O Desmame da Depressão
Identifiquei-me com depressão aos 16 anos, na época ainda não se podia falar de tal coisa, ainda mais em uma cidade pequena, onde TODOS conhecem TODOS. Fui levando a cabo, dia após dia tentando entender o que se passava com minha cabeça.
Comecei então aos 18 anos um estudo pessoal e profundo sobre o meu próprio problema, fiz amizades com quem eu identificava que podia ter ou que já tinha, tentei entender na visão de dezenas se não centenas de pessoas que se perguntavam o mesmo que eu, de onde vem esse sentimento negativo? De onde vem o medo de encarar a realidade como é de fato? De onde vem tamanha carga de pensamentos ruins que nos rondam?
A fim de apresentar meus estudos publicamente a partir desse artigo, uma das coisas mais faladas e mais encontradas eram profissionais que trabalham duro para serem reconhecidos, o texto vai parecer favoritismo a alguma área, mas sabemos que todas as áreas trabalham duro.
Em seguida, comecei a pesquisar os mais ricos depressivos, tanto em minha família (os que negam e os que tratam), quanto em todos os tipos de notícias e fatos testados diversas vezes, percebi daí que realmente o dinheiro não se trata do fator maior da depressão, e sabe por quê?
Sendo do interior, vi muitas pessoas serem realmente felizes apenas com um simples carro, uma simples casa e não quererem mudar o fato do que já possuem que pode ser muito pouco, isso é algo que eu mesmo compreendo então, como dito no artigo anterior, eu fui testar do jeito antigo *vivendo a experiência*.
Troquei aquele emprego abusivo por viver de uma empresa que sempre toquei sozinho, mas agora, tinha uma ajudante que já era e continua a ser minha parceira de vida, parei com os remédios, fui para o ar puro, para perto da natureza, onde eu poderia meditar como meu Mestre Buda fez e assim encontrar o caminho para uma das 4 nobres grandes verdades:
- O Sofrimento
- Foi no budismo que aliás eu encontrei diversas portas para a saída da depressão e uma delas a mais simples de todas a simples respiração de forma correta, quando comecei a praticar esse tipo de coisa ainda era um pouco estranho e isso, estou falando de apenas 8 anos atrás.
Voltando aos fatos, não resisti a tentação de ficar sem a medicação, o despreparo emocional de parar de uma vez com o cigarro, com os remédios e com tudo o que fazia mal me causou a pior de todas as depressões que eu pensei que teria, eu não conseguia me mover, apenas queria dormir o dia todo e isso eu já estava com a idade de 27 anos.
Ao voltar com uma das medicações, como sempre em menos de 14 dias você já sente a melhora, a falta de percepção dos problemas que continuam existindo, mas você “dopado” de algum “santo” remédio não verá nem a cor do problema.
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- Apenas para ressaltar que sou totalmente a favor do uso de medicação para qualquer nível de depressão, o texto conta uma longa jornada de 8 anos que é resumida em poucos fatos.
- Um pouco antes de eu tomar a decisão de enfrentar os medos da abstinência química (LEGAL), abri a internet, era dezembro o mês do meu aniversário, sempre fui viciado em notícias e percebi que devido a tanto trabalhar nem notei que o meu pior medo possível estava dando os primeiros passos, era dezembro de 2019, eu tinha acabado de me mudar para o interior para viver uma vida mais plena e menos *afortunada*, porém algo em minhas variáveis não permitiu que meu processo de evolução fosse fácil, estou falando do COVID que chegou com força logo após o carnaval do próximo ano.
Me vi pela primeira vez em anos sem chão, doei todos os móveis do antigo apartamento para recomeçar de novo em minha cidade natal, porém agora como eu tinha dito algumas vezes, se uma epidemia avançar muito, meu setor o da Informática iria recuar.
Como de costume, todas as vagas da minha área congelaram, só ficaram os RHs (não estou criticando à todos) coletando CVs para o fim da pandemia que ninguém sabia quando, onde e como seria, apenas pensamentos positivos deveriam ter inundado a mente de todos...
Bom, não foi o meu caso, eu já estava apto a passar um período forte de depressão e ai, com essa notícia eu achei com certeza que seria o meu fim, não para suicídio ou coisas assim, se já pensei nisso foi durante a adolescência quando eu não entendia nada do que sinto hoje, mas achei que minha carreira, meu nome, tudo o que construí por mais de 20 anos de estrada iriam simplesmente morrer ali comigo no interior, voltei para ser sepultado por um vírus (tenho problemas cardíacos e pneumáticos) e cheguei a pensar e até algo que eu não fazia há muito tempo que era Orar.
Só pedi ao Pai, aquele que independente do que acham eu sempre acreditei que protegesse o mundo, sendo egoísta começando da minha família, eu era o que provinha frutos para aquele início de família e já possuía frutos de uma extensão primogênita que possuo, eu só queria viver para ver meus filhos envelhecerem, senti falta do mundo como era antes, o mundo que eu falava para mim que eu odiava, que eu queria ver queimar (em um sentido depreciativo de muita raiva), mas me encontrei ali, todo dia, visitando um milhão de sites para saber quando seria o fim da pandemia.
Nas minhas contas iniciais, eu disse no mínimo 2025, pois fazer uma vacina não é tão fácil quanto parece ainda mais nas situações em que surgiram, mas felizmente depois de tanta dor para mim e para tantos que estão ou não lendo esse artigo, estou vacinado, por todas as doses que foram necessárias, minha asma passou, meu pulmão que era meio cansado, parece que se fortificou, fico me sentindo um sortudo por ter pedido pouco na pandemia, há pessoas que ainda estão “sangrando” devido ao que essa vastidão de sofrimento nos causou.
Acima, o melhor anti-depressivo que a pandemia nos tirou (temporariamente).
Continua na segunda parte...