O futuro imaginado

                     

Autor: Telmo Travassos de Azambuja

Versão : Dez/18

                                                                                     Email: telmoazambuja@hotmail.com

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Prezados leitores, o artigo abaixo foi por mim escrito em 1990, época em que a internet apenas iniciava, no Brasil. Comprei meu primeiro notebook no início de 1990. Resolvi, na época, escrever este artigo como um exercício de “futurologia” motivado pela curiosidade dos efeitos que imaginava ocorreriam no mundo e, em particular, com a gestão das empresas (a primeira norma internacional de SGQ – Sistemas de Gestão da qualidade, surgiu em 1987).

Se analisarmos os fatos que ocorrem na atualidade (2018), a “futurologia” se confirma em 98 %.

Leiam o texto abaixo sem esquecer que foi escrito há 28 anos !

O movimento pela qualidade continua crescendo no mundo inteiro. Pioneiro na introdução de sistemas de gestão, atualmente convive de modo integrado ou compartilhado com outros sistemas de gestão,  tais como meio ambiente, segurança e saúde no trabalho, e responsabilidade social. A escala do movimento em prol da qualidade não reconhece fronteiras, atingindo praticamente todos os países, independentemente do grau de desenvolvimento ou concepção político-econômica de cada um.

Apesar disso, surgem perguntas do tipo: O movimento na busca da qualidade terá continuidade no futuro? Para responder a essa pergunta necessitamos examinar pelo menos três questões: a questão demográfica, o avanço tecnológico e a complexidade da vida moderna. Outras questões tais como poluição, variações climáticas, biotecnologia, movimentos étnicos e sociais, criminalidade e pobreza, embora não abordados aqui, podem ser considerados, em grande parte, como consequência das três questões básicas já citadas.

A questão demográfica: apesar dos esforços de muitos países para a redução da taxa de crescimento da população, há previsão de que o total de habitantes do planeta Terra chegará em torno de 20 bilhões, por volta do ano 2020 quando, então, poderá estabilizar-se por força de medidas efetivas de controle da natalidade e mudanças culturais em curso. Embora se deva festejar a possível era de crescimento populacional nulo, não há como negar as preocupações e problemas para lidar com uma população que poderá chegar ao dobro da atual. Combinado o aumento populacional global com o fenômeno da urbanização, pode-se estimar que dentro de 10 anos as grandes metrópoles poderão vir a ter cerca de três vezes a sua atual população.

Assim sendo, o mundo terá necessidade de mais e melhores alimentos, água não poluída, ar puro, empregos, transportes, lazer, energia, educação, etc. Por outro lado, os processos de produção, principalmente do setor Industrial, ainda têm um tal potencial poluidor e de agressão à natureza que se não forem gerenciados adequadamente poderão ocasionar tantos ou mais problemas quantos os que presumivelmente deveriam resolver.

Os avanços tecnológicos: é impressionante a evolução alcançada pela ciência e seu repasse às tecnologias, principalmente nos setores de microeletrônica, informática, transportes, comunicação e medicina. Viagens intercontinentais cada vez mais acessíveis a qualquer cidadão, ampliando a rede de negócios e lazer. Até viagens espaciais poderão ser uma possibilidade. Aliás, na contribuição para a economia global o turismo é considerado fonte de primeira grandeza assim como a demanda de serviços para atendimento aos enquadrados na categoria de idosos, cada vez mais longevos.

Comunicações instantâneas, via satélites, trazem a realidade internacional para dentro da casa do cidadão comum, possibilitando ao mesmo as inescapáveis comparações que acaba fazendo, especialmente com a realidade dos países mais desenvolvidos. Por sua vez, a disponibilidade de microcomputadores, acessórios e periféricos possibilita o uso da informática nos lares como um simples eletrodoméstico. A ciência avança de tal maneira, que encanta seu usuário pelas tecnologias e pelo acesso às informações disponíveis e potenciais, numa velocidade de aplicações práticas inimagináveis anos atrás.

Evidentemente, o mundo está se tornando cada vez “menor” e cada vez maior é a pressão em favor do livre trânsito de pessoas, produtos e serviços, num movimento que podemos chamar de “homogeneizador” da qualidade de vida mundial.

A complexidade das relações humanas: é inegável que os avanços tecnológicos trouxeram benefícios substanciais à humanidade. Não podemos mais viver, por exemplo, sem os sistemas informatizados que controlam os movimentos bancários, as reservas de hotéis e de passagens aéreas, ou que gerenciam bancos de dados em empresas privadas, universidades e organizações governamentais. O que dizer então da realidade e possibilidades da INTERNET? Também em função dos avanços tecnológicos, necessitamos de mais e melhores estradas, veículos mais potentes, seguros, velozes e econômicos; maiores e melhores sistemas de geração e distribuição de energia elétrica; melhor capacitação quanto a previsão de clima e volume de safras; avanços na medicina, especialmente a preventiva, e assim por diante.

Segundo entendo, o cenário que se desenha para os próximos anos indica que dificilmente ocorrerão retrocessos nas principais características do cenário político-econômico percebido, tais como:

ü Luta para a diminuição de barreiras ao comércio internacional;

ü Globalização da economia;

ü Reestruturação dos blocos de nações para o compartilhamento de interesses e do poderes político e econômico;

ü Crescimento da indústria de serviços;

ü Flexibilização nas relações de trabalho;

ü Alianças estratégicas transsetoriais e transnacionais;

ü Desregulamentação em geral;

ü Ações organizadas e efetivas para diminuição dos desequilíbrios sociais;

ü Ações governamentais em parceria com atividades privadas;

ü Liberalização e privatização em pleno desenvolvimento;

ü Ampliação da teia de redes global e digital;

ü Crescimento das exigências dos consumidores, não somente quanto a produtos e serviços com qualidade mas também por formas de produção ecologicamente corretas;

ü Necessidade de incluir na gestão das organizações, além dos aspectos da qualidade e meio ambiente outros tais como: segurança e saúde no trabalho, responsabilidade social, e segurança alimentar;

ü Formação de um novo tipo de cidadão, cujas características mais importantes deverão ser:

q Disposição e ação para um contínuo aprendizado visando a ampliação do conhecimento e da competência pessoal;

q Capacidade de rompimento com velhos paradigmas;

q Raciocínio sistêmico e visão holística;

q Desenvolvimento da intuição, da criatividade e da inovação;

q Disposição para trabalhar em grupo, compartilhando valores, políticas e objetivos.

q Respeito ao ser humano, demais seres vivos e preservação do planeta Terra;

q Habilidade para usar dados, informações e tomar decisões;

q Domínio da informática;

q Especialização profissional, com ampla integração sistêmica;

q Aumento dos contatos virtuais na comunicação;

q Empreendedorismo como opção ao emprego.

Se considerarmos factível o cenário projetado, somos levados a concluir que o movimento em prol da qualidade é parte indispensável das soluções para o atendimento das necessidades e expectativas do ser humano desta e de futuras gerações”.


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