O futuro próximo é previsível, mas o que preocupa é como vamos nos preparar para ele

Já sabemos que os avanços da tecnologia permitem uma série de benefícios para o paciente, desde o momento do estudo e desenvolvimento de uma nova droga, até as cirurgias com robôs, que mitigam riscos e sequelas. Nos estados unidos, por exemplo, entre início de 2021 até agora, 112 drogas foram aprovadas pelo FDA, a ANVISA Americana e 25% disso já são novas terapias genéticas de alto custo.

Mas o principal ponto de discussão para o nosso país não está na pergunta: “vale a pena ou não”, mas sim, se o Brasil está preparado para absorver cada vez mais essas inovações quando elas chegarem. O horizonte à frente parece turbulento.

Apenas para exemplificar, os gastos com as inovações em terapias genéticas nos Estados Unidos chegarão a US$ 25 bilhões (R$ 75 bilhões) no ano de pico. O orçamento do ministério da saúde para 2023 no Brasil está estimado em 146 bilhões. Ou seja, considerados epidemiologia similar e preços locais, algo em torno de 15 a 30% do nosso gasto total público em saúde, seria dedicado somente à essas inovações. Não me parece que há esse espaço no orçamento do governo brasileiro ou até mesmo dos convênios médicos.

Leva em média 2 anos para um medicamento aprovado nos Estados Unidos chegar ao Brasil. Cedo ou tarde, essas terapias chegarão, trazendo mais benefício clínico a um preço de tratamento mais elevado. Quanto do orçamento global brasileiro, será destinado para esse tipo de incorporação? As empresas que contratam os planos de saúde estão dispostas a terem suas mensalidades aumentadas para absorver esses custos?

Todos nós queremos mais saúde. É melhor para a sociedade e até para a economia, como já comprovado. Contudo, precisamos rapidamente trabalhar como equilibrar a entrada de inovações, nossas expectativas sobre tratamentos e o quanto de recursos queremos alocar em saúde.

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