O LADO OCULTO DO PENSAMENTO DE SEUS EMPREGADOS
Observando vários profissionais em conversas informais (num happy hour) quando a censura da mente não está tão severa e as palavras fluem como verdades, que obviamente não seria possível registrar todos os dados aqui discutidos ou falados de uma maneira formal, pois já deixamos a muito tempo de ser criança e a nossa censura fala mais alto em favor do bom senso o que não quer dizer que não pensamos, pois a mente humana é terreno que ninguém pisa.
Quando estamos negociando nossa entrada na empresa tudo nos é pintado como um “mar de rosas” perspectivas de crescimento, planos de carreira, forte direcionamento para o treinamento e desenvolvimento, total apoio às responsabilidades que teremos recursos necessários a elaboração das nossas atividades, excelente ambiente de trabalho e o princípio da meritocracia.
O salário e a remuneração nem sempre estão no “mar de rosas”
Pois, o argumento é sempre aquele de que a empresa está presa a faixas de salários e não podemos criar problemas com seus pares.
Na verdade o que existe é a premissa do empresário de querer ganhar sempre, mesmo que seja um mínimo de R$ 100,00 negociados. Hipoteticamente falando, tudo isso é transparente. Pois vem Sempre acompanhado daquela frase de “com o desenvolver do seu trabalho teremos a oportunidade de reconhecer o seu mérito e acertar esta pequena diferença. Você perde um pouco agora, mas certamente ganhará no futuro”.
Assim, entramos para a “nossa nova empresa” com o sentimento de “nossa” maior do que nunca, nos sentindo verdadeiros donos da empresa, mostrando nossos conhecimentos, nossas habilidades profissionais, nossa dedicação, nosso empenho e tudo aquilo que se fizer necessário para agregar valor e crescimento às responsabilidades que nos foram confiadas na empresa em que estamos ingressando.
Partimos para a dedicação total, não temos dia, nem hora para trabalhar, o que for preciso fazer, mesmo sacrificando nossa família e filhos, nossos amigos, nossa saúde, porque para nós o importante é “a nossa empresa”.
Com criatividade buscamos aperfeiçoar rotinas já existentes e aperfeiçoar aquelas já ultrapassadas e organizamos, estruturamos, diminuindo custos, diminuindo muitas vezes o quadro de pessoal, a fim de adequá-lo ao mínimo necessário, mergulhando em novos projetos, como paraquedista no início do seu salto pensamos na “nossa empresa” 24 horas por dia mesmo quando não estamos no ambiente de trabalho. Nos caminhos de Idas e vindas de casa, dirigindo, muitas vezes nos surpreendemos pensando naquele projeto ou naquela situação que está em andamento.
Quando estamos com a família e Filhos ou mesmo numa conversa com amigos, sem falar nas várias noites de sono mal dormidas onde acordamos várias vezes por que nos lembramos de alguma coisa importante a anotar, ou mesmo preocupados com alguma situação a resolver.
Os finais de semana o convívio com a família diminui sensivelmente em muitos casos até o relacionamento familiar desmorona (haja visto o alto nível de problemas conjugais e separação entre os executivos) a ginástica, andar de bicicleta, o tênis, simplesmente desapareceram, pois só pensamos “na nossa empresa”, tudo isso sem contar com aqueles desagradáveis telefonemas a qualquer hora da madrugada para resolver algum problema surgido no fim de semana ou durante a madrugada. A saúde neste ponto nem pensar. Alimentação, colesterol, triglicerídeos, glicose, pressão arterial, são as coisas menos importantes e os dados sobre elas são ignorados, pois o único dado com que nos preocupamos são os dos nossos relatórios de performances, metas e realizações profissionais. Férias? Isto existe, porém acreditamos que esta palavra já deva ter saído do dicionário do nosso saudoso Aurélio Buarque de Holanda.
Com passar do tempo constatamos que o falado crescimento, só houve no trabalho. O plano de carreira só acontece para alguns poucos privilegiados e mais chegados à diretoria. Talvez para mostrar que o plano existe.
O pior é quando você se sente na obrigação de representar um papel o qual não é o seu. Ou seja, que o obriga a ser uma pessoa que você não é.
Treinamento e desenvolvimento só se forem autodidata ou por recursos e dedicação própria. Muitas empresas oferecem MBA´s, porém quando o funcionário termina o curso nada ou quase nada é aproveitado do curso.
Quando aparece uma oportunidade de crescimento dentro da empresa, sempre buscam contratar profissionais de fora da empresa ao invés de investir em quem já está dentro.
É impressionante de como as empresas se esquecem dos currículos de seus funcionários logo depois da contratação.
As condições de trabalho sempre precisam ser analisadas, porém o momento nunca é propício. Aí perguntamos será que o “mar de rosas” está preocupado se os funcionários estão treinados preparados e devidamente acompanhados para o exercício de suas funções? Será que estão motivados felizes e acima de tudo sorrindo?
Será que se sentem seguros? Confiantes em si e na sua empresa? Será que estão trabalhando despreocupados com a certeza de que poderão honrar os seus principais e mínimos compromissos de alimentação saúde educação, lazer para si e para seus familiares? Será que trabalham em um ambiente saudável e se sentem respeitados? São ouvidos?Tem as suas sugestões ou até mesmo as suas críticas consideradas? Será que recebem a justa recompensa pelo seu trabalho? Será que foi aplicada o que disseram antes? “você perde um pouco agora, mas certamente ganhará lá no futuro”? Existem oportunidades reais e Iguais para o seu crescimento e desenvolvimento sem que haja favoritismo ou prediletismo?
A meritocracia é uma realidade ou um privilégio de alguns poucos eleitos. Será que além das críticas as suas eventuais falhas também existem os sinceros elogios e recompensas aos seus conceitos e principalmente a valorização de seus resultados? Será que trabalham numa carga horária adequada onde eles possam se dedicar com a mesma intensidade ao trabalho a família ao estudo e ao lazer? Será que são vistos como despesas numa eventual crise ou são chamados a ajudar na diminuição das despesas ou aumento da receita? Será que são visto como membros efetivos de uma empresa ou como uma peça descartável da engrenagem podendo ser substituída por uma mais nova a qualquer momento?
Muitas das vezes as respostas para todas as indagações que o seu funcionário faz está no mais íntimo do seu interior.
Só que ele não tem coragem nem abertura para conversar isso com você. Muitas das vezes por medo da sua reação ou mesmo da consequência desta. Mas como seria bom se vocês pudessem conversar e ele voltasse acreditar em você como no momento em que ele ingressou “na nossa empresa” e então abrir seus sentimentos? Pois o que observamos é que os funcionários acabam com o passar do tempo trocando de empresa. Quando isso acontece todos nós saímos perdendo. Pois é uma batalha onde não há ganhadores, mesmo que você substitua este funcionário, pois ele será substituído por outro, que daqui algum tempo fará a ele as mesmas indagações. Não seria mais produtivo se ainda hoje tivéssemos no pensamento e nas atitudes deste nosso funcionário os mesmos princípios e sonhos de quando ele entrou na empresa? E mesmo que tenha passado alguns anos, ele ainda acreditaria que continuamos na “nossa empresa” com um sentimento de “nossa” cada vez maior, se sentindo verdadeiro dono da empresa, buscando em nossos conhecimentos, nossas habilidades profissionais, nossa dedicação nosso empenho, tudo aquilo que se fizer necessário para agregar valor e conhecimento às responsabilidades que lhes foram confiadas.