O lado marketeiro das finanças verdes

O lado marketeiro das finanças verdes

| Por Wagner Fonseca - upnews24.com

Respeitar valores éticos e de sustentabilidade pode atrair muito mais que investidores para um negócio financeiro

Quando a febre generalizada em torno das práticas ESG começou a se espalhar pelo planeta, o primeiro impulso dos interessados diretos no assunto certamente foi ganhar mais ou, pelo menos, não perder dinheiro ao negligenciar nesta esfera.

Equipes inteiras se mobilizaram para entender melhor o conceito e saber de que forma ele contribuiria não apenas para melhorar o mundo, como também - por que não? – tornar um negócio mais confiável e rentável, ao diminuir passivos inerentes aos malfeitos em geral, quando desvendados.

Desconhecia-se, contudo, a reação do mercado – que constituiu a alma de todo negócio - frente a um banco ou fintech com ações nitidamente atreladas aos valores intrínsecos de uma sigla tão pequena, mas que muito é capaz de dizer sobre o DNA de uma corporação.

Esse voo no escuro foi iluminado por uma pesquisa transformando em números o presumível impacto disso tudo na decisão do cliente sobre onde abrir uma conta corrente ou pedir empréstimos, por exemplo.

Com o sugestivo nome "A grama é mais verde do lado sustentável? O futuro dos serviços financeiros", levantamento realizado pela empresa de tecnologia bancária Mambu entrevistou mais de 6 mil pessoas em 12 países, incluindo 504 brasileiros, na tentativa de quantificar os ganhos também de imagem trazidos pelo ESG.

Dentre as revelações obtidas, a de que oito a cada 10 consumidores brasileiros querem manter suas vidas financeiras nas mãos de instituições sustentáveis, deixando assim o país em terceiro lugar neste quesito, perdendo no fotoshare para México (83%) e Vietnã (82%).

Ficamos ainda bem acima da média geral dentre as nações pesquisadas (67%), ao alcançar 78% das respostas simpáticas a instituições financeiras ESG.

Mas o que talvez mais sensibilize os players do setor seja a disposição relatada por 63% dos entrevistados locais de mudar para um fornecedor mais comprometido com a sustentabilidade, sendo para 48% deles viável até mesmo pagar um pouco a mais por isso. Nos outros países, os respectivos porcentuais foram 49 e 32.

Na prática, porém, as coisas têm sido diferentes, pois apenas 23% dos brasileiros e 26% dos consumidores globais afirmam já ter usado conscientemente algum produto ou serviço financeiro sustentável, tendo a satisfação por essa escolha sido manifestada por 84% dos seus protagonistas no mundo e nada menos que 91% por aqui.

Recado mais claro impossível. Se já seria bom investir em tecnologia e recursos humanos para fazer da adesão ao jeito ESG de ser e agir uma vitrine atraente para investidores daqui e de fora, começa a ficar evidente que o consumidor também valoriza a transparência e a lisura, sob todos os pontos de vista, na hora de escolher a quem confiar seus cada vez mais suados recursos financeiros.

Fonte: Infocredi360

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