O  IDEAL  DE  EU  OU  O  EU  IDEALIZADO ?

O IDEAL DE EU OU O EU IDEALIZADO ?

 Muitos risos. Já começo gargalhando por aqui. Vou contar. Calma. Quem trabalha em uma organização há muitos anos, é casado, namorado ou esta vinculado à alguma relação comercial ou interpessoal, geralmente pode ouvir em algum momento: “Nossa, você não é mais a mesma/o.” Para os casados, então, a ênfase aumenta: Você não é mais o mesmo homem (ou mulher) com quem namorei e me casei.” Quando isso acontecer, pode pensar: graças a Deus! Imagina sermos a mesma pessoa ao longo de 20 ou mais anos. Nossa, quem dá conta disso? Mais risos.

 Eu trabalhei em uma empresa por muitos anos, e foi o executivo principal da companhia quem acabou fechando minha contratação. Ao longo desse tempo, me destaquei, ganhei prêmios, e até me tornei personagem da Turma da Mônica, como Bob Marinho. Tive muita mídia, muitas fotos e muitas viagens internacionais. Claro, algumas derrapadas também! Mas acredita que, nos últimos anos em que eu ainda estava lá, ouvia toda semana: “Nossa! Como você mudou. Mas você mudou muito...”

Eu ouvia aquilo com certo contentamento. Percebi que consegui me desvencilhar daquele ideal do "eu" que tentavam me convencer a permanecer. Ficava mais fácil ser manipulado, com pouca criatividade. Enfim, quandi pedi meu desligamento da corporação as vendas despencaram (por uma série de razões, claro, não apenas minha saída. Daí eu vi e senti na pele quem realmente havia mudado também, garalhadas aos montes agora.... Enfim, uma outra história para contar em outro dia).

Apesar de toda mudança, sempre me foquei cuidar da imagem midiática da empresa e da minha, logicamente.  Para mim sempre e é fundamental ter um site, as redes sociais ativas e mais atrativas com a interação com os vários públicos. Ou seja, detalhes com quais sempre tenho me atentado. 

Mas, voltando ao ideia central: imagina ser o mesmo profissional ou a mesma pessoa ao longo de 15 ou mais anos !? Impossível, não e mesmo ? – Aprendi: nunca permita lhe sabotarem ou ainda pior, lhe manipularem. Às vezes, pode acontecer, mas, acho importante estar bem ciente do que acontecendo e avaliar se joga o jogo ou não.

E assim, entre risos e memórias, vejo que a mudança é um sinal de evolução e, sinceramente, agradeço por não ser o mesmo dos últimos, 10, 15 e até 20 anos. Comecei trabalhar aos 15 anos, quando se tinha apenas máquinas de escrever barulhentas. Atravessei todas as inovações até chegar aos computadores e a I.A.

Convenhamos, imagine se eu fosse da mesma maneira que há 20 anos, era mesmo para eu estar naquela empresa ou em alguma outra, ou ainda no planeta terra? Em 20 anos, o mundo mudou por completo, globalização, informatização, conexão em tempo global. Ufa.. tantas coisas que, de verdade, fico até cansado de descrever por aqui.

Bom, fato é que mudei mesmo! Me recoloquei em outra corporação, me deparei com um novo ambiente e, em menos de 12 meses, fiz outra troca de empresa. Tive a sensação de ter perdido o medo das mudanças, nem sei bem ao certo ainda, mais risos. Ou talvez tenha decidido trabalhar com quem gostaria e fazendo o que me daria mais prazer, ou ainda exercitar o desejo de um "eu" idealizado, baseado em outras referências, que não apenas as de infância e dos grandes outros, manipuladores em busca dos resultados que tanto queriam e ainda querem.

 Olha as coisas não são tão simples assim como parecem e como eu conto. Uma verdadeira roda gigante de emoções e acabei pagando um preço, que nem sequer imaginava. Afora retalhações de quem se dizia amiga/o, parceiro de negócios. Nesse momento você realmente conhece os déspotas que desejam que você viva o eu ideal que acreditavam seria o melhor para você, neste caso, só que não, não é ?  Experimente abandonar o eu que idealizaram para você e depois me escreva para contar como é essa viagem insólita. Agora com meu eu observador em ação procuro me atentar às pessoas. Enfim, novos ares....  

