O marketing espiritual do propósito humano
Ah, é preciso ter um propósito de vida, dizem os doutos da internet, e a indústria de cursos te vende um propósito. Assim, consumidos e sem pensar, vamos seguindo ouvindo o plantonista da nossa consciência.
Então, vou dar meu pitaco aqui. Virar, eu, um plantonista também. Me aguente.
Que é importante ter uma meta, disso ninguém duvida. Metas diárias, semanais... enfim, é necessário ter um objetivo. Mas propósito de vida, ah, daí acho uma coisa exagerada.
Aliás, a depender da formação de quem nos fala e, principalmente, da sua religião, teremos variadas ideias sobre o tema. Há quem diga que estamos aqui só de passagem, que a verdadeira alegaria virá no reino dos céus; outros, que estamos aqui para obedecer ao criador.
Os gregos, da parte dos filósofos (nem todos, é claro) diziam que estamos aqui com o objetivo de sermos sábios, adquirir sabedoria, tipo o Salomão (da bíblia) que pediu isso e saiu, ainda, com um bônus: a riqueza.
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Mas somos meros mortais. O que nos espera como propósito de vida?
Faz tempo que penso que não temos isso, pois que somos acidente da natureza (se Deus confia em mim - e aqui coloco a inicial do seu nome em maiúscula – vai que... – que me perdoe) e, como tal, o que nos aguarda é o desfiladeiro da morte. Por isso o propósito, o senso de pertencimento a algo superior a nós mesmos, acaba caindo por terra.
Mas aqui não é terra de ninguém. Precisamos do Direito e, sobretudo, da Filosofia e, claro, da consciência de que não estamos sozinhos por aqui e, por consequência, devemos valorizar e proteger o próximo, defendendo a vida, pois estamos e somos interdependentes.
Por fim, tenha meta mas não se preocupe com propósito.