O inverno está aqui, mas a Gestão do Conhecimento não pode esperar

O inverno está aqui, mas a Gestão do Conhecimento não pode esperar

Paula acordou atrasada naquela quarta-feira gelada de julho. A cama parecia envolve-la em um abraço quentinho e levantar as 6:00 am para ir ao trabalho foi desafiador, mesmo assim ela tomou coragem para entrar no banho e tomar um café recém passado. Por sorte julho é período de férias escolares e o trânsito colaborou para ela chegar no horário no seu escritório.

O dia corria muito atarefado com Paula organizando processo de seleção de trainees que iria começar em duas semanas. Passava um pouco das 10:00 am quando o seu diretor a chamou para uma reunião (mais uma). Logo após o início da reunião ela ficou sabendo que além das atribuições que ela já possuía, o diretor contava com ela para conduzir a implantação da gestão do conhecimento na empresa.

No primeiro momento Paula teve um mix de sentimentos que variavam entre felicidade por ser considerada para uma nova tarefa e completo pavor por não ter a menor ideia de como fazer isso. Ela nem sabia o que gestão do conhecimento significava. Sem saber muito como responder, Paula apenas sorriu e voltou para o seu trabalho. O desafio estava dado e na hora do almoço Paula tirou um tempo para investigar o que é a tal da gestão do conhecimento. Ela teve contato com o tema na graduação, mas não tinha a menor ideia de como colocar isso em prática e nem por onde começar. A solução foi consultar o Google.

Passaram-se quase três semanas desde que havia recebido o desafio e quanto mais Paula procurava, maior era a sua preocupação. Blogs, livros, artigos, reportagens e afins traziam muitas informações e formas de trabalhar, mas tudo era solto. A variedade de práticas era imensa e Paula estava completamente perdida porque sentia que faltava algo para amarrar os conceitos de Tácito, explícito, SECI, ferramentas, ISO, Ba e tantos outros. 

O seu dilema profissional era se ela deveria continuar com a tarefa árdua implantar a GC. Se desse certo tinha o potencial alavancar a sua carreira na organização, mas se desse errado o seu emprego estaria em risco, ou se ela deveria falar para o seu diretor que ela não teria condições de executar a tarefa. Ambas as situações eram ruins e ela desejou nunca ter aceitado o desafio.

Naquele final de semana Paula encontrou com um amigo que não via há anos, Pedro. Para sua surpresa, Pedro recém tinha passado por um processo similar de implantação de GC e comentou com ela que ele havia usado o modelo de referência da SBGC. Sem perder tempo, Paula começou a estudar o modelo. Para a sua surpresa o modelo era muito mais simples do que todo o material que ela havia encontrado até o momento. O modelo da SBGC serviria como um guia que ajuda conectar as práticas de gestão do conhecimento com o negócio da sua empresa. Além disso, o modelo trazia ferramentas que ajudariam a entender o contexto organizacional, cultura e o ambiente de tecnologia. Ao aplicar o modelo, o primeiro passo de Paula foi restringir o escopo da GC para um projeto piloto na sua área.

Cinco meses mais tarde a área já tinha o seu programa de GC funcionando. O caminho ainda era longo para implantar a GC em toda a empresa, mas o modelo da SBGC havia provido os fundamentos e direcionado os trabalhos. Graças a isso Paula havia conquistado uma posição de destaque junto ao seu diretor porque produtividade das pessoas no seu departamento aumentou o os resultados foram percebidos facilmente. Durante o processo de implantação da GC ela havia levantado questões relevantes sobre o posicionamento estratégico e até mesmo da estrutura organizacional. 

Agora Paula integrava as atividades de GC no processo de seleção de trainees. Desde o primeiro dia os novos colaboradores já eram conscientizados da importância da GC para que eles executassem as suas tarefas de forma mais produtiva no dia a dia da empresa. Ao lembrar a jornada que havia começado em julho, ela agradeceu por ter lutado contra a vontade de ficar na cama naquele dia que tinha sido o mais gelado do ano e agora ela iria expandir a GC para toda a organização.


Texto original publicado no Blog da SBGC como parte das atividades de aprendizagem do Programa SBGC Online: Gestão Conhecimento - Conceitos e Práticas.


Ótimo! Mais do que "nunca" a GC se faz necessária, bastando ver as demandas da Ind 4.0. O pessoal só quer saber de falar se IA, aprendizagem (as vezes, acho, sem saber bem o que significa fazer na prática) mas negligenciando o "básico": a qualidade da informação primária colhida/medida e depois a gestão do conhecimento e do ciclo de vida das informações.

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