 Vou explicar por aqui a diferença entre “ Eu ideal e Eu Idealizado”. Começando, vou por aqui: Na nossa vida, em cada momento, buscamos ser quem desejamos, mas muitas vezes nos deparamos com a imagem que os outros têm de nós, ou que esperam de nós. Na psicanálise freudiana, isso se reflete em dois conceitos distintos, mas entrelaçados: o "Eu Ideal" e o "Ideal do Eu".

 O "Eu Ideal"

Nasce dentro da gente, uma construção moldada por figuras importantes, como os pais e outras influências marcantes. Freud explica que essa parte do nosso ser é alimentada pelo superego, aquele juiz severo que incorpora as normas e valores da sociedade. Esse "Eu Ideal" é uma versão idealizada de nós mesmos, aquilo que almejamos ser, seguindo o que nos foi ensinado como moralmente correto. É como um reflexo das expectativas de nossos cuidadores e da cultura ao nosso redor, uma imagem perfeita que tentamos alcançar. 

O "Ideal do Eu"

Por outro lado, o "Ideal do Eu" é mais prático, está ali no nosso dia a dia, nos objetivos que estabelecemos para nós mesmos. É uma construção do ego, aquela parte que lida com a realidade, buscando metas alcançáveis e práticas. Enquanto o "Eu Ideal" mira em aspirações morais, o "Ideal do Eu" foca em realizações cotidianas, moldadas pelas nossas habilidades e experiências.

 Esses dois conceitos, apesar de distintos, se entrelaçam na nossa jornada pessoal. O "Eu Ideal" representa a perfeição moral que desejamos atingir, influenciada pelas normas sociais. Já o "Ideal do Eu" está mais próximo dos nossos esforços diários, dos nossos sonhos e das nossas conquistas reais. Ambos ajudam a formar quem somos e guiam nosso comportamento.

 Na prática, isso se manifesta de formas variadas. O "Eu Ideal" é aquele que gostaríamos de ser segundo nossos pais e a sociedade – é a projeção do que o mundo espera de nós. É uma imagem que tentamos completar para satisfazer essas expectativas externas, uma projeção que muitas vezes diverge do que realmente somos.

Já o "Ideal do Eu" é uma segunda camada, uma espécie de substituição simbólica, que construímos para sermos aceitos e para materializar nossos próprios desejos. Para viver esse "Ideal do Eu", montamos estruturas que acreditamos serem fundamentais para a aceitação social e familiar. No entanto, ao perseguir essa forma ideal, acabamos reprimindo aspectos genuínos de nós mesmos. A verdade é que nunca alcançamos plenamente esse ideal projetado; sempre haverá uma sensação de insuficiência.

 Por isso, é importante refletir e, talvez, desapegar dessa identidade falsa. Se esse caminho gera esforço, tensão, estresse, ansiedade, agressividade ou medo, é certo que ele não condiz com a nossa verdadeira essência. No fim, a busca pelo equilíbrio entre o "Eu Ideal" e o "Ideal do Eu" é uma dança delicada, uma trajetória pessoal onde tentamos harmonizar o que desejamos ser com o que realmente somos.

 Já imagino você se perguntando: "Como posso me libertar das amarras do Eu Ideal para construir um Eu Idealizado?" A resposta passa por um caminho terapêutico de autoconhecimento, onde buscar ajuda para se enxergar e entender o que está acontecendo com você é essencial. Preste muita atenção às suas ações e reflita sobre a quem elas estão servindo: são seus desejos ou os de um grande outro?

 É verdade que nos desvencilharmos completamente desse Eu Ideal é uma tarefa árdua. No entanto, estar atento ao que está acontecendo dentro de si e aos apelos aos quais estamos respondendo pode tornar essa jornada mais fácil. Desejo a você uma boa caminhada na busca e construção do seu Eu Idealizado. Lembre-se, o importante é encontrar um equilíbrio que te permita viver em harmonia consigo mesmo. Boa sorte!

Foto/imagem, fonte: Site Metanoia #psicanálise #comportamento #motivaçãoparaviver #retençãodetalentos

Roberto Marinho

Publicitário e Psicanalista

Contato: Robertomarinho28@gmail.com


 


Roberto Marinho

DIRETOR COMERCIAL E MARKETING PARA AMÉRICA LATINA na Artigus Group | PSICANALISTA CLÍNICO

5 m

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