O Design é um atalho mental

O Design é um atalho mental

Olhe para esse logotipo e me diga: que marca você vê? Ou qual é a marca que você lê?

Você vê uma coisa e lê outra?

Observe agora os logos da linha de baixo e repare que, mesmo sem conseguir ler o nome do produto nessas línguas, você sabe qual é o refrigerante. 

Você sabe por que consegue reconhecer o produto nessas situações? A razão é o design, que através da coerência do seu sistema de identidade visual, consistentemente construído durante décadas, tornou-se um atalho mental entre você e as marcas, produtos ou serviços.

Isso é design!

Se, em vez disso, tirarmos os produtos das suas embalagens, perceba como fica difícil diferenciá-los. Se colocarmos os dois refrigerantes concorrentes em copos, um ao lado do outro, a escolha fica impossível de ser feita. Mesmo ao experimentar, nos chamados testes cegos, está comprovado que as pessoas erram com frequência. Somos profundamente influenciados pelas marcas e, por conseguinte, pela sua materialização visual através de elementos do design.

Os produtos sem as suas embalagens tornam-se simplesmente o próprio produto, o que é muito pouco.

Agora, imagine se a cada dia você lesse um jornal diagramado de modo diferente. Se as fontes tipográficas usadas nos textos mudassem, os artigos redigidos pelos seus colunistas preferidos apresentassem nova disposição gráfica e posicionamento das páginas, as legendas fossem colocadas de maneira distinta… Como seria complexo: a cada dia uma descoberta e um novo aprendizado para ler o jornal! Para ter certeza do que digo, pegue um jornal que você nunca leu, de outro estado, e veja como é difícil essa tarefa.

Sim, designers são responsáveis pelo projeto gráfico do jornal. O design serve como um orientador e hierarquizador da sua leitura, seja no jornal, nas revistas, nos portais da internet ou nas telas dos aplicativos que você usa.

Existe outro ponto que merece destaque: o design é um atalho mental para a categorização das coisas de que gostamos ou não. Imagine duas revistas que tenham exatamente o mesmo conteúdo, mas com layouts diferentes. Veja a seguir um exemplo que criamos para você. Leia e certifique-se de que as chamadas, o nome da revista e a imagem são os mesmos, porém essas duas capas mostram revistas diferentes, para públicos diferentes, certo?

O design posiciona as coisas para cada um de nós. Eu vejo e identifico se servem para mim ou não.

Recorda-se de que, antes, falei em aprendizado para ler? Vamos, então, para um shopping. Você deseja encontrar um banheiro e imediatamente procura por uma placa de sinalização com duas figurinhas, não é? São símbolos universais de banheiros, certo? Pense como você aprendeu isso sem se dar conta. De certa forma, em uma analogia possível, esses símbolos equivalem às letras, as placas correspondem às frases e o sistema completo de sinalização representa a gramática. É por isso que nos orientamos e chegamos aos nossos destinos nos shoppings, nas ruas, estradas ou nos aeroportos.

Vamos agora escrever a palavra “cadeira”. Você mentalizou alguma cadeira em especial? Creio que não... Assim como quando digo “cavalo”, não mentalizamos se ele é preto, branco, marrom, malhado etc. Portanto, ao elaborar o projeto de uma cadeira, o designer parte do entendimento de para quem ela é feita e em qual situação será utilizada, para, finalmente, pensar em formas, materiais, processos construtivos, entre diversas questões relacionadas com o uso daquele objeto. Mesmo aspectos emocionais são levados em consideração. 

Design é forma, função e emoção. 

Cada cadeira nesta imagem é….. uma cadeira! Mas elas possuem funções bem distintas, não é? Ao centro, acima, é uma cadeira de trabalho, como a imediatamente abaixo deve ser de um bar, e a que fica à sua esquerda compõe uma mesa de jantar. O design de cada uma delas nos diz isso. 

O design dota ambientes, roupas, móveis, publicações, produtos e serviços de personalidade e significados. O design é uma ponte para o entendimento.

Tenho certeza de que a maioria das pessoas pensa que o design é apenas decoração e os designers são os responsáveis pelo desenho dos móveis que vemos nas lojas especializadas. Sim, também são. Mas, como vimos até agora, design é bem mais que decoração. Design faz parte e está presente em cada momento de nossas vidas. Daí ser tão complexo entendê-lo, afinal não se trata de uma atividade única.

O design é transversal, está presente em várias cadeias produtivas e é profundamente responsável pelos benefícios estratégicos dos produtos e serviços que fazem nossas vidas melhores. 


Excelente Ricardo! O design está presente em todos os momentos de nossa vida e influência diretamente em nossas decisões no dia-a-dia sejam elas conscientes ou inconscientes. É o responsável pela forma como percebemos o mundo através dos nossos 05 sentidos moldando o nosso conceito sobre tudo e todos. O design alinhado a outras disciplinas, habilidades ou ferramentas se torna algo com uma capacidade transformadora enorme no mundo. Infelizmente a verdadeira essência do design é pouca disseminada é ligada diretamente a beleza, não que esteja errado, pois não iremos consumidor ou gostar de algo que não seja atrativo(Isso é chamado de design visceral). Essa essência do design deve chegar ao ouvido das pessoas no geral, este conceito é super "elitizado" e acredito que estamos aqui para mudar isto. Obrigado por compartilhar a sua visão com o mundo e contribuir para essa mudança.

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