O Kick-off do projeto mais importante da minha vida: A Maternidade

Que frio nesta barriga! Aqui estou nos meus últimos dias de gestação, mais precisamente na 39º semana; final do nono mês. Nunca tinha imaginado o que é viver isso sob a perspectiva de uma profissional no mundo corporativo. O que posso dizer em uma frase? Quanto aprendizado! 

Passei a refletir sobre várias coisas, sobre as mulheres com as quais convivi ao longo da minha trajetória profissional que embarcaram nessa mesma aventura e que eu mal sabia por tudo o que estavam realmente passando. Vem aquele turbilhão à cabeça. No início, naquela fase em que ninguém ainda sabe da novidade, é um desafio manter o ritmo mesmo com o cansaço excessivo, lidar com os enjoos (que para mim tive a sorte de serem poucos!), algumas confusões mentais e com as inseguranças que começam a aparecer. Tudo isso mantendo a naturalidade de que está tudo 100% normal. 

Depois dos três meses (ufa! meu bebê sobreviveu ao índice dos 20% das gestações que terminam em abordo espontâneo nas primeiras semanas), hora de dividir a notícia com os líderes, colegas e equipe. Vem junto aquele medo dos julgamentos - afinal, infelizmente, ainda vivemos em uma sociedade machista. 

Com o passar dos meses, é a vez da pressão - que, no meu caso, eu mesma me coloquei - de que precisamos deixar tudo o mais perfeito possível para quando a licença chegar isso não se tornar sinônimo de problema e de sobrecarga para ninguém do time, nem para os meus pares e nem para o meu líder. Além de todos esses sentimentos conflituosos (turbinados pelos hormônios que circulam em nosso corpo), outras perguntas martelam na mente:

"Serei uma boa mãe? Vou dar conta? Como fazer tudo que eu já fazia e ainda ter um bebê para cuidar? Como garantir que a minha vida daqui pra frente não seja resumida a “ser mãe?" E tudo aquilo que planejei para minha carreira, será que vou conseguir realizar a partir de agora?"

Lidar com tudo isso não é fácil e é por isso que não canso de repetir sobre a sorte que tenho de estar em uma empresa como a Adyen , que enaltece a cultura do acolhimento e defende o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional.

Foi muito importante, ao longo desses últimos meses, ter a liberdade de horários para fazer os meus exames (sem ninguém me questionar ou olhar feio por isso) e comparecer às consultas sem me sentir culpada ou cobrada.

Grande parte de tudo isso é pela empresa que estou, mas quando não temos um gestor que genuinamente pratica os valores da empresa, tudo é em vão. Por isso, não posso deixar de citar o líder incrível que tenho, Davi Strazza , que é empático, cuidadoso e sempre me deu toda a segurança necessária nesse período.

Gostaria que todas as mulheres pudessem ter esse privilégio, pois sei que essa não é a realidade em grande parte das empresas. Hoje, me sinto muito mais consciente do quanto precisamos nos dar as mãos. Espero que mesmo quem ainda não passou por isso (seja como futura mãe, seja como parceiro/a próximo de uma mulher gestante) possa refletir sobre a importância do apoio mental, da segurança psicológica e da empatia com as mulheres nesse momento. Sobretudo espero mais consciência também para a adaptação das mulheres no período pós licença, já que um estudo feito pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), com 247 mil mães, mostrou que 50% das mulheres são demitidas após, aproximadamente, dois anos da licença maternidade. Um número absurdo que demonstra o quanto o mercado não está preparado para lidar com mães e quanto necessitamos de segurança psicológica desde o momento que recebemos a notícia da gravidez.

Agora também tenho uma nova missão: quero ser exemplo para outras mulheres (principalmente as que, assim como eu, postergaram ao máximo a gestação com medo de atrapalhar a carreira) de que SIM, é possível conciliar ambos os papéis! De que está tudo bem engravidar e que ninguém deve se sentir culpada por isso. Quero oferecer o meu máximo apoio às mulheres que querem viver a maternidade e também ser ombro para as que precisarem no período da gestação, pois eu precisei de muitos ombros e apoio nesse momento.

Já, já embarco de vez nesta aventura linda de ser mãe e sairei de licença maternidade para me dedicar 100% a uma nova serzinha que chega ao mundo. E mais uma vez agradeço de estar em uma empresa onde poderei usufruir de 6 meses com a minha filha <3! 

Estaria mentindo se dissesse que o "frio na barriga" não bate com o medo de ficar de fora (FOMO) da empresa, das conversas e decisões importantes. Mas estou confiante que a minha ausência na empresa vai aumentar ainda mais o senso de responsabilidade do time, vai gerar novas interações positivas entre áreas chave (já que meu colega super competente Fabricio Moreno - Adyen , head de vendas, assumirá minha posição interinamente) e vou aprender muito para voltar ainda melhor. Afinal, independentemente do pessoal ou profissional, somos formados pelo resultado das experiências e a maternidade nos coloca em outro patamar de aprendizados de vida, como o senso de responsabilidade, e muitas outras coisas que ainda nem imagino mas estou ansiosa para aprender 🤱.

Sei que a aventura só está começando e muita gente vai pensar: "Ih, por enquanto tá fácil, você vai ver quando o bebê nascer!" e tenho certeza que o desafio das mães no ambiente corporativo é gigante. Mas vamos passo-a-passo! Por enquanto divido o capítulo 1 desse projeto de maior importância na minha vida ❤︎