Como a IA generativa entrou na rotina de profissionais criativos
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Como a IA generativa entrou na rotina de profissionais criativos

Lucas Carvalho, editor de tecnologia e inovação

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Dando um zoom: uma olhada mais de perto no tema em alta do momento

Você é do time que prefere usar a inteligência artificial generativa a seu favor ou dos que preferem boicotar a tecnologia com medo de ser substituídos por ela? Se a sua resposta for em linha com a primeira opção, você faz parte da maioria. Pelo menos no mercado criativo.

Em um levantamento divulgado pelo Canva em outubro, feito a partir de entrevistas com 4.000 líderes do setor criativo no mundo (incluindo 524 do Brasil), 75% dizem que a IA já faz parte do repertório de ferramentas utilizadas cotidianamente no trabalho. No Brasil, 99% dizem se sentir confortáveis com a evolução da tecnologia.

Por trás da receptividade, porém, outros sentimentos aparecem. A mesma pesquisa aponta que 54% das pessoas entrevistadas se sentem pressionadas a usar IA no trabalho. E entre os 17% que dizem não se sentir confortáveis com a tecnologia, a principal preocupação é com a possibilidade de que uma dependência excessiva da ferramenta acabe inibindo ideias originais.

Outros temores citados são com a proteção de dados e com direitos autorais. Nada disso tem impedido que empresas adotem IA generativa num ritmo frenético, porém: além do próprio Canva, outras companhias que fornecem ferramentas para designers também entraram na onda.

A diferença é a abordagem: enquanto Adobe e Shutterstock fazem questão de dizer que suas IAs foram treinadas com conteúdo licenciado e aprovado pelos criadores, outras empresas são alvo de críticas por usar uma tecnologia que, em muitos casos, é treinada a partir do trabalho de artistas humanos que não foram consultados ou compensados por isso.

Foi o caso do Marvel Studios, que gerou revolta entre artistas profissionais por utilizar IA generativa na sequência de abertura da série “Invasão Secreta”, exibida pelo streaming Disney+. A produtora diz que nenhuma vaga para designers humanos foi fechada pelo uso da tecnologia, mas a histórica relação conturbada da Marvel com quadrinistas foi suficiente para gerar desconfiança.

Especialistas, porém, concordam que não adianta brigar com a tecnologia. Se aproveitar das novas ferramentas para tornar seu trabalho mais eficiente e original é a única opção de quem não quer ser deixado para trás na competição do mercado, segundo profissionais consultados pelo LinkedIn Notícias.

A IA no dia a dia

"Gosto sempre de pensar nas inteligências artificiais como ferramentas. Por isso, vejo seus benefícios e malefícios como, muitas vezes, frutos do mesmo fato.” - Maiane Gabriele, designer de UI e UX

Quando o designer de produto Danilo Macêdo de Souza precisou projetar uma arte para o convite da festa de aniversário da esposa, foi a IA generativa do Photoshop que o ajudou. Mas só até certo ponto.

“Testei solicitando balões, confetes, coisas do tipo, mas as variações não me agradaram muito. Somente usei uma, mas ainda editei e joguei alguns efeitos”, conta Danilo em um post no LinkedIn. “Então foquei no que sempre fiz. Busquei algumas referências e fiz de acordo com o que eu conhecia da minha esposa, em questão de cores, sentimentos, sua melhor foto, e o resultado final ela amou.”

Este é um exemplo de como a maioria dos designers consultados pelo LinkedIn Notícias têm usado IA generativa no trabalho: como um apoio no processo inicial de rascunho. A tecnologia é útil para despertar a criatividade e sugerir referências, mas o trabalho final só fica pronto depois de muita iteração humana.

“Uma das funções mais legais que descobri pesquisando softwares [de IA] é a do tratamento de imagens e recuperação da resolução. Sério, pra mim tem servido demais!”, compartilhou o designer Andre Hippertt , que usou a tecnologia para ampliar a resolução de imagens antigas preservando a qualidade e até recuperando partes danificadas. “Com ajustes feitos pelo humano de plantão (eu), a parada fica bem legal!”

