O Futuro do Trabalho é Hoje

O Futuro do Trabalho é Hoje

Enquanto a gente fica pensando o que será, que será? a vida está acontecendo agora.

Não dá para negar que o mundo está se transformando rapidamente. Se isso era verdade em 2019, o que dizer de 2020? Sobre 2021, nem ouso fazer suposições. O mundo já era VUCA - da sigla em inglês para volátil, incerto, complexo e ambíguo - antes da pandemia, mas muita gente só se deu conta agora.

Embora eu goste de acreditar que tudo o que estamos vivendo neste ano acelerou muita coisa que já vinha sendo cozinhada em banho maria, vejo que muitos ainda estão de costas para o inevitável novo. Não, não o novo normal, o novo novo mesmo.

Enquanto muitas empresas aproveitaram para acelerar a sua digitalização, muitas ainda se debatem sobre como controlar os colaboradores à distância. Na era do engajamento, propósito, colaboração e autogestão, pensar em controle parece ir na contramão da história. Mas assim caminha a humanidade, com passos de formiga e…

Líderes, que há tempos vinham sendo provocados a reverem seus conceitos de gestão e que teimavam em não desapegar do status quo, foram convocados a finalmente encarar de frente a confiança, o compartilhamento de responsabilidades e a conviver com a máxima “o importante é a entrega, não a quantidade de horas trabalhadas”. Todos aqueles programas de desenvolvimento, coachings e orientações do pessoal do “ih, lá vem o RH”, de uma hora para outra deixaram de ser modernices incômodas, para serem ferramentas de primeira necessidade.

Mas são as pessoas, sim, todos nós, as pessoas, que mais uma vez estão sendo convidadas a repensarem seu lugar no mundo. Desta vez, a transformação exigida atravessou todas as esferas da vida ao mesmo tempo de forma avassaladora. O excesso de convivência doméstica nos fez repensar nossas relações mais próximas, assim como a ausência de convivência alguma, nos obrigou a lidar com a nossa solitude, que em alguns casos, desaguou na solidão mesmo. Os limites entre trabalho e vida pessoal, antes tênues, desapareceram. Isso para quem teve o privilégio de seguir trabalhando, e de casa - importante fazer esse recorte, porque é daqui que falo. 7 meses de trabalho remoto me fizeram rever conceitos e reprojetar o futuro que eu costumava achar que conhecia.

Há muito se discute o futuro do trabalho, profissões do futuro, habilidades do profissional do futuro. A demanda constante por inovação transforma diariamente o que fazemos e torna incessante e infinita a necessidade de aprendizado. A inteligência artificial chega cada vez mais perto, deixando uma desconfortável pergunta no ar: será ela capaz de nos tornar obsoletos? O humano é substituível afinal?

A má notícia é que para aquilo que é repetitivo e que depende mais de precisão do que de criatividade, esse destino parece inevitável. É questão de tempo, capacidade de investimento e acessibilidade à tecnologia, para que muitas funções acabem substituídas por máquinas inteligentes, sejam elas computadores, robôs ou apenas softwares, que de tão abstratos habitam em uma nuvem. A boa notícia é que quando falamos de inteligência artificial, a inteligência de que estamos falando é de um tipo específico, a racional, lógica, exata. Entretanto, esta que por muito tempo foi vista com a única inteligência, já não é de hoje que ganhou a companhia de muitas outras.

O conhecimento sobre nós mesmos evoluiu muito e atualmente falamos em inteligência e agilidade emocional, inteligência espiritual (não religiosa), intuição, o poder da vulnerabilidade, da diversidade e da conexão, e toda uma multiplicidade de fatores que nos tornam únicos. Processos colaborativos e cocriação são capacidades humanas baseadas em vínculos de confiança, que potencializam o encontro de novas soluções e melhoram os processos de tomada de decisão. Isso sem falar na criatividade, que precisa ser desglamourizada e deixar de ser vista como privilégio de poucos iluminados, para ser assumida simplesmente como uma característica intrínseca ao ser humano a que todos podem ter acesso e desenvolver.

Em tempos de busca por vacinas, o que então nos deixará imunes à obsolescência?

Fica aqui o meu convite para pensarmos sobre 4 habilidades que considero essenciais para sobreviver nesse futuro que já chegou:

  • Desapego: o que te trouxe até aqui, não é necessariamente o que te leva para frente. Não se apaixone por suas certezas e esteja pronto para desapegar de qualquer coisa, sejam ideias, decisões, comportamentos, ou jeitos de fazer.
  • (re)Invenção: já que a palavra inovação virou jargão, vou fugir dela e simplesmente propor um resgate da nossa habilidade infantil da invenção, trazendo para hoje a capacidade de se reinventar em tudo, todos os dias. Esteja atento às tendências, às tecnologias e se antecipe, crie soluções para necessidades ainda não descobertas.
  • Eterno aprendiz: lifelong learner é o termo técnico para aquele que sabe que conhecimento não tem fim e não ocupa espaço, e assim abraça a ideia de que é preciso continuar a aprender, sempre. Crie a sua jornada de aprendizado constante.
  • Ser humanista: exerça o melhor do humano, honrando o que nos torna únicos. Pratique autoconhecimento, autodesenvolvimento e autocuidado. Conheça suas emoções, e evolua com o aprendizado que elas te proporcionam. Tenha compaixão, exerça empatia. Conecte-se, com pessoas, com um propósito, seja fiel aos seus valores e crenças. 

E com tudo isso, se aproprie do poder da criação. Seja criatura e criador. Crie.

Faça valer o seu futuro hoje.


Karine Silveira

Liberto líderes dos tabus organizacionais 🔓 | Chief People Officer | Mentora | Autora da News Honestidade Radical | Host no People Tech | Conectando pessoas e tecnologia para mudar a vida das pessoas. 🚀

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Artigo muito legal, Michele. Penso que a IA vem para agregar e não para substituir, e como você falou existem outras inteligências. Também gostei das 4 habilidades que você cita no final e acho que são boas para serem exercitadas nesse presente que já é futuro.

Katia Demeneck

Coordenador | Gerente de Recursos Humanos| RH | DHO | Gestão de Pessoas | HR Business Partner (BP)

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Ótimo artigo, obrigada por compartilhar.

Michele Mary

Advogada trabalhista |Empreendedora | Equidade Salarial| Remuneração estratégica| Auditoria e BPO Folha | Assédio e Violências no ambiente de trabalho| Mentora | Consultora e Palestrante.

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Excelente 👏🏻👏🏻👏🏻

Jussamara Ferreira

Gestão de Pessoas B3 | HRBP Tech na Neoway - Uma empresa B3 | Psicóloga | Consultora | Mentora Executiva

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Muito bom Mi 👏

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