma única profissão ao longo da vida? Naturalmente que não. Mas porque lutamos para nos manter nela? Aos 18 anos, já sabia o que eu queria estudar e no que trabalhar. E assim o fiz. Virei uma jovem executiva, workaholic e feliz. Porém, chegam os 40 e a gente se pergunta: é só isso? Para piorar, fui mãe tardia, ao 38 e 43. E nada como a maternidade para suscitar novos questionamentos.
Resultado: hoje, tenho uma atuação profissional muito mais ampla. Mas quando me perguntam o que eu faço da vida, para encurtar a história, ainda respondo "administradora". Acho que sou My Life CEO. Imagina eu ter que explicar que sou conselheira de administração, que dou aulas, sou investidora-anjo, e mentora quando há um espaço na agenda. Cada vez mais, contudo, aprecio minhas novas atuações. E me sinto uma trainee, aos mais de 50 anos. E, se quer saber, para ser boa em meus novos papéis, preciso repensar diariamente muito do que aprendi como executiva. São atuações diferentes, mas tão desafiantes quanto. Reinventar-se é inovar a si mesmo. Sempre dá trabalho, mas se insistir, vale o trabalho.
Cecília Andreucci, conselheira de administração.
Fundador e Sócio da Condere | Conselheiro
7 aCecília Andreucci, PhD Belo artigo e interessantes reflexões!
Marketing Manager | Clinical Solutions Segment na Elsevier | Healthcare | Digital Transformation | Business Strategy | eHealth | Innovation
7 aTrabalhar com prazer e estar em constante processo de colaboração e aprendizagem vale muito a pena sempre! Obrigada por compartilhar suas reflexões, me identifiquei!
Conselheira de Administração, Comitê de Auditoria, Conselheira Fiscal, CFO e RI
7 aExcelente artigo Cecília! Parabéns! Estou passando por reflexões parecidas com as suas. 😘
Consultoria e CCA IBGC
7 aSó, vc mesmo ! Na prática , guardadas as proporções vou em linha parecida. Formalizei aposentadoria há 10 anos, mas nunca consegui aproveitar a piscina que vejo todos os dias ( só não abro não abro mão da ginástica )participo de 3 comissões do IBGC e mais dois grupos de trabalho. Pior é tudo pró bono e ainda pago para ser sócio e pago estacionamento do meu bolso. A contrapartida é dar aulas e recuperar parte do prejuízo. Mas vale a pena , mantenho-me atualizado e sobra um tempinho para algumas consultorias. Mas, de novo , parabéns ...