O Futuro do Trabalho no Brasil
O Relatório sobre o Futuro dos Empregos 2023 do Fórum Econômico Mundial traz insights valiosos sobre as transformações no mercado de trabalho global, com implicações significativas para o cenário brasileiro, mostrando desafios e oportunidades.
Colocando foco no Capítulo 4 do relatório, em particular, temos uma análise detalhada das habilidades e competências que serão cruciais nos próximos anos. De acordo com o relatório, espera-se que 23% dos empregos mudem até 2027 em escala global. No Brasil, essa tendência pode ser ainda mais acentuada, considerando a rápida digitalização e a necessidade de modernização em diversos setores da economia.
O relatório destaca que as habilidades mais valorizadas pelos empregadores a partir de 2023 são o pensamento analítico e o pensamento criativo, sendo uma tendência que deve se manter nos próximos cinco anos. Apesar deste relatório apresentar dados globais, essas capacidades esperadas também se aplicam no contexto brasileiro, onde a inovação e a adaptabilidade são cada vez mais necessárias para enfrentar desafios econômicos e sociais.
Um ponto de destaque é a crescente importância da capacitação tecnológica, especialmente em inteligência artificial (IA) e big data. No Brasil, onde o setor de tecnologia da informação e comunicação (TIC) enfrenta um déficit significativo de profissionais qualificados, essa tendência é particularmente relevante. Segundo a Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais, o país forma apenas 53 mil profissionais de TI por ano, enquanto a demanda anual é de 159 mil.
O relatório indica que 44% das habilidades de um trabalhador individual precisarão ser atualizadas até 2027. Em nosso país, onde a educação continuada ainda enfrenta desafios, isso representa uma oportunidade e uma necessidade urgente de investimento em programas de requalificação e aprimoramento profissional.
As empresas globais reconhecem que oferecer salários mais altos pode ajudar a atrair talentos, com 36% das organizações pesquisadas indicando essa estratégia. No território nacional onde a competição por talentos em áreas como tecnologia é intensa, essa abordagem pode se tornar cada vez mais comum, especialmente considerando que o salário médio no setor de TIC é 2,1 vezes maior que a média nacional.
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Podemos constatar no relatório mundial que há clara importância e crescente demanda pelo "emprego verde" e da sustentabilidade. Olhando para nossas oportunidades internas, onde a transição para uma economia mais sustentável está em curso, profissões como engenheiros de energia renovável e especialistas em sustentabilidade devem experimentar um crescimento significativo. Isso se alinha com as iniciativas brasileiras de expansão do setor de energias renováveis e com a crescente conscientização ambiental no país.
Apesar de nossa capacidade em ocupar lugar de destaque na geração de energias limpas, temos desafios intensos, em especial com a necessidade de alinhar o sistema educacional com as demandas futuras do mercado de trabalho. O relatório global indica que seis em cada dez trabalhadores precisarão de treinamento antes de 2027, mas apenas metade dos funcionários tem acesso a oportunidades de treinamento adequadas atualmente. Nossa disparidade significativa entre a formação acadêmica e as necessidades do mercado, mostra que esse desafio é ainda mais complexo.
O setor de educação, segundo o relatório, deve experimentar um crescimento de cerca de 10% nos empregos e com isso grandes oportunidades podem surgir, como uma demanda crescente por professores de educação vocacional e professores universitários, especialmente em áreas relacionadas à tecnologia e sustentabilidade.
Para enfrentar esses desafios e aproveitar tais oportunidades, o Brasil necessita de uma abordagem coordenada entre governo, setor privado e instituições educacionais, buscando o melhor modelo que equilibre financiamento governamental e objetivos de estado. o foco em treinamento de habilidades, que é mencionado por 45% das empresas pesquisadas globalmente, podem ser cruciais no contexto brasileiro.
Em conclusão, o futuro do trabalho no Brasil, à luz do relatório global, exigirá uma força de mão de obra altamente adaptável, mas até aqui nenhuma novidade, porém com forte ênfase em habilidades tecnológicas, pensamento crítico e criatividade. Nosso desafio de acelerar a formação de profissionais qualificados, especialmente em áreas de alta demanda como TI e sustentabilidade, enquanto promovemos uma cultura de aprendizado contínuo e requalificação, poderão não apenas nos preparar melhor para os desafios do futuro do trabalho, mas também nos posicionarmos de forma competitiva na economia global do conhecimento.