A artista gráfica Karina Nishioka também compartilhou no LinkedIn um exemplo de como a IA pode produzir rascunhos, mas só o talento humano pode superar as limitações da tecnologia. Sua tarefa era produzir a cena de uma reconstituição de acidente como parte de uma reportagem do programa “Domingo Espetacular”, da TV Record. O briefing: um casal de meia idade na janela de um apartamento que pegava fogo.

Como a IA não reproduz cenas de violência explícita ou risco a seres humanos, coube à artista o trabalho de mudar a expressão das personagens e sugerir a presença do fogo – além de corrigir as mãos, um dos mais famosos pontos fracos dessa tecnologia.

“No contexto da ilustração e animação para televisão, o uso de IA generativa parece ser um divisor de águas na relação produtividade/qualidade”, diz Karina. “Acredito que precisamos de mais tempo para naturalizar algo que reposiciona o processo criativo dessa forma.”

A IA generativa entra em outras tarefas do trabalho criativo que vão além da geração de imagens. O designer de conteúdo ATILA VELO afirma que usou a tecnologia para redigir textos usados na gestão da equipe, e o designer de produto Felipe Romão 🏳️🌈 contou como chatbots inteligentes inspiraram a criação de uma nova funcionalidade da plataforma JusBrasil que resume complicados documentos jurídicos em textos menos técnicos para leigos.

A designer de UI e UX Maiane Gabriele 🙆🏻♀️ reforça a opinião de que a IA é uma ferramenta que pode ser útil no trabalho de profissionais criativos e de produto, desde que usada com responsabilidade. Neste post, Maiane compartilha ainda quatro etapas para garantir que seu uso de IA no trabalho é responsável, levando em consideração preocupações com proteção de dados e exploração de direitos autorais.

“No fim do dia, o melhor termômetro é o bom senso. Não sair usando algo só porque todos estão usando”, diz ela, em comentário compartilhado com o LinkedIn Notícias.


Atualize-se: as últimas notícias do mercado da inovação

🧠 Há uma “fuga de cérebros” no mercado brasileiro de IA. Em um ranking que avalia o desenvolvimento da tecnologia em 62 países, o Brasil aparece em 35º lugar. Mas se considerado apenas o critério "talentos", o país fica em 21º. A explicação, segundo especialistas: os talentos brasileiros estão trabalhando para o exterior.

💡 A inovação aberta movimentou R$ 6,4 bilhões no Brasil em 2022. É o que diz um levantamento da organização 100 Open Startups, que registrou mais de 54 mil contratos firmados entre empresas tradicionais e startups no último ano. As áreas que mais receberam investimento foram IA, análise de dados e produtividade.

🛰️ A Starlink “dominou” a Amazônia: 90% dos municípios da região possuem antenas da empresa de internet via satélite de Elon Musk. A política de livre acesso, preços competitivos e a escassa concorrência explicam o sucesso, mas também geram debates sobre privacidade e soberania nacional.

🧑💻 Gestão de pessoas é o principal desafio dos líderes de TI, segundo uma pesquisa com 298 executivos brasileiros. As três principais preocupações citadas são a escassez de talentos, ter um número de profissionais adequado às demandas, e destacar a relevância da TI para a alta administração e outras áreas de negócios.

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Abrindo o código: comentários da comunidade de tecnologia no LinkedIn

Na última edição do Boletim Tech, a vice-presidente de operações da Oracle para a América Latina, Marcelle Paiva , compartilhou as lições da sua trajetória na liderança de empresas de tecnologia. A entrevista rendeu reflexões da comunidade sobre quais são as habilidades fundamentais de quem exerce um cargo de liderança. Confira a seguir alguns dos melhores comentários.

