TI Verde: um bom negócio do bem

TI Verde: um bom negócio do bem

#TI #sustentabilidadeambiental #reciclagem #descarte

por Wagner Fonseca, jornalista e ghostwriter

Urgências ambientais do planeta também repercutem na Tecnologia da Informação, com o apoio providencial de números atraentes, que realçam a viabilidade também econômica deste importante viés

O assunto não é novo, pois já no século passado ocupava mentes e conversas, sobretudo nos grandes eventos sobre bons hábitos na hora de consumir gadgets e jogá-los no lixo, juntamente com uma infinidade de cabos e conexões, que sequer nos sucessores dessas maquininhas maravilhosas serviriam mais,

Hoje, porém, já transcende aos argumentos éticos e sustentáveis a comprovação científica de que, além dos ganhos para a humanidade em médio e longo prazos, traz vantagens praticamente imediatas aos seus praticantes, pensar no planeta ao lançar novidades e recebê-las quando sua aposentadoria compulsória e precoce chegar.

A história toda começou a tomar corpo quando se percebeu, face ao crescimento geométrico na utilização de aparelhos digitais mundo afora, o potencial nocivo disso no inevitável momento do descarte, pois, mesmo inoperantes, eles podem emanar metais tóxicos com grande poder de contaminar lençóis freáticos.

Foi como se a humanidade toda estivesse solenemente convocada a ter "em casa" uma imensa caixa de papelão para ir depositando baterias, pilhas e uma infinidade de aparelhos maravilhosos num passado recente, mas guindados rapidamente à obsolescência pelo avanço vertiginoso com que as coisas evoluem no campo da tecnologia.

Não é à toa que a Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas inclui entre seus 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) o item 'Consumo e Produção Responsáveis'.

Outra nítida mudança no encaminhamento do tema volta à tona em recente estudo da consultoria Gartner, segundo o qual, 70% das lideranças responsáveis por seleção, contratação e gerenciamento de fornecedores de tecnologia terão como prioridade frentes sustentáveis de trabalho nos próximos três anos.

O levantamento frisa ainda que 42% dos líderes estão alavancando as atividades de sustentabilidade para impulsionar a inovação, a diferenciação e o crescimento por meio destas iniciativas.

Por fim, a revelação considerada a mais bombástica por muitos: 83% dos CEOs ouvidos reconhecem a geração de retorno financeiro já no curto prazo, tornando a TI Verde um bom negócio, além de sua inegável vinculação com o bem comum.

Na esteira de constatações assim, a importância conferida pela ONU a este aspecto continua dando origem a uma série de ações que deixa bem claro estarmos diante de algo que, realmente, veio para ficar.

Além do descarte de hardwares, se encontra em jogo a criação de softwares ecológicos, capazes de reduzir as emissões de carbono, na medida em que levem os equipamentos a consumir menos energia elétrica ao rodá-los.

Tal proeza se deve à aplicação de novos padrões de design, dados, infraestrutura e desenvolvimento dos programas, um conjunto de características com o condão de aumentar a eficiência energética das plataformas.

Essa vertente já integra a filosofia de grandes corporações da área, assim como de ONGs como a Green Software Foundation (GSF), que em conjunto com a Linux Foundation, tem a missão de criar um ecossistema confiável de pessoas, padrões, ferramentas e práticas recomendadas para a criação de software verde.

Até programa para se calcular as emissões de CO2 por minuto causadas por um sistema informatizado já existe, o Software Carbon Intensity (SCI), assim como cursos online da própria GSF para desenvolvedores interessados em ter nos seus produtos, quem diria, um fator extra para a descarbonização do planeta.

Esse conjunto de ações faz parte de outro termo que, certamente, todos ainda ouviremos muito: a "Sobriedade Digital", uma nova visão da TI, centrada no desenvolvimento de produtos e serviços digitais mais eficientes.

Mãos à obra, então, para dar um sentido extra, cada qual na ponta do mercado à qual pertença - consumidor ou produtor -, para o segmento que responde por boa parte do avanço tecnológico tão bem-vindo em nossas vidas, mas sem jamais deletar as palavras sustentabilidade e preservação de nossas telas e teclados incríveis.


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