O maior espetáculo do mundo
Tenho uma simpatia imensa e recordações muito profundas do maior espetáculo do mundo, como é conhecido o Circo. Ainda hoje aprecio uma boa companhia como aquelas que eu via na infância e juventude, na catedral desse belo espetáculo, o Coliseu do Porto, onde artistas conceituados mundialmente se exibiam e maravilhavam o público, maioritáriamente constituído por crianças. Lembro o olhar deles entre o espanto e o encantamento com os palhaços, os seus preferidos pelas suas graças e a música que executavam, da maneira mais engraçada e apelativa, acompanhada com as palminhas da praxe. Circo, do latim circus (circunferência), é uma companhia coletiva que reúne artistas de diferentes
especialidades, como malabarismo, palhaços, acrobacia, monociclo, contorcionismo, equilibrismo, ilusionismo, entre outros. Um circo é organizado numa arena, picadeiro circular, com assentos em volta, enquanto circos itinerantes costumam apresentar-se sob uma grande tenda ou lona. Quase todas as civilizações antigas já praticavam algum tipo de arte circense há pelo menos mil anos, todavia, o circo como se conhece hoje, só começou a tomar forma durante o Império Romano. O primeiro a tornar-se famoso foi o Circus Maximus, que teria sido
inaugurado no século VI a.C., com capacidade para 150 mil pessoas. A atração principal eram as corridas de quadrigas mas, com o tempo, foram acrescentadas as lutas de gladiadores, apresentações de animais selvagens e de pessoas com habilidades incomuns, como engolidores de fogo. Destruído por um grande incêndio, esse anfiteatro foi substituído, em 40 a.C., pelo Coliseu, cujas ruínas até hoje continuam a ser uma das principais atrações de Roma, que tem um papel muito importante na história do circo. Com o fim do império dos Césares e o início da era medieval, artistas populares passaram a improvisar suas apresentações em praças públicas, feiras e adros de igrejas. Nasciam assim as famílias de saltimbancos, que viajavam de cidade em cidade para apresentar seus números cómicos, de pirofagia, malabarismo, dança e teatro.
Tudo isso, porém, não passa de uma pré-história das artes circenses, porque foi só na Inglaterra, no século XVIII que surgiu o circo moderno, com seu picadeiro circular e a reunião das atrações que compõem o espetáculo ainda hoje. O ex-militar inglês, Philip Astley, inaugurou em 1768, em Londres, o Royal Amphitheatre of Arts (Anfiteatro Real das Artes), para exibições equestres. Para quebrar a seriedade das apresentações, alternou números com palhaços e todo tipo de acrobacia e malabarismo. O sucesso foi tanto que, cinquenta anos depois, o circo inglês era imitado não só no resto do continente europeu, como atravessou o Atlântico e espalhou-se pelo Mundo.O novo circo é um movimento recente, que adiciona às técnicas de circo tradicionais, a influência de outras linguagens artísticas como a dança e o teatro,
levando em conta que a música sempre fez parte da tradição circense, como o famoso Cirque du Soleil, com tantos seguidores desta nova linguagem.Hoje em dia, há uma grande controvérsia sobre a apresentação de animais em circos, pela forma menos digna com que serão tratados, maus tratos sofridos que incluem dentes serrados, jaulas minúsculas, ambiente stressante, etc. e, quando envelhecem e já não podem trabalhar, serem abandonados. Raros são os casos em que os responsáveis do circo possuem infraestruturas adequadas, com presença de biólogos e veterinários para garantir o bem estar dos animais. Alguns artistas, produtores culturais e estudiosos lutam para que seja aprovada uma legislação para acabar de vez com os animais no circo, que subscrevo na totalidade. Viva o Circo e seus Artistas.