Na pare de tecnologia é comum o haver o engano de que apenas saber "conversar" com computadores é o bastante para ser um bom profissional. Isso é um erro, pois, por mais obvio que pareça, nós acabamos esquecendo que todo sistema, toda ferramenta, todo software e toda inovação é feita por humanos e para humanos.  Não se desenvolve sistemas pelos sistemas, não se cria empresas pela empresa, não se aprimoram soluções pela solução. Tudo isso é feito pelo impacto positivo na vida de seres humanos reais.  Não conseguir falar com seres humanos, ouvir seres humanos, entender as dores e necessidades de seres humanos, é um dos maiores erros que um desenvolvedor pode cometer. Supor que sabe mais sobre o usuário do que ele mesmo é o principal motivo de insucesso de novas soluções.  A tecnologia não é sobre tecnologia, é sobre tornar a vida das pessoas melhor.
Tenho plena convicção que líderes de sucesso transcendem expertise técnica. Eles dominam o equilíbrio emocional, enfrentam adversidades e capacitam a equipe para delegar responsabilidades. Os líderes do futuro não apenas resolvem problemas; eles se antecipam e desenvolvem soluções proativas. Essa visão progressiva é essencial para liderar um mundo em constante evolução, onde a adaptação e a inovação são fundamentais. Portanto, o papel de um líder moderno é ser uma mudança de mudanças, inspirando e capacitando sua equipe para enfrentar desafios de forma colaborativa, mantendo o foco no futuro e na superação de obstáculos antes mesmo que eles se manifestem. Isso não apenas garante o sucesso a longo prazo, mas também cria um ambiente de trabalho mais motivador e produtivo, onde todos podem prosperar.
A liderança eficaz exige uma variedade de habilidades fundamentais. Ser empático é uma delas. A capacidade de entender as preocupações e aspirações dos outros, ouvir atentamente e demonstrar interesse genuíno no bem-estar da equipe, é crucial. Além disso, a comunicação eficaz desempenha um papel vital. Isso envolve expressar a visão, estabelecer expectativas, oferecer feedback construtivo e manter um diálogo aberto e transparente. A resiliência é outra pedra angular da liderança. Enfrentar desafios e adversidades faz parte do caminho, e um líder deve manter a calma, confiança e determinação, solicitado como um farol de esperança para a equipe. Tomar decisões informadas e éticas, muitas vezes sob pressão, é outra habilidade crítica para líderes, pois suas escolhas moldam o destino da equipe e da organização. Por fim, uma liderança eficaz também envolve uma capacidade de inspiração. Isso significa compartilhar uma visão inspirada, estabelecer metas desafiadoras e fornecer orientação e apoio para capacitar os membros da equipe a alcançar seu potencial máximo. Desenvolver e aplicar essas habilidades com integridade e paixão é a chave para fazer uma diferença significativa na vida das equipes e no sucesso das organizações.
Concordo plenamente sobre a importância das 'soft skills'. Habilidades como comunicação efetiva, adaptabilidade e resolução de problemas são cruciais. Em um setor em constante evolução, a capacidade de se adaptar a novas tecnologias e resolver problemas complexos de forma criativa é fundamental para o sucesso. Líderes precisam inspirar, motivar e promover a colaboração para enfrentar os desafios do dinâmico cenário tecnológico.
Com certeza as softskills bem trabalhadas são passaporte para você ser líder.  E nem estou falando de uma posição de "cargo mais alto" porque ser líder vai muito além disso. É inspirar, é conseguir pensar fora da caixa, é saber lidar com adversidades e acima de tudo, saber formar outros líderes.  E quando suas softskills são bem trabalhadas, elas se tornam um canivete suíco para que você plante ideias e desenvolva pessoas e ambientes bastante positivos e produtivos, em ideias e em entregas prazerosas que alcançam objetivos.  Se está de olho na sua evolução na carreira, fique de olho nas suas softskills também.
Que legal conhecer sobre a trajetória da Marcelle Paiva! É inspirador para mim que também tenho formações no em humanas e acabei vindo trabalhar com o digital. Acho que o nosso maior trunfo, além das soft skills, é a multidisciplinaridade. O mercado fala tanto sobre "pensar fora da caixa", mas não são todas as empresas que estão dispostas a abraçar pessoas com formações não convencionais, que podem trazer pluralidade (e consequentemente inovação) para seus times

Foram destacados nesta edição os comentários de Lucas Palhano Fonseca , Alex Soares , Thais Leonarda , Janaina Marchesi , Felipe de Oliveira Cezar 🏳️🌈 e Marcella Erédia .

Quer ter sua perspectiva destacada aqui? Faça um comentário ou compartilhe esta edição com a sua rede, destacando o assunto que mais chamou a sua atenção.

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Convido vocês a conhecerem e fazerem parte da Associação Brasileira de IA Generativa, fundada este ano. Nosso objetivo é, além de fomentar o avanço da IA Generativa no Brasil, promover letramento, conectar a comunidade e somar esforços para a construção de uma relação mais saudável, ética e segura com as ferramentas à disposição de todos.

Camila Giroto

Psicóloga | Gestão de Pessoas | Recrutamento e Seleção | Desenvolvimento Humano

1 a

Inteligência artificial no recrutamento é um tema que divide opiniões, não é mesmo? Por isso, estou coletando dados para uma pesquisa acadêmica vinculada ao MBA em Gestão de Pessoas da USP/Esalq para avaliar a percepção de candidatos sobre o uso de IA em processos de seleção e seu impacto na atratividade organizacional. Contribua com a sua opinião respondendo ao formulário do link, leva menos de 10min 👉 https://forms.gle/KGMeyNxRxoDN8KQk6

Marianna Maria Pereira Bürgel

Especialista em Gestão de Clientes e Excelência Operacional

1 a

Explanarei minha opinião e percepção da evolução humana e sua correlação com a IA de uma forma diferenciada da que tenho lido e observado por aí. Poderia falar a demeris sobre os benefícios do avanço da tecnologia, dos conceitos inovacionais, da Inteligência Artificial e de qualquer outra ferramenta que tenhamos criados, mas efetivamente o que vejo é um colapso do mundo complexo, burocrático, controlado e limitado que criamos, cada vez gerido por mais regras, rótulos e limitantes. Cujo resultado foi a estandardização do humano, ausência do indivíduo, das particularidades, das diferenças, da liberdade de expressão do processo criativo, da construção de visões, percepções e inovações verdadeiramente disruptivas. Vejo que deixamos de ser seres humanos para sermos profissionais e isso honestamente me entristece um pouco (e sim falemos de sentimentos no ambiente de trabalho, pois nada mais adequado do que nos sentirmos bem, valorizados, contribuintes e orgulhosos de quem somos e do que fazemos, do que construímos no mundo e do legado que deixamos aos nossos). (...)

Jamile Barreto ✊🏾

Letramento Racial | Mentoria| Consultoria | Palestrante | Mestre de Cerimônia DE&I | Comunicação Não Violenta| Direitos Humanos

1 a

A IA e a criatividade não precisam duelar, muito pelo contrário, quando usada com sabedoria, pode e deve conviver em harmonia. A IA não é uma vilã, mas pode se tornar, dependendo de como vai interagir com ela.

Kleber Andrade

Cargos|Coordenador de Marketing Digital|Coordenador de Gestão de Negócio|Coordenador de Gestão da Qualidade|Processos

1 a

Prezados Amigos, atualmente, o recurso mais valioso é o tempo e a capacidade de resolver problemas complexos ou simples com máxima eficiência e eficácia. Nesse contexto, consideremos como a "Inteligência Artificial" pode nos proporcionar maior precisão e agilidade ao lidar com problemas anteriormente inexplicáveis, além de fornecer diagnósticos precisos. É chegada a hora de otimizar nosso tempo precioso para atividades mais significativas, como se dedicar à saúde, tecnologia, natureza, meio ambiente e muito mais. Podemos também investir nosso tempo valioso em estar com nossos entes queridos, cuidar dos animais e ajudar aqueles menos privilegiados. No entanto, é fundamental lembrar que nosso mundo enfrenta desafios significativos e precisamos reconstruí-lo. Devemos aprender a utilizar a Inteligência Artificial em nosso benefício, sempre agindo com responsabilidade e profissionalismo. Dessa forma, só colheremos benefícios.

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