O futebol brasileiro não está em crise
Duvido que o futebol brasileiro esteja em crise. Apesar da tentativa de alguns dirigentes e de algumas instituições, nosso futebol, hoje, está muito bem, obrigado.
O clichê mais disseminado hoje é o de que, depois dos 7x1, o futebol brasileiro declarou falência. Mas quem diz isso não separa a seleção brasileira dos clubes. Sim, a seleção nacional está mal e ainda não achou um rumo, muito por causa da forma como é gerida nos bastidores. Mas os grandes clubes, com algumas poucas exceções, estão muito bem.
Foto: portal UOL.
Ótimos jogadores estão circulando pelos gramados brasileiros em 2015. Do meu time, o Corinthians, posso citar pelo menos quatro, mas temos outros ótimos atletas em outras equipes. Jovens de muita qualidade estão surgindo e dando show de bola nos campeonatos nacionais.
Além dos jogadores, temos o surgimento de uma nova safra de ótimos técnicos, todos jovens e que estão repensando o futebol com o uso de novos métodos de treinamento. O Tite no Corinthians e o Roger no Grêmio são dois grandes exemplos que me lembro agora.
Isso tem refletido em ótimos jogos, com elevada qualidade técnica e um campeonato muito disputado, apesar de o líder ter uma boa vantagem de pontos em relação ao segundo colocado.
E, agora, vou citar outro dado que prova que estamos bem: o público nos estádios.
Segundo levantamento do Globo Esporte, no campeonato brasileiro de 2015 a média de torcedores pagantes, por jogo, é de 17.160. É a melhor média desde 2009, que deverá subir, uma vez que o campeonato ainda não acabou - ainda restam seis rodadas -, e os estádios nessa reta final estão tão cheios quanto no início do campeonato.
O gráfico abaixo mostra a média do público pagante nos últimos 20 anos. Os anos de 1999, 2007 e 2009 apresentaram recordes, mas, como fica claro na imagem, a média sempre oscilou muito. No entanto, desde 2012, como indica a seta vermelha, a média só tem subido. 2009, com a barra em laranja, foi a maior média histórica, com 17.807 torcedores. A fonte é o blog Futdados.
Há quem diga que a média de público subiu por causa das novas arenas, mais confortáveis e que atraem mais gente. E isso também é verdade. Mesmo num momento econômico não favorável, com queda da renda disponível da população, os estádios, mesmo com ingressos caros, estão cheios.
Corinthians e Palmeiras são dois clubes com estádios novos e casa cheia em todos os jogos. As duas equipes inovaram com o programa de sócio torcedor, o que facilita manter a casa cheia. Para esses dois times, seja pela qualidade dos jogadores em campo ou pela média de público, o futebol brasileiro não está em crise.
Claro que nem tudo é mar de rosas e persistem problemas primários no futebol brasileiro: calendário mal elaborado; horários ruins dos jogos de meio de semana; amadorismo na gestão; jogos de péssima qualidade técnica, etc.
No entanto, temos de olhar também o que tem dado certo. Muitos dos grandes clubes passaram por reformulação em suas administrações, e é o caso de Corinthians, Palmeiras e Flamengo, por exemplo. Todos esses clubes aplicaram nos últimos anos métodos mais profissionais de gestão, embora ainda persitam resquícios ruins de épocas passadas.
Erros de juízes? Bom, aí já é um problema mundial do futebol, pois erros ocorrem em todos os cantos, em todos os campeonatos, e não só no Brasil. Logo, não é um problema exclusivo do futebol brasileiro.
E, apesar de muita coisa que vai contra, o brasileiro continua gostando muito de futebol e jogadores bons têm surgido. Se você acompanha o futebol nacional, certamente vai conseguir formar de cabeça um bom time, do goleiro ao atacante, com o que há de melhor hoje nos clubes brasileiros.
Então, para encerrar: não acho que o futebol nacional esteja em crise. Está, sim, passando por um momento de crescimento e reformulação.