O escultor, o jardineiro e o publicitário
Em um mundo cada vez mais moldado pela inteligência artificial, a maneira como pensamos e criamos precisa evoluir. As novas tecnologias não apenas alteram as ferramentas que utilizamos, mas também redefinem os processos e abordagens que adotamos em nossas profissões. Para os publicitários e profissionais criativos, compreender e integrar essas mudanças é essencial para se manterem relevantes e eficazes em um cenário em constante transformação.
A transição de “essências” para “sequências” sinaliza uma mudança fundamental na forma como abordamos a resolução de problemas. Antes, buscávamos a essência de uma ideia, reduzindo conceitos complexos aos seus elementos fundamentais. No contexto da publicidade, isso significava entender profundamente o público-alvo, distilando mensagens-chave que ressoassem com os valores e necessidades essenciais dos consumidores. Porém, com a inteligência artificial, passamos a nos concentrar em sequências: padrões de comportamento e cadeias de eventos que levam a determinadas ações. Em vez de nos basearmos apenas em perfis demográficos ou psicográficos estáticos, podemos agora analisar trajetórias comportamentais dinâmicas, permitindo previsões mais precisas e estratégias mais eficazes.
Essa mudança está intimamente ligada à transição de “regras” para “padrões”. Tradicionalmente, a publicidade se apoiava em regras estabelecidas: princípios de design, técnicas de redação persuasiva e estruturas narrativas comprovadas. Com a IA, a ênfase desloca-se para a identificação de padrões sutis nos dados que escapam à percepção humana. A capacidade das máquinas de aprender e identificar padrões complexos permite que os publicitários criem campanhas altamente personalizadas e adaptativas, ajustando-se em tempo real às reações do público e às tendências emergentes.
A evolução de “processo” para “intuição” desafia a noção de que a criatividade é exclusivamente humana. Enquanto antes confiávamos em processos estruturados para desenvolver ideias — brainstorming, briefings criativos, storyboards — agora podemos alavancar a IA para gerar insights intuitivos que não seguem necessariamente um caminho linear. A inteligência artificial pode analisar vastos conjuntos de dados e oferecer soluções criativas que poderiam não ser evidentes através de métodos tradicionais. Isso não substitui a intuição humana, mas a complementa, ampliando o leque de possibilidades e inspirando novas direções criativas.
A analogia de “esculpir” versus “cultivar” reflete uma mudança na abordagem do trabalho criativo. Anteriormente, o publicitário era como um escultor, moldando cada aspecto de uma campanha com precisão e controle total. No novo paradigma, o papel assemelha-se mais ao de um jardineiro, que cria as condições ideais para que ideias cresçam e floresçam. Isso implica em confiar nos processos alimentados pela IA, permitindo que as campanhas evoluam organicamente a partir de interações e feedbacks constantes. O profissional passa a orientar e nutrir o processo criativo, em vez de tentar controlá-lo em cada detalhe.
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Por fim, a transição de “explicações” para “previsões” tem profundas implicações para a estratégia publicitária. No passado, buscávamos entender o “porquê” por trás do comportamento do consumidor, desenvolvendo teorias e modelos que explicassem suas motivações. Com a IA, a ênfase desloca-se para o “o que vem a seguir”. A capacidade preditiva das máquinas permite antecipar tendências, comportamentos e necessidades, muitas vezes antes mesmo que os próprios consumidores as percebam. Isso não apenas aumenta a eficácia das campanhas, mas também exige que os publicitários adotem uma mentalidade mais ágil e proativa.
Em suma, essas mudanças desafiam os publicitários a repensarem seu papel e suas metodologias. A inteligência artificial não é apenas uma ferramenta adicional, mas um catalisador para uma transformação profunda na maneira como concebemos e executamos ideias. Ao abraçar essas novas abordagens — focando em sequências, padrões, intuição, cultivo e previsão — os profissionais podem explorar todo o potencial da IA para criar campanhas mais relevantes, impactantes e inovadoras.
No entanto, é crucial lembrar que, apesar dessas mudanças, o elemento humano permanece central. A empatia, a compreensão profunda das nuances culturais e emocionais, e a capacidade de contar histórias significativas são atributos que a inteligência artificial ainda não consegue replicar plenamente. O verdadeiro poder surge da sinergia entre a tecnologia e a criatividade humana. Ao equilibrar a análise de dados e a intuição, as regras e os padrões, os publicitários podem navegar com sucesso neste novo cenário, garantindo que suas mensagens continuem a ressoar em um mundo em constante evolução.
redação publicitária feita utilizando a metodologia • engage •
Estrategista de Marketing | Branding e Gestão de Marcas | Análise de Mercado | Campanhas Multicanal | Gestor Comercial
3 mEsse texto sobre o “escultor, jardineiro e publicitário” é uma ótima reflexão sobre como a publicidade precisa de visão e paciência, como um bom jardim ou uma escultura que revela suas formas com o tempo. Em marketing, às vezes buscamos resultados rápidos, mas criar uma marca memorável exige o cuidado de quem cultiva e ajusta ao longo do tempo. A construção de uma narrativa forte e envolvente demanda esse equilíbrio: plantar ideias, regá-las com consistência e permitir que cresçam até que a mensagem realmente floresça